Relato Maldito

Capítulo único

17/7/1997
 Olá caderno Idiota, eu sou Michael Nolan, e eu não estou me fodendo nem um pouco por você. Não tenho nada a dizer, simplesmente fui obrigado a escrever em você. Como você foi um presente da minha Velha, seria realmente um desperdício não dizer nem pelo menos um "olá" olá.
  Então agora eu digo, um longo e eterno ADEUSSS!

24/07/1997
  Olá Idiota, fiquei entediado, então resolvi tornar o longo adeus em um curto mesmo. Hoje a minha Velha foi á uma festa na prefeitura, na qual eu não fui convidado. Triste, porém é o esperado. Alguém nessa merda de cidade tem que falar á verdade para esse bando de mulas, que claramente não tem orientação própria. Todos aqui seguem um prefeito no qual nunca dá as caras em eventos públicos, curioso não é mesmo?
  Talvez eles me odeiam por eu dizer algumas verdades dolorosas, sempre que saio da casa eles não hesitam em me olhar com negação nos olhos. Mas infelizmente eu não nasci um bom mentiroso, então não espere boas mentiras vindas de mim.
  Ser estrangeiro aqui, não é nada fácil. Essa cidade é tão estupida que se tivesse um canibal aqui eu não me surpreenderia hahahaha... Imaginar isto me causa arrepios. Mas sejamos sinceros por aqui, até o nome da cidade soa estranho, Lacre da Luz!!!!, da até um arrepio na espinha.
  Na verdade, essa merda de cidade parece mais um vilarejo, ou talvez uma pequena vila? É afastada e pequena o suficiente para o presidente do país não se importar com ela.
  Nem sei mais o por quê, de ter vindo de tão longe pra cá. Esquece... Cansei de escrever, adeus.

31/07/1997
  Olá Idiota, hoje eu estou me sentindo uma merda, acordei com uma dor de cabeça horrível.
  Naquele dia depois da festa, a Velha voltou muito estranha, ela retornou totalmente perturbada, ou digo, paranoica com algo? Ela está sempre mexendo nos armários, procurando por algo, e sem contar que ela não sai mais nem da porta para fora. Ultimamente sou eu quem está fazendo todas as tarefas da casa. Me pergunto o que aconteceu lá... Mesmo que eu perguntasse, ela se recusaria a responder, afinal as pessoas aqui são muito cautelosas, principalmente com o quê é falado ou feito, nas festas ou nos evento privados da cidade.
  Sem contar que as atitudes dela estão muito monótonas, vazias, sem emoções... Ela está se parecendo com um zumbi, nem trocamos mais diálogos longos.
  Tudo que conversamos hoje foi " - Velhaaaa, tá viva?- Grito fazendo os vidros das janelas estremecerem.
  - Aparentemente estou.- Diz seca.
  - Nossa, que velha mais seca.- Digo desapontado. - Vai tomar água, vai.- "
  Antes ela não parava de falar como estava velha e doente, usando e abusando de mim, um lindo jovem de 17 anos. Agora ela está lá, toda caladona... Dá até medo.
...... Escutei um barulho lá em baixo, adeus, seu Idiota.

07/08/1997
  Como vai Idiota? Pois é, aqui estou, escrevendo novamente em você. Mas como não tenho amigos por aqui, você é o escolhido, então eu queria relatar os acontecimentos dessa minha maluca semana.
  Minha Velha de repente enlouqueceu, ela não está mais comendo e nem falando comigo, eu realmente estou começando a ficar preocupado. Vim até esse fim de mundo para cuidar dela, e não vou embora até ela se curar, mas se curar do quê? Ela nunca me disse...
  Mas antes da festa, ela não estava tão ruim assim, piorou tanto que visualmente a doença dela está em outro nível. Perguntei para as "amigas" dela se tinha acontecido alguma coisa na festa, porém elas disseram que não era da minha conta, então comecei uma discussão de fatos sobre como era da minha conta, elas se irritaram e fugiram rapidamente.
  Acabei de decidir que não irei ficar me lamentando! Já que ninguém me diz nada, eu irei agir da minha própria forma. Sem pressa eu irei vasculhar a casa, para ver se encontro algo que possa me ajudar a lidar com essa situação. Até daqui a pouco.

  Voltei Idiota, vasculhei tudo que pude, até minha velha levantar da cama e começar a andar pelos cantos da casa. Encontrei somente coisas velhas, porém são bem intrigantes. Encontrei vários jornais bem antigos, e alguns documentos pra lá de acabados. Assim que eu der uma boa olhada nos papeis e tiver novas informações, eu irei escrever. A partir de agora irei escrever em você todos os dias. Adeus.