Único

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Disclaimer: Por mais que pareça, esta one-shot não trata de problemas mentais. É apenas a minha imaginação a funcionar num mundo distópico.

Os distúrbios mentais são problemas sérios, e não é meu objetivo diminui-los ou ao seu impacto na vida das pessoas.

Obrigada

Carol

REVISTA
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Uma carta é conhecida por toda a Terra. Passa de mão em mão, sendo seguido por um trilho de morte e destruição. Quem a lê, vê diminuída significativamente a probabilidade de viver mais um dia, uma semana, um mês.

Mas a curiosidade é maior, puxa-nos para o perigo. E por isso a carta continua o seu caminho e a curiosidade acompanha-a fazendo as suas vitimas.

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Ok, por favor alguém me ajude.

Sei que ninguém vai prestar atenção. Estou habituada.

Deixo esta comunicação  para que pelo menos alguém saiba o que aconteceu.

Eu não me suicidei.

Eu não tive um ataque.

Eu não me mandei do penhasco porque achava que a minha vida era uma seca, ou porque sentia que ninguém me compreendia.

Eu fui assassinada.

Assassinada por coisas que ninguém vê, que só eu compreendo.

Foram elas.

As vozes na minha cabeça.

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Seguia pela vereda atrás do prédio Vicshi. O meu pai, que ia à minha frente, não parecia importar-se com o pó que andava no ar. Como sempre, era a única que prestava atenção a este tipo de coisas, estas pequenas coisas que faziam da minha vida uma treta pegada. E tudo por causa da VOZ.
Devia estar feliz. Quem não estaria feliz no dia de aniversário? Eh,  talvez eu. Porque não era um aniversário qualquer. Era um aniversário especial.

Entendam, eu esperava não ser a única a sentir-me assim. Afinal,o ser humano tem senso de perigo, não?

Óbvio que não! TARAMMM!

As pessoas desapareciam, do nada e ninguém achava esquisito, nem vagamente assustador.

No meu país, o dia dos 16 anos era um dos dias mais importantes da vida dos habitantes. Nesse dia, podíamos ser escolhidos para a VOZ. A VOZ apareceu depois da Guerra do Fumo e é a entidade que vela pelo nosso país, escolhendo pessoas aleatórias na multidão para os seus acólitos. A inicio parecia ser aleatório, pois os Escolhidos não tinham nada em comum, nem Religião, nem Cor de pele, nem cidade de origem. Até que alguém reparou que todos eram Escolhidos em dia de aniversário. E que nunca voltavam.

É verdade. Nunca mais um Escolhido foi visto no território, depois da VOZ os ter apanhado. Apenas desapareciam como se nunca tivessem existido, sem deixar rasto.

Para o cidadão comum, era uma honra ser apanhado pela VOZ. A sério. Eles gostam e veneram uma criatura que vai retirando os seus filhos, irmãos, pais e amigos, como quem apanha brinquedos perdidos do chão. Apanha uns. Deixa outros. Numa aleatoriedade que me irritava solenemente e que me fazia querer gritar ao ouvido de alguém.

As vozes da minha cabeçaOnde histórias criam vida. Descubra agora