Bright estava ansioso. Andava de um lado para o outro pelo chão quase brilhante do apartamento onde morava, com as mãos ora na cintura, ora nos cabelos castanhos. Win chegaria em alguns minutos, para ficar dois meses com o melhor amigo. O rapaz estava de férias da faculdade, e Bright não perdeu tempo em pedir para que eles passassem um tempo juntos. O apartamento era enorme, e Bright se sentia solitário. Além do mais, ele e Win eram amigos há décadas, que se afastaram com a mudança de Bright para outra cidade, quando precisou ser transferido do local de trabalho.
Não sabia exatamente o motivo de estar nervoso em encontrar Win. Talvez porque sempre fora apaixonado por ele. Win sempre foi encantador. Fofo, sorridente, divertido — o oposto de um Bright quieto.
Antes que pudesse se acalmar e agir como uma pessoa madura, ouviu batidas na porta e o coração falhou uma batida. Sabia que não era apaixonado por Win como antigamente. A distância fez esquecer-se daquele sentimento, mas, de alguma forma... Win mexia consigo, embora agora, provavelmente ele estivesse namorando, afinal, ele era um universitário à procura de experiências.
Suando frio, Bright abriu um botão da camiseta e passou novamente as mãos pelos cabelos lisos, levando os fios para trás. Arrastou os pés descalços até a porta e respirou fundo antes de abri-la. Naquele momento, decidiu que não importasse o que sentisse por Win, não perderia a amizade dele. Se abrisse a boca e declarasse todo o seu amor, não tinha dúvidas de que Win sairia correndo. Conhecia o mais novo o bastante para saber que ele não era o maior corajoso do mundo. O garoto era sentimental e frágil, e não se apegava a ninguém. Evitava ao máximo ter um coração partido.
Quando Bright abriu a porta e viu um Win sorridente, com uma mala enorme e uma mochila nos pés, sentiu como se o ar sumisse dos pulmões. Win tinha uma beleza peculiar que deixava Bright bobo. Ele era fofo, mas sabia ter uma expressão sensual de vez em quando.
— Oi. — O sorriso ainda estava lá, e Bright tomou coragem para abraçar Win sem parecer muito desesperado por um contato depois de tanto tempo afastados um do outro. O abraço foi apertado e Bright inspirou o perfume doce que Win usava. Não era fã de perfume doce, mas aquela era uma exceção. — Uau, alguém sentiu saudades.
— Senti mesmo. — Foi o que Bright respondeu, ainda agarrado a ele. Ficou aliviado quando Win retribuiu o abraço na mesma intensidade. — Ficar anos sem você foi uma tortura.
Win desviou o olhar e soltou uma risadinha. Bright se afastou e o observou, ouvindo o que Win tinha a dizer.
— Também senti a sua falta.
Win pegou a mochila e Bright pegou a mala de rodinhas. Entraram no apartamento, então, com Win puxando assunto. Bright ainda estava nervoso, o coração fraco, as pernas bambas. Não conseguia agir como uma pessoa normal ainda, então deixou que Win conduzisse a conversa.
— Então quer dizer que você mudou de cidade e ficou rico?
Win se jogou no sofá e Bright se sentou no braço do estofado, engolindo em seco. Pensou por alguns segundos na sua situação patética. Gostava de Win há muito tempo, e agora, ele com vinte e dois e Bright com trinta, as coisas continuavam iguais. Nem parecia que tinham se afastado. Estava mesmo disposto a disfarçar a enorme paixão platônica que sentia por aquele rapaz.
— Eu trabalho demais, só isso. E como anda a faculdade?
— Tirando as crises fodidas de ansiedade que ela me causa, está tudo ótimo. Achei que desistiria do curso no primeiro período, mas, só falta um ano pra formatura. É difícil de acreditar.
— Você é um garoto inteligente, claro que não desistiria.
— Não sou mais um garoto, sabe disso, não sabe?
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O simples ato de sentir
FanfictionAfastado durante alguns anos de Win, Bright resolve convidar o seu melhor amigo de infância para passar as férias consigo em seu apartamento. A aproximação dos dois, porém, faz com que a paixão que Bright sempre nutriu por Win reapareça. Enquanto is...