- Leila, já ordenhou as vacas? - pergunta sua Tia irritada com os bebês chorando.
Aceno com a cabeça que sim e continuo a estender os lençóis no varal, tentando terminar o mais rápido possível, querendo sair do vento que está especialmente gelado para aquela hora da manhã .
- Ai, que vento frio! Vou entrar com as crianças logo antes que peguem uma friagem - ela fala enquanto deixa sua cesta ao meu lado - pode deixar que hoje farei o almoço, então quando acabar aqui pegue os ovos e colha todas as frutas.
Dizendo isso ela se apressa e entra na casa com seus filhos, pelos céus como sempre sua tia a deixa com as tarefas mais difíceis para ela fazer sozinha… Tudo bem pegar os ovos, mas colher os vinte pés de maçã com esse tempo iria ser difícil, ainda mais com o vestido molhado….. Ela esperava que não pegasse uma friagem!
Com raiva Leila se apressa ainda mais para terminar suas tarefas da manhã, o galinheiro trouxe um estranho aconchego só por estar fora do vento ela já sentia mais suas mãos que estavam vermelhas de frio, ela suspira, não estava feliz ali, desde que sua mãe morrera e ela fora enviada para morar com sua Tia, não houve um dia de descanso em sua vida ainda mais depois da chegada dos gêmeos que foi logo após a do pequeno Terrance, todos filhos de sua tia. As vezes ela só queria voltar para onde cresceu e ver se encontrava a alegria que tinha quando estava lá.
As poucos coisas que ela lembrava de sua antiga morada é que era um lugar grande e florido e lá tinha uma amigo, um menino um pouco maior que ela de olhos claros….infelizmente ela só se lembrava disso, sairá de lá com sete anos e sinceramente gostaria de voltar. Leila pega coragem e sai do galinheiro para deixar os ovos na cozinha e partir para colher as frutas.
Ao voltar para a casa quatro horas depois toda rígida de frio mas com cinco cestos orgulhosos de maçã junto a ela.
Sua tia a olha e franze o rosto.
- O que você estava fazendo? Demorou todo este tempo para terminar a tarefa! - ela grita- Ande logo meu marido já chegou e está na mesa vá servi-lo! Eu já tive que fazer seu trabalho de alimentar as crianças - fala irritada.
Leila segura a raiva, ela estava fazendo o trabalho dela e ela ainda reclama! Respirando fundo ela prega os pratos e vai servir a mesa onde o velho troglodita já está sentado com uma cara azeda e sua tia logo vem e se senta junto.
Mantendo a cara neutra Leila serve a mesa e encosta contra a parede esperando eles se alimentarem para depois poder fazer sua merecida refeição.
Sua Tia começa a tossir é levanta a mão pedindo uma água.
- O QUE É ISSO! O QUE VOCÊ FEZ COM A MINHA COMIDA!- o velho grita pegando Leila pelos cabelos.
- Calma querido, só está um pouco salgada.
- Salgada? - ele diz irritado ainda segurando Leila pelos cabelos - você sabe quanto custa essa maldito sal pra você ficar estragando a comida com ele? - ele fala para Leila e começa bater nela até que a joga no chão.- Eu não sei onde estava com a cabeça para aceitar uma órfã defeituosa na minha casa, eu não devia ter dado ouvidos a você mulher!
- Querido, acalme-se foi só uma sopa - ela olha para baixo submissa - Ela é de grande ajuda com as crianças, por favor não bata nela - ela pede.
- Não bater nela? - ele diz irritado - A única coisa que eu quero quando volto para casa é uma refeição decente e tranquila e você me diz para eu me acalmar! Essa menina defeituosa, devia ter ficado onde a mãe dela a deixou, naquele castelo cheio de problemas e não trazer problemas para mim! - ele se vira para Leila irritado - Prepare-se sua vida vai pioraram muito de agora em diante - Com isso ele sai empurrando sua esposa do meio do caminho.
Sua tia fica olhando até ter certeza que ele deixou a casa antes de se virar e falar para mim.
- Vou lidar com ele, está liberada de suas tarefas hoje, vá para o seu quarto - ela diz ríspida sem assumir sua culpa.
Leila tenta respirar devagar para não sentir suas costelas machucadas, não era a primeira vez que era vítima da fúria do velho, foram tantas que já sabia como se comportar para não piorar seus machucados. Com calma ela vai lentamente até seu pequeno quarto e deita na dura cama de palha já velha sentindo todos os pontos onde estava machucada.
Ela não suportava mais estar naquela casa, tinha que ir embora, cada vez que ela pensava em tudo que vivia ali, mais ela queria ir embora, ela era forte, podia trabalhar em qualquer lugar era só a aceitarem, mas agora onde ela iria? Não poderia tentar arrumar trabalho na Vila se não sua tia a encontraria e a traria de volta pelos cabelos, só restava a opção de ir para outra cidade. Apesar de atordoada Leila conseguia se lembrar do velho dizendo que ela devia ter ficava naquele castelo problemático, o único castelo que poderia ser descrito como problemático que ela ouvira falar seria o castelo de Arcandia, morada do rei, onde ficava a cidade central…..seria difícil chegar lá...Leila só sabia que ficava ao sul da Vila.
Ela tenta se virar na cama e sente uma pontada forte de dor que lhe dá medo do dia de trabalho que virá, sua experiência lhe dizia que o dia seguinte era sempre pior…...Ela suspira e resolve fechar os olhos um pouco.
Um tempo depois ela se assusta com o gritinhos das crianças correndo pela casa e sua tia brigando com eles logo em seguida, Leila mal percebeu que dormiu, estava exausta, ela não podia mais continuar com isso!
Sentando-se na cama o mais calmamente possível ela olha para suas coisas os poucos bens terrenos que ela tem nesta vida, três vestidos de trabalho, uma roupa de dormir, um bom par de sapatos, um livro infantil e a caixinha de sua mãe, ela sorri, são poucos seus bens mas tem muito apreço por eles, entretanto sabe que se quiser sair daqui precisará de mais coisas e seria bom ter algum dinheiro também contudo, ela não era nenhuma ladra não pegaria nada de sua tia! mas... provavelmente ela não sentiria falta do cobertor que Leila já usava e de um travesseiro….
Então um ímpeto de coragem se levanta tirando o lençol da cama e enrolando suas poucas coisas e o travesseiro nele. Após ter certeza que sua tia se retirou para dormir junto com as crianças, foi a cozinha e pegou algumas maçãs das que tinha colhido mais cedo, elas aguentariam alguns dias antes de apodrecerem, e aproveitou para pegar um pouco de queijo e comer um prato da sopa salgada de sua tia.
Ela sabia que o que estava fazendo era repreensível mas ela merecia tudo após aguentar a culpa pelo que sua tia fez. Leila reunindo todas as suas forças saí da casa partindo em direção a vila tremendo a cada passo com dor, mas decidida a chegar na cidade central, ela jamais voltaria a aquela fazenda.
Chegando a vila deserta pela madrugada, Leila olha os avisos expostos a procura do melhor modo de sair dali o mais rápido possível, haviam vários avisos de procurados mas nada que entendesse, o pouco que ela sabia ler não se estendia ao que estava escrito naqueles avisos ela conseguia ler palavras como floresta e rio mas não era o bastante para entender seu conteúdo…..Já perdendo as esperanças ela olha um cartaz um pouco escondido entre os demais que continha os pontos cardeais e sorri, ela já ouviu falar várias vezes que a cidade central fica ao sul, ela arranca o cartaz é olha para o céu. Quando amanhecer ela saberá onde para qual lado é o leste, com um sorriso ela encosta numa árvore e olha esperançosa para o céu.
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O Outro
RomantikArcandia, um reino que passa por problemas gerados por um rei egoísta que não consegue escolher seu sucessor entre seus dois filhos, um filho de sua primeira esposa a estimada princesa de um reino distante e poderoso, o outro filho de sua alma gême...