Era apenas uma tarde como todas as otras, ao menos... era isso que eu pensava naquele momento. Me sentindo vazio e movido pelo tédio, eu caminhava sem rumo por aquele shopping. Nem mesmo eu sabia por que eu estava lá, apenas queria esquecer o passado, esfriar a cabeça um pouco e de algum jeito acabei parando lá. Andando por aqueles corredores longos e barulhentos, cheio de casaizinhos, era como um inferno pra mim.
Derepente meus olhos se deparão com algo totalmente inesperado, um belo homem estava sentado em um banco ligado a parede. Ele encarava o chão em silêncio, mas mesmo assim eu podia perceber de longe sua beleza. Sem pensar duas vezes eu me aproximei devagar, quanto mais perto eu chegava, mais aquele lugar ficava abafado e quente. Meu coração pulava como se eu estivesse correndo uma maratona.
-h-hey, tudo bem por ai?
Eu podia perceber que ele havia me ouvido, pude perceber um pequeno espasmo como se ele estivesse se assutado com minha voz. Ainda assim ele não parava de encarar o chão. Em silêncio eu o encarava, enquanto ele também nada dizia. Quanto mais prestava a atenção nele, eu percebi, mesmo sentado ali, quieto e isolado. Seu corpo tremia levemente, suas mãos não paravam de se esfregar enquanto sua testa suava um pouco. Tinha algo de errado ali e eu precisava entender o que era.
- Tem algo errado? Eu poss- Não, eu quero te ajudar! - Sem pensar duas vezes eu afirmei minha presença ali. E em resposta ele lentamente erguia seu pescoço. Pela primeira vez nossos oleos se encontraram. Azulados como o céu refletido no oceano, inocentes e gentis como uma criança prestes a levar suspensão, tudo a minha volta desaparecia. Sim nada mais importava. Era como se estivessemos voando no vácuo em um mundo que existisse apenas nós dois e eu não sentia falta de mas nada.
- Q-qual seu nome? - Era a primeira vez que ele me perguntava algo e eu ouvia sua voz. Ela estava trêmula, mas ainda assim eu conseguia sentir o quão atenciosa e carinhosa era.
- Bruno - eu respondi sem me queixar.
- Ah, é mesmo? Nossa, o meu também. - Mas o que seria aquilo? Talvez... talvez destino? Como poderia ser possível que nós nos encontrassemos ali, seria o acaso ou talvez. Uma força maior. Enquanto eu me perdia em meus longos e profundos pensamentos e era atingido por aquele calor alegre e atencioso do amor, ele me fazia voltar a realidade com sua voz.
- Foi tudo tão rápido, em um piscar de olhos, ele... ele tava comigo e depois não estava mais, eu o procurei tanto e não encontrei em lugar algum e... e... Eu só não sei o que fazer! - Eu estava tão concentrado em mim que havia esquecido de seu sofrimento. Enquanto ele falava, eu podia perceber o tom melâncolico e ansioso na sua voz, enquanto ele algumas vezes gaguejava, esfregava seu rosto ferozmente e sua perna direita tremia incessantemente.
- Calma, está tudo bem! EU posso te ajudar a procurar, mas primero respira e me diga devagar, quem sumiu?
- Tá... o nome dele é Éron, ele é só um macaquinho mas é muito importante pra mim, eu fui dar uma volta com ele porque o tempo tava bom. Mas acabei me distraindo com uma senhora em apuros e quando eu olhei pra traz ele tinha sumido.
Tudo que eu pude pensar naquele momento, era em quão atencioso ele era, eu não podia o deixar ali. Não era apenas por um capricho próprio. Eu precisava ajudar aquela pessoa incrível.
Eu apenas acenei com a cabeça e disse, pode deixar, eu vou te ajudar com isso. Então me virei para começar a procurar, logo que eu estava indo, senti algo segurar meu braço e me impedir de avançar. Quando eu olhei para traz, vi seus olhos, prestes a lacrimejar, mas com um sorriso em seu rosto, ele disse.
- Obrigado~
Eu apenas sorri, e segui adiante. Era um macaquinho, seria impossível confundir ele, mesmo que o shopping fosse grande, com duas pessoas, não deveria ser tão difícil. A pior das hipóteses seria o macaco ter saido do lugar. Ele disse que os dois caminhavam, então talvez essa fosse mesmo uma chance. Para o encontrar naquele estado de desespero, ele devia ter dado uma volta no shopping inteiro e nem sequer encontrado o macaco, então seria imbecíl perder meu tempo aqui, se nós dois procurarmos em locais diferentes a chance seria maior. Então eu fui andar em volta do lado de fora do shopping. Enquanto perguntava a todas as pessoas que encontrava no caminho, se elas haviam visto um macaco fujão. Por algum motivo algumas me olhavam com desprezo e me chamavam de racista, mas eu não tinha tempo para isto. Eu precisava achar o éron.
Enquanto andava por fora, em volta da parte natural do shopping, eu acabei vendo algo suspeito. Homens de terno e rayban no estacionamento do shopping, que pareciam olhar demais para as redondezas. Então me aproximei devagar. Eu sempre fui anti-social e ruim em me destacar, então era normal que eu fosse invisível para os olhos comuns, por isso mesmo que olhassem na minha direção não conseguiam me encontrar. Após me esconder atrás de um carro que estava próximo a eles, eu ouvi.
- Você conseguiu aquilo?
- Consegui sim, essa foi moleza.
- É bom mesmo, da ultima vez o senhor Felipe estava extremamente incomodado e disse que mais um passo em falso e estaria acabado pra nós.
- É... eu sei, não me faça lembrar aquilo, só vamos embora logo. Não tem porque esperar mais aqui.
Os dois estavam prestes a entrar em um carro escuro com os vidros foscos. Quando eu me levantei e gritei.
-HEY, o que está acontecendo aqui, por acaso vocês estão fugindo com algo roubado? - Eu não tinha certeza se eles estavam com o éron, mas aquilo não era hora pra dar pra tráz, mesmo se aquele poderia ser o fim da minha vida, mas eu não me importava, se fosse por ele eu faria tudo.
Os homens travaram antes de entrar no carro e olharam e minha direção. Mesmo com o rayban eu podia perceber a preocupação em seu rosto.
- Droga, eu acho que ele sabe... e por estar aqui deve ter visto nosso rosto, a placa do carro ou até pior, escutado a conversa
- Se acalma Bruno (é um terceiro bruno), eu sei como resolver.
Após dizer isso o homem veio em minha direção, eu não sabia o que fazer então pensei em correr, mas trombei com outro homem. Mal pude ver seu rosto e fui atingido fortemente em minha face, após isso acabei perdendo a consciência. Depois daquilo apenas pude assumir que eu fui levado para algum lugar secreto...
Porém, para a surpresa de todos os leitores, do lado de dentro de dentro do shopping, Bruno Berti havia obcervado tudo. O que será que acontece agora? Para onde Bruno foi levado, será que ele e éron serão salvos? Continua...
