Prólogo

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Matheus estava sentado no chão do banheiro, chorando tudo aquilo que havia guardado naquela semana. Sua mão estava em sua boca, tapando-a para que ninguém pudesse ouvir seus soluços e e gemidos de dor.

Seu coração partia ao lembrar dos eventos passados. Amélia, amada mãe de Matheus, havia sido diagnosticada com câncer no estômago, mas já era tarde demais para tentar reverter o caso.

O médico deu no máximo três meses de vida para a mulher, já que estava em um estágio avançado. Matheus acreditou que, se cuidando bem, poderia aumentar esse tempo e ela apresentaria melhoras, mas passaram-se dois meses e ela só piora a cada dia.

O jovem homem só sabia chorar e chorar. Era comum essa cena se repetir várias vezes por semana, pois era só entrar no quarto de sua mãe e olhar para seu rosto magro, triste e quase sem vida que seus olhos marejavam. Mas ele tinha de ser forte, pelo menos para ela. Porém era impossível sair do quarto sem um aperto no peito e a garganta dolorida de tanto segurar o choro pesado.

Já eram três e quarenta e sete da madrugada e, por mais uma vez, o sono parecia estar longe de o atingir, mas o descanso era necessário para poder cuidar da mulher que o amou desde o dia em que o conheceu, ele estava ciente disso.

Ele então se levantou, olhando-se no espelho logo em seguida e vendo seu rosto molhado e seus olhos vermelhos. Molhou seu rosto e logo após o secou. Saiu do minúsculo banheiro e em poucos passos estava em seu quarto escuro e bagunçado.

Matheus então jogou-se na cama e observou o teto de seu quarto, imaginando o que seria dele quando sua mãe enfim partisse. Cerca de trinta minutos se passaram e o rapaz continuava na mesma posição, pensando e pensando. Seu rosto tinha uma trilha molhada de lágrimas que saiam de seus olhos e paravam perto das orelhas.

Uma ideia passou por sua cabeça. Ideia essa que terminaria de forma triste e lamentável. Não havia como evitar o falecimento de sua mãe, que por sinal poderia ocorrer a qualquer momento, era fato. Mas também não poderia evitar a morte do restante de alegria que havia em seu ser.

 - É isso. É assim que termina. - o homem declarou com a voz baixa e embargada.

Matheus estava certo e decidido de que era a melhor decisão a se tomar. Iria executar seu plano logo após a morte de sua amada mãe. Ele não estava nem um pouco interessado em uma vida sem a mulher que o acolheu e o amou como se fosse seu filho biológico, sem alguém que o fizesse se sentir como um ser humano, sem sua mãe.

Afinal, para que continuar vivendo se sua vida não importa para mais ninguém, nem ao menos para si próprio?

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