OLHARES

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Amadinho diário,

Levou alguns dias até que o visse novamente, a terceira vez só confirmou o que já sabia, ele trabalhava na rua da minha casa. Mais uma vez ele me cercou com seus olhares, que confundiam minha cabeça, mas ao mesmo tempo não consegui corresponder aqueles olhares curiosos, apenas ignorei.

Provavelmente ele já devia estar me achando louco que não sabia interagir com as outras pessoas. Ou mal educado que ignorava as pessoas da sua própria rua.

Se estivesse pensando algo assim não tiraria sua razão, afinal era um pouco dos dois. Na verdade eu não tinha o costume de falar com desconhecidos, só falaria com ele se ele falasse primeiro comigo. Por algum motivo não conseguia tomar tal atitude, um bloqueio entre nós dois existia.

Porém cada vez que casualmente o via chegando no trabalho enquanto eu estava saindo pra faculdade, mas intrigado com a situação ficava. Aqueles olhares me deixavam balançado, era como se ele parasse de prestar atenção em qualquer coisa que estivesse olhando, para me ver passar. E seus olhares se comunicavam comigo, me perguntavam porque o ignorava todas todas essas vezes. Mesmo sem dizer nenhuma palavra verbal.

Mesmo todas as vezes que tivesse visto ele estivesse de óculos escuro, é engraçado, mas eu sabia. Era como se pudesse ver seus olhos por cima dos óculos.

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