Licker

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Bakugou levou Uraraka até um pequeno vestiário dois níveis abaixo de onde estavam. O lugar parecia servir como uma sala de repouso para os funcionários do laboratório, com algum estoque de lanches, um microondas, ala para banho e algumas beliches, mas estava completamente sem energia. Preocupado com o estado físico e mental da heroína, tentou evitar que o local ficasse na penumbra, por conta das fracas luzes de emergência. Encontrou algumas lamparinas elétricas, tentado aliviar a atmosfera que deixava o espaço mais sufocante que nunca. O silêncio era a pior parte, assustavam ao menor sinal de algum desmoronamento à distância ou barulhos dos inúteis dutos de ar desligados que estalavam de tempos em tempos, os deixando apreensivos.

A saúde dela não estava nada boa. A forte desidratação havia desregulado todo seu corpo, sem contar a situação deplorável de três dias sem acesso à comida ou a um banheiro que fosse. GroundZero assumiu uma postura extremamente fria, deixando de lado seu jeito humorístico e evitando falar da gravidade da situação para Uravity, prometendo explicar tudo a ela quando melhorasse. Ele também fez de tudo para ajudá-la, fossem nas sessões de vômitos, comida improvisada ou troca de curativos. E, mesmo achando uma péssima ideia, ela insistiu que precisava de um banho, ainda que frio, e não demorou muito pra ele comprovar que estava certo.

— Bakugou me... ajuda...

— Porra! — Quando a ouve chamar, ele corre para o boxe, encontrando-a caída no chão.

— N-não olha pra mim... — Ela tenta esconder o corpo sob os braços, tremendo dos pés à cabeça. — Acho que minha pressão caiu.

— Tsc! Relaxa, não tô olhando você — Ele desliga o chuveiro e pega umas toalhas descartáveis numa bancada próxima, entregando pra ela. — Consegue se levantar?

— Minhas pernas estão fracas.

— Aqui, segura meu braço. — Ele habilmente se agacha e estende o braço, voltando o rosto pro lado oposto, permitindo que ela o use de apoio para se içar do chão. — Eu vou levar você. Se enrola na toalha. — Ela o fez, e ele a carregou à passos apressados com os olhos cravados no teto.

— Nem 24 horas e você já me viu de roupa íntima e nua — ela resmunga encabulada, escondendo o rosto no ombro dele.

— Você fala como se fosse divertido te ver assim.

— Ei... Qual é? Onde está o Baku-humor? — Notando a pele fria da garota, ele a coloca sentada na cama e joga uma toalha na cabeça dela.

— Anda, se enxuga logo pra colocarmos uma roupa em você — ele implica irritado. — Falei que era uma merda o banho frio. Não fique em pé sozinha, me chama pra vestir o macacão.

Após acomodar-se, Uravity dormiu e acordou por várias vezes, entre crises de febre e exaustão, até finalmente apresentar alguma melhora. Cair doente nessa situação era o que eles menos precisavam, e ela queria se forçar um pouco a sair desse estado de repouso, afinal, eles precisavam escapar daquele lugar.

— Já amanheceu. É melhor manter o fuso aqui em baixo. Você já dormiu por umas 10 horas. — O herói a chama, quando nota que ela despertou. — Vem comer, temos café.

— Só 10 horas? Pareceu mais...

— Como só 10? Você desmaiou!

— Ahhh, eu dormiria muito mais se pudesse! — Ela caçoa, sentando-se na cama e arrumando os cabelos com do dedos. — Você dormiu?

— Estava fazendo rondas. Não tem nada nesse lado do laboratório. Está tudo deserto ou trancado, nenhum sinal de vida.

Ochako não deixou de notar que ele parecia um tanto... cansado. E se sentiu culpada por deixá-lo com o todo trabalho pesado de vigiar e cuidar dela. Respirou fundo, reunindo forças, e sentiu-se mais estável ao reparar nas sensações de seu corpo após o descanso que teve. Firmou os pés no chão para se levantar, balançando sobre os quadris em seguida e esticando os braços, ela vai até Bakugou e senta-se ao lado dele, roubando-lhe algumas bolachas.

Uravity in Bioharzard: Ground ZeroWhere stories live. Discover now