Enfim, cores.

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Em seu quarto, Luka me direcionou a sua cama.

– Fique aqui, eu já volto. – ele diz, retirando seu casaco e largando em um canto qualquer.

– Hmm, o que você vai trazer pra mim?... – o álcool esquentava todo meu corpo com a expectativa do que ele iria trazer. Provavelmente, meu sorriso não tem nada de inocente agora.

– Algo que faça sua vergonha na cara voltar e te fazer parar de sorrir assim. – ele riu e me deixou sozinha, rindo de mim mesma.

Cinco longos minutos depois – que passei deitada observando seu quarto, enrolando os cabelos nos dedos e admirando meus dedos dos pés recém pintados, com as pernas sob a cabeça – Luka volta com um copo e outra coisa a qual não pude ver, pois ele a escondia atrás de seu tronco.

– Beba.

– É água, né? – peguei o copo de sua mão e olhei o líquido dentro. Transparente, sem gás e sem cheiro. Só podia ser água mesmo. Não consegui disfarçar minha decepção.

– Sim. E você vai beber tudo, agora.

Dei de ombros e virei o copo. Comecei a beber lentamente, não queria que o efeito da bebida passasse. Luka entendeu o que eu estava tentando fazer e pôs um dedo embaixo do copo, virando levemente contra minha boca.

– Hum! – não iria me engasgar com a pouca força que ele fazia para virar o copo, mas fiz um pouco de drama para forçá-lo a parar.

– Sem reclamar, espertinha, bebe tudo. – seus olhos se apertaram como quem diz “você não vai me enganar tão facilmente”. Não tive escolha a não ser beber tudo e rápido.

– Okay, vou buscar mais água.

– Vou fazer algum exame de infecção urinária por acaso?

– Não, mas se depender de mim você vai mijar bastante hoje, pra tirar todo esse álcool do seu ser. Ah, enquanto isso, coma. – e finalmente tirou o outro braço de trás de si, mostrando o doce que escondia para me dar.

– Um brownie?

– Uhum. É alérgica a nozes?

– Não.

– Ótimo. Coma, não tenho outro doce. Posso te dar açúcar puro se preferir. – deixou o doce em minha mão e deu alguns passos indo para fora do quarto, mas parou na porta, esperando por minha resposta.

– Não, eu gosto de brownie, principalmente com nozes. Obrigada! – agradeci já tirando um pedaço. Estava delicioso.

– Nada. E você já me parece melhor, sabia? É engraçado, porque você bêbada não fica com as palavras emboladas, mas suas bochechas ficam vermelhas como fogo. – ele sorria, como se tivesse acabado de me contar um segredo extremamente revelador.– você também fica com uma mania de jogar a cabeça pro lado depois de cada coisa que diz, prolongando a frase.

Toquei em meu rosto e senti um pouco do calor de minhas bochechas. Não encontrei um espelho para olha-las, mas provavelmente estavam bem vermelhas mesmo, pela temperatura.

– Não se preocupe, elas estão bem menos agora. – disse enfatizando o “bem”, para então deixar o quarto.

Era impressão minha ou Luka reparava até demais em mim? Essa foi a primeira vez – e única, por favor – que ele me viu bêbada e já pôde listar todas as minhas características embebedada. Coisas que nem eu tinha reparado. Não que eu ficasse frequentemente bêbada, mas não foram nem uma, nem duas, nem três... O que eu sempre digo é que fico carente, o que é verdade. Talvez o arrastar das frases seja pela carência, uma tentativa de parecer mais... Desejável. Sei lá. Coisa de bêbado.

Faíscas em coresOnde histórias criam vida. Descubra agora