[H⋆I⋆L⋆O]
— Você está de plantão de novo?
Seokjin soltou um suspiro cansado ao ouvir a voz de sua noiva do outro lado da linha.
— Me desculpe, Jisoo. O hospital tem estado movimentado nesta última semana. Por favor, me... — foi interrompido antes que pudesse terminar.
— Você não tem tempo para mim. Eu já entendi.
Seokjin se sentia tão cansado pelo seu dia lotado que só notou que estava vendo o noticiário na televisão quando ouviu a voz da Kim pelo telefone novamente.
— Jisoo, eu amo você.— e não mentia quando lhe dizia isso.— Prometo que assim que terminar meu trabalho eu irei direto para casa.
— Foi o que você disse semana passada.— a voz dela tremia um pouco, como se segurasse o choro.
— Doutor Kim! É uma urgência, precisamos de ajuda!— uma das enfermeiras de ambulância entrou pela porta da frente. Os olhos frenéticos à procura do cirurgião.
Seokjin logo levantou-se da cadeira na qual descansava e sentiu-se inquieto por ver a enfermeira tão desesperada, juntamente com os outros cirurgiões correndo para a sala de emergência.
— Jisoo, amor, eu preciso ir.— segurou o telefone com as duas mãos, pronto para dar um fim na chamada.
Do lado de fora do hospital era possível escutar a sirene da ambulância ligada e os sons das macas tombando contra o asfalto, além das vozes, passos e gritos de alguém claramente traumatizada.
— Eu não amo você.
Aquelas palavras lhe atingiram e se misturaram à inquietude que já lhe habitava à alguns segundos. Depois disso, tudo o que pôde foi ouvir a chamada ficar muda e ser encerrada, sem poder responder-lhe de volta.
Seokjin chacoalhou a cabeça afim de se concentrar no seu trabalho que novamente começava. Correu pelo hospital seguindo o som aterrorizante dos gritos, a trilha de sangue sendo limpa pelos funcionários específicos que ajudava também. No meio do corredor foi alcançado pela enfermeira chefe.
— Qual a situação?— Seokjin perguntou já com luvas envolvendo as mãos ágeis.
— Duas garotas alcoolizadas e um garoto. A moto delas colidiu com o carro.— a colega de trabalho responde, segurando a prancheta com os dados enquanto tomavam caminho até a ala emergencial.
— Qual o estado?
— Grave, doutor Kim. Uma das garotas ainda está desacordada, andava sem capacete, ambas com muitas fraturas, algumas expostas. O garoto parece um pouco melhor, mas não usava cinto e aparentemente o airbag não funcionou, tem muitos cortes e algumas fraturas, demorou um pouco para ser retirado do veículo, o pé prendeu no freio.— viraram para a esquerda— Designaram o senhor para a que permaneceu consciente durante o transporte, para a outra eu... não dou muito tempo.— definitivamente não era algo que gostaria de escutar.
O médico estalou a língua no céu da boca, a última fala da colega o deixou apreensivo. Sabia exatamente sobre o tempo do qual falava, contudo se recusaria a perder qualquer uma dos novos pacientes.
Abrindo as portas duplas com força e rapidez, checando cada parte e avistando uma das garotas no leito dois.
A equipe andava de um lado para o outro buscando segurar a jovem que gemia em agonia pela dor, tentavam cedá-la para a cirurgia necessária.
O sangue parecia não estar estancando, escorria e pingava da fratura exposta na perna, a posição do membro era perturbador; o osso havia rasgado a carne e apontava para o teto, já o joelho virou completamente para o lado oposto.
A jovem chamava por sua amiga em meio aos gritos de pânico, seus cabelos claros estavam bagunçados sobre o rosto e o colar cervical mantinha o pescoço imóvel. As agulhas finalmente estavam em seus braços injetando o sedativo forte e todos os remédios necessários junto ao soro.
Seokjin aproximou-se da menina com a máscara de oxigênio em mãos, completamente apavorada ela o olhou com as pupilas dilatadas.
— Sou o doutor Kim, mas pode me chamar de Jin,— dizia com calma, afim de tranquiliza-lá— tudo vai ficar bem.— colocou a máscara no rosto da garota.
— J-Je..nnie! Jen..nie!— ela soluçou num fio agudo de voz, quase sem ar, o sedativo já fazendo efeito.
Olhou-a com pesar antes de questionar:— Jennie é a sua amiga?— ela arfou, lágrimas grossa escorrendo com mais intensidade sobre as olheiras e bochechas inchadas, tomando uma coloração arroxeada.
Como era de seu costume, o Kim procurou o nome da paciente em sua prancheta perto da cama, minutos antes dela apagar completamente pelo sedativo.
— Park Chaeyoung, não se preocupe, você vai ficar bem,— ajeitou alguns fios de seu cabelo loiro— assim como sua amiga.
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LET HER GO
FanfictionKim Seokjin é apenas um cirurgião, competente e focado que tentava conciliar sua vida pessoal e profissional, o que sua noiva, Jisoo, não facilitava, sempre reclamava da falta de atenção por parte dele, porém não pensou muito antes de deixá-la mais...