vento no litoral.

cap. 01 - profecias.

Annabeth's POV

A água, de alguma forma, sempre ajudava com meus nervos, por isso enquanto me dirigia para o píer, não deixei de reparar no som das ondas batendo nas rochas abaixo dos meus pés, que agora balançavam como se tivessem ritmo próprio, e talvez eles realmente tivessem. Vi alguns pássaros - acho que eram gaivotas - passarem por mim e fazerem sons agudos com seus bicos, mas eu não entendi o porquê. O mar estava calmo e elas poderiam simplesmente fazer o que quer que elas fazem. A temperatura não estava quente ou fria, apenas agradável.

Pensei que estava sozinha, apenas me deliciando dos poucos minutos em que podia me dar o luxo de entrar em contato com a natureza e me sentir em paz, mas isso durou menos do que eu esperava. 

"Annabeth! Vem, os sanduíches frios vão esfriar!" e um monte de risos seguiu essa tentativa de piada ridícula, mas de qualquer forma, levantei-me e, enquanto estava indo até eles, que estavam sentados na areia, por cima de umas toalhas, eu a vi. Quer dizer, era impossível não vê-la: ela tinha cabelos vermelhos e era pequena, mas apesar de tudo isso, tinha o fato de que seus olhos estavam vidrados enquanto ela levantava as mãos. Percebendo o que ia fazer, tentei me esquivar, mas ela previu isso e me segurou pelos braços, deixando presa no lugar em que estava no píer. Ela cotinuou com os olhos vidrados e apertando meus braços, mas quando eu abri a boca para gritar, ela começou a falar:

"Annabeth Chase" ela disse com uma voz que parecia pertencer a mais de uma pessoa, quase como se houvesse mais gente dentro daquele corpo "pelos olhos do mar, sua dor irá retornar. Seus segredos não mais estarão seguros e quem é próximo sua confiança perderá."

Após dizer essas palavras sem nexo, a garota caiu no chão e eu fiquei paralisada. Que bosta acabou de acontecer? Alguns segundos e uns bons gritos dos meus amigos depois, voltei a realidade e saí correndo, pouco me importando a garota.

Ao me aproximar do grupo, minha expressão deveria estar atônita, pois todos perceberam que alguma coisa tinha acontecido, mas quando eu virei para trás para ver se ela ainda estava por lá, me deparei com um grande vazio. Então fiz a coisa mais lógica para alguém que percebeu ter perdido a cabeça: balancei os ombros e ri de uma piada que Luke fez, mesmo sem saber qual era. 

Sinceramente, aquelas palavras me abalaram um pouco, mas não poderia me deixar abater principalmente por saber que existia a possibilidade de ser apenas algo da minha cabeça. 

-- alguns meses depois --

Percy's POV

O alarme tocou tem uns vinte minutos, mas não me dei o trabalho de levantar, preefiro saborear o pouco de descanso antes do começo do ano letivo. Outro ano letivo. Quem diria que eu estaria vivo até aqui, heim? 

"Percy!" eu ronronei igual a um gato e me virei na cama, cobindo os ouvidos com o travesseiro "Acorda! Seu último ano começa hoje!" e essa foi Sally, a única pessoa do mundo que consegue me fazer revirar os olhos e sorrir ao mesmo tempo, também conhecida como minha mãe. Ela me faz querer tentar, mesmo que nós dois saibamos que não vai dar certo. Outra escola é igual a outra expulsão, mas pelo menos essa vai ser a última - eu espero, pelo menos.

Antes que ela entre no quarto e puxe as cobertas igual a todos os outros dias e abra as cortinas, eu levanto, faço minha higiene pessoal e troco de roupa, optando pelo de sempre: uma camiseta e calça preta. Tento pentear o cabelo, mas não adianta de nada; ele continua do mesmo jeito, como se eu não o tivesse arrumado as férias de verão inteira - o que é meia verdade, mas isso ninguém precisa saber; eu só o arrumava quando estava na praia em Montauk, e ainda assim era devido ao vento fenomenal que tinha lá.