- Alo?
- Mateus compra janta, valeu. - E teve mais uma vez o telefone desligado na sua cara, talvez se não reconhecesse a voz de Miguel do outro lado da linha, ou se não tivesse consideração pelo rapaz ter abandonado tudo em SP para lhe fazer companhia na nova cidade - o que ele achava uma ideia louca já que trocar de curso na faculdade no meio do período era complicado- talvez ficasse bravo com o garoto. Mas não hoje, essa manhã haviam terminado de empacotar as coisas no apartamento que foi comprado com o dinheiro que os supostos pais deixaram para Mateus quando o abandonaram em uma abrigo.
Hoje seria o começo de uma nova vida.
As ruas eram cinzas como o céu dessa cidade, as pessoas caminham quietas como se um único som fosse capaz de quebrar a beleza dos pingos de chuva caindo e molhando o chão. Da comida que vinha da esquina exalava um cheiro bom e remetia calor e aconchego, e isso lembrava Mateus de que não havia sequer tomado café pelo animo da entrevista.
Atravessou a pequena rua com certa pressa com medo de se molhar demais, checou mais uma vez o relógio e adentrou o pequeno restaurante, não se deu ao trabalho de checar o nome do lugar mas sem duvidas reparou na moça com cachos que estava sentada logo na primeira mesa lendo qualquer coisa no celular e ouvindo algo que fazia um ruido alto no fone de ouvido. "Linda" Prensou de primeira, mas logo virou o rosto corado e percebeu o Buffet do outro lado do salão, decidiu levantar ao mesmo tempo que a garota, sentou ao seu lado esperando que ela reparasse nele em algum momento e conseguiu cumprir seu objetivo,quando trombou nela e derrubou o prato.
Tudo pareceu uma câmera lenta para Mateus.
Levantar, ver o prato caindo.
Olhar a moça parada, em choque e assustada lhe encarando.
- Por favor me desculpe..- Começou pedindo, achou que de alguma forma tinha assustado demais a garota. Viu que uma atendente veio recolher o prato que quebrou e quando se virou para agradecer ouviu aquela voz, uma voz que ele conhecia de longa data. Seu coração palpitou, suas mãos começaram a suar.
- Não se desculpe, eu estava de fones e distraída.- falou erguendo o celular para enfatizar qual a distração. - Vou indo já, desculpe o incomodo.
Viu a garota pagar a conta e sair, seguiu seu rastro e sentou perplexo tentando entende como a garota dos seus sonhos estava bem a sua frente, literalmente a garota dos seus sonhos existia e nem conseguiu expressar qualquer coisa.
"Droga, droga, droga... como ela..."
Continuou pensando durante o almoço todo, enquanto pagava a conta e ate quando sentiu a garoa em seu rosto e encolheu o propário corpo pelo frio. "Vamos nos encontrar de novo" era a frase que seguiu pensando para aliviar, tinha que ser otimista mesmo sabendo que talvez nunca mais a visse de novo. E que se visse, provavelmente ela não faria a minima ideia de quem ele é, poderia acha-lo louco só por supostamente sonhar com ela. não daria certo como nos sonhos.
Chegou na livraria com os cabelos meio molhados e o casaco ja cheio de gotículas da garoa, avistou a grande livraria. As mesas coloridas e as prateleiras com os livros o fez lembrar de algo que nem mesmo vivera de fato, mas que brotava em sua mente com o cheiro de chá de erva doce e a visão daquela mulher mais velha que sempre aparecia em seus sonhos na infância.
Encontrou a bancada e viu uma mulher de estatura média lendo orgulho e preconceito, com um pigarro chamou sua a atenção daqueles olhos castanhos e um sorriso surgiu entre os labios finos.
- Olá, você é Mateus certo? - Claro que ela estava esperando por ele, havia dois meses que tinha se candidatado para essa vaga e quando fez a entrevista por vídeo chamada não viu a garota na ligação. Ela se chamava Luíza e era a gerente da livraria e pelo que ouviu dela seria um desafio para ele já que controlava o lugar de forma impecável por ser um negócio de família.
- Venha comigo por favor, eu sou Luíza e sou a gerente aqui, você pode pegar ate três livros por mês enquanto trabalha aqui pois os funcionários tem esse mimo pra incentivar a leitura e ajudar os clientes a comprar melhor. Vou te apresentar a loja e depois você vai conhecer sua parceira de seção.
O leste da loja era superiorizada por uma estagiaria chamada Aline, que de prontidão estava fazendo uma venda para um universitário loiro com cara de esnobe que lia o verso de um livro de direito. Essa ala era reservada para estudos acadêmicos e tinha algumas mesas e cadeiras decorando o lugar já que haviam pessoas que pagavam um valor mensal para irem até a livraria estudarem. o wi-fi e a quantidade de livros a postos era uma tentação e uma baita ajuda para os pobres estudantes que se desdobravam todos os dias naquela cidade.
- Você vai ficar lá em cima - apontava enquanto subia as escadas de metal que levavam para um balcão preto vazio - sua parceira é uma estagiaria nossa aqui também, faz letras na universidade aqui perto e está no segundo ano. Ela ainda não chegou, enquanto isso vamos descer para conhecer a menor e o Artur que vai sair esse mês.
Assim que voltou a descer as escadas faram para a ala oeste da loja, as vitrines com super heróis e as estantes com discos, cd's e fitas eram para venda, ali ficavam a menor aprendiz Bruna e Artur. varias poltronas e decorações de diversos temas, quadrinhos e mangás cobriam uma das paredes enquanto uma musica de algum jogo tocava ao fundo. Bruna assim que pôs os olhos em Mateus se aprumou onde estava e largou a serie shoujo que lia. "Ótimo, uma adolescente" foi o que quase disse em voz alta quando ouviu o primeiro suspiro da garota para si.
Adolescentes eram difíceis e perigosas, já havia partido o coração de uma garota que trabalhava com ele enquanto estagiava em uma escola ha três anos. Até hoje ela mandava mensagens durante a noite fazendo convites para passarem uma "noite especial", como ela dizia.
A duas semanas Mateus e Miguel postaram uma foto empacotando as coisas para a mudança, um clima descontraído e vários comentários mandando força chegaram até Paola, que agora com seus 19 anos estava certa de que Mateus daria a ela uma chance de conquistar aquele coração que ela sempre quis. Na ultima noite antes da mudança ela foi até o apartamento em que mateus morava de aluguel em são paulo com roupas provocantes e quebrou a cara, mal sabia que mateus saíra em uma despedida com os colegas e amigos do acolhimento que fizeram uma surpresa pra ele de ultima hora.
Após todas as apresentações e as insinuações da menor aprendiz que foi duramente repreendida pela gerente mateus pegou seu uniforme e crachá no balcão, subiu as escadas e sentou onde deveriam ficar para descanso enquanto não havia clientes. Sua ala da loja era grande e com vários setores, haviam mesas enormes com bancos de madeira e varias luminárias para que os clientes pudessem ler em silencio.
O teto de vidro iluminava o ambiente aconchegante e s luzes fizeram Mateus se perder em pensamentos quando ouviu uma conversa subindo as escadas.
Luíza subia conversando calorosamente com uma garota com um rabo de cavalo alto, vestiam o uniforme da livraria e assim que chegaram no balcão tiveram a atenção de Mateus, que focou de imediato na figura já conhecida.
- Mateus essa é Dara nessa estagiaria de letras. Dara esse é Mateus e vai ficar com você aqui na parte de cima, sei que demoramos a achar alguém para te ajuda a cuidar desse lado da loja e espero que vocês se deem bem com o tempo.
era a garota do restaurante.
era seu sonho ali.
sentiu o coração acelerar quando ouviu aquela voz suave aquecendo o coração.
- Olá, acho que já nos conhecemos - ela esticou a mão para um comprimento, um sorriso tímido brotou nos lábios de ambos enquanto seguravam a mão um do outro - Sou Dara e vou te apresentar todas as seções agora.
''santo destino''
Comentário da autora.
Olá pessoas, fiquei de publicar esse capítulo ontem mas na minha cabeça ontem era uma quarta, então me desculpem ksks
esse capitulo foi curtinho e espero que tenham gostado pois eu to super feliz sobre o encontro desses dois.
Não esqueçam de lavar bem as mãos e tomar água Ok? Bjs <3
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Filhos da terra - Só mais uma historia de amor
RomanceDara não tem nenhuma explicação para a cicatriz em sua cabeça, tampouco para os sonhos que passou a ter quando era criança, era uma outra vida quando dormia. Com o passar dos anos os sonhos se tornaram cada vez mais românticos e perigosos, sendo co...