RESET! Jjk+Pjm

When you comes to me!

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Para o meu alívio, a viagem foi tranquila, aconteceram algumas pequenas turbulências durante a decolagem e a aterrissagem, mas nada que meu fiel remédio para enjoo não resolva. Se por um lado foi tranquilo, por outro foi extremamente cansativo. Foram quase 16 horas sentado em uma poltrona desconfortável enquanto pensava na vida e assistia as nuvens sem forma passando pela janela.

Minha mãe está ao meu lado, mas não falou muito durante o voo. Notei que ela comeu alguns salgadinhos que uma aeromoça a entregou e logo depois colocou seu kdrama favorito, acabando por dormir no primeiro episódio. Ela está exausta com tudo isso. Na verdade, nós dois estamos, essa última semana foi bem corrida e difícil para nós, mas mesmo eu estando tão cansado quanto ela, infelizmente não tive a mesma facilidade para dormir. Fechei os olhos algumas vezes tentando cochilar ao menos por alguns minutos, mas sempre que tentava era assombrado pelas incertezas do meu futuro. Qual universidade devo escolher? Como será os meus novos amigos? Eu vou ter amigos? Alguém vai querer falar com um coreano amarelo? Como eu vou sobreviver em um país que eu nem sei a língua direito? Esse último pensamento é o que mais me atormenta agora. Como eu vou assistir às aulas com professores nativos se não consegui nem entender a aeromoça dizer qual era o cardápio? Ela teve que bater os braços igual uma galinha e dizer cócó para que eu pudesse entender que uma das opções do almoço era frango. Foi constrangedor! Nessa hora desejei ser um avestruz, cavar um buraco e enfiar minha cabeça nele para evitar todos aqueles olhares em mim. Pensando bem, foi mais que constrangedor, foi humilhante! Mas eu não tenho culpa se aquela senhora não soube pronunciar Chicken with Rice de uma maneira um pouco mais entendível para estrangeiros.

E eu não quero nem lembrar das três vezes que eu tentei dizer Apple juice para drink e ela não entendeu, me fazendo desistir e apontar para qualquer bebida em cima do carrinho. Estou até agora tentando descobrir que tipo de água horrível é essa.

Assim que desembarcamos, pegamos um táxi direto para o hotel. Não se passaram nem duas horas desde que colocamos os pés na Inglaterra e já tivemos o nosso primeiro problema aqui. Que bela boas– vindas.

Minha mãe tinha reservado dois quartos para nós, mas na hora do check in a recepcionista nos informou que aparentemente as nossas reservas foram canceladas sem motivo algum. Segundo ela pode ter sido algum erro no sistema. Para piorar tudo, quando minha mãe tentou reservar novamente os quartos, a única opção disponível era um pequeno quarto com duas camas de solteiro. Nada confortável, para alguém que passou 16 horas em uma poltrona dura, mas era o que tinha na hora. Pelo menos a reserva saiu de graça como um pedido de desculpas pelo ocorrido.

– Isso vai ser temporário filho, amanhã mesmo vamos a imobiliária para escolhermos uma casa bem legal. – Ela desfaz uma das malas e me joga um lençol de qualquer jeito.

Minha mãe me lança um pequeno sorriso animador, que eu já sei que é falso. Ela sempre usa ele quando tenta se mostrar forte. Nem ela parece está gostando de como as coisas estão indo. Minha mãe é uma pessoa bem supersticiosa, para ela se algo já começa mal, não é um bom sinal. Eu tenho certeza que se fosse em outra ocasião ela teria desistido e começado de novo, mas é um emprego importante, não é assim que as coisas funcionam.

– Tudo bem. – Finjo que não me importo, afinal não quero chateá-la mais do que ela já está.

Jogo o lençol na minha cama e vou até uma das malas. No momento eu só preciso de um banho quentinho e depois dormir.

– Mãe, você sabe em qual mala eu coloquei a minha toalha? – Pergunto depois de bagunçar toda a mala e não encontrar nada.

– Não faço ideia, não lembro de ter visto. Provavelmente você deve ter esquecido. Se eu não guardar suas coisas você sempre acaba esquecendo algo, impressionante. Você já é um adulto, eu não posso ficar guardando suas coisas não. Tudo tem que ser eu. Se eu nao fizer a comida, acho que você morre de fome com preguiça de fazer. – Ela reclama pela milésima vez a mesma história de sempre.