Arrumei minhas malas o mais rápido que pude, pois minha mãe só me deu cinco minutos, um tempo curtíssimo para minhas centenas de roupas importadas.
- Vamos Claire, rápido!!! O taxista não vai esperar muito tempo.Eu ainda queria entender o porque desta ida tão repentina, afinal, eu amo minha casa, eu amo Fort Worth, e me despedir de tudo isso com certeza não era uma tarefa nada fácil para mim - não que eu estivesse gostando dos últimos meses, pelo contrário, foram os piores da minha vida. Ainda estava confusa e me sentindo suja.
Mas não era uma coisa com a qual eu queira discutir pela milésima vez com Lisa, já que ela está totalmente impassível com a tal decisão de sair do Texas de uma vez por todas.- CLAIRE!!!!
- Já estou indo, mãe. Por favor, espere - fechei minha última mala com mais um amontoado de roupas.
Queria a Junie para me ajudar com as malas, mas graças a minha querida mãe ela se demitiu, e foi uma injustiça. Afinal ela não tinha um caso com meu pai como Lisa pensava, e isso foi um grande erro.Enfim, depois de umas 4 ou 5 viagens da escada até o táxi, finalmente embarcamos para o aeroporto.
O caminho foi repleto de lembranças e momentos, que já não voltam mais. Eu ainda não havia digerido tudo o que estava e ainda vai acontecer, era como uma grande montanha russa e eu estava sem o cinto de proteção.
Olhava pela janela, avistando os carros iluminados e casas enfeitadas para o Natal. Famílias felizes e unidas, festejando esta grande data. Outras, viajando. Casas de praia, iates, sítios e outros lugares exóticos.
Eu também estava viajando. Mas era diferente. Essa é uma viagem definitiva. Que mudará a minha vida por completo.
- Filha, você entende que estou te levando por questões sérias, entendeu? - disse minha mãe pela quarta vez hoje. - Eu só quero te proteger daquele lunático do seu pai - ela fitava a janela, com uma centelha de raiva.
No fundo eu sabia que era para o meu bem, mas não entendia porque só havia trazido a mim e deixado Hillary, Evellyn e Jackie com Willy e aquela que não gosto nem pronunciar o nome.
- Você entende Jasmyne? - perguntou Monalisa, me tirando dos meus devaneios.
- Ãh... Sim, mãe. Eu te entendo. - Eu não havia entendido essa história, aliás, não sabemos se apenas eu fui a vítima. Hilly e Evy podem ter sido atacadas também, mas não quiseram contar. - Mãe... É... E se ele também tentou com as meninas? - resolvi perguntar por fim.- Bom, minha filha, isso não sabemos. Evellyn já tem idade o suficiente para tentar se defender sozinha, bom, pelo menos eu acho que ela é capaz de tal coisa, e ainda tem o Dylan, pode dormir na casa dele sempre que quiser se esconder de seu pai. E Billy, bem, não sei. Uma menina como aquelas eu não duvido nada de que esteja gostando e se permitindo a um ato ilícito desses.
- Ah, mas acho que seria uma bela atitude sua trazê-las conosco não é, mãe?
Ela não me deu uma resposta, em vez disso, ficou fitando o vazio através do retrovisor.
Enquanto a brisa da cidade entrava pela fresta da janela do carro, uma lágrima solitária ia escorrendo pelo meu rosto. Muita coisa para assimilar, tudo ocorrendo de uma vez, em pleno Natal.
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Quando chegamos ao aeroporto, eu já estava com meu traseiro dolorido, duas horas sentada no banco do carona de um táxi com um leve odor de tabaco não era uma coisa muito normal de se fazer em pleno dia vinte e quatro de dezembro, mas era o destino. O caminho a ser feito para nós livrarmos daquele pesadelo que estávamos vivenciando.
Não demorou muito para que pudéssemos embarcar, o que me deixou ansiosa e ao mesmo tempo com uma pontinha de tristeza pelo que eu deixara para trás. Amigos, escola, irmãos... Minha vida inteira eu vivi em Fort Worth, e agora, traçar um novo caminho em Jacksonville, apenas eu e minha adorada mãe, não era um futuro que eu esperava pela frente.
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Jasmim
FanfictionTrês ruídos. Sucessivos e invasivos. Foi o suficiente para me deixarem em alerta máximo. Eu já sabia o que estaria por vir. Era ele. Descobriu onde estávamos, e veio para me matar. O alarme de trava da porta soou como uma sirene emergencial, e uma...