Fairy of Shampoo || yeonbin

oneshot.

Quando eu era mais novo minha mãe costumava me contar histórias: histórias para eu dormir, histórias para que eu me comportasse bem, histórias para me distrair do tédio ou para que eu não sentisse medo, eram sempre uma variedade de historinhas a serem contadas. Tantas histórias incríveis, com aventuras e vez ou outra com pitadas de romance também. Meu eu criança sentia-se maravilhado por imaginar viver histórias como as que minha mãe me contava, lembro-me até de eu mesmo criar minhas próprias histórias enquanto brincava sozinho, lembro-me de que não gostava de compartilhá-las com meus colegas com os quais eu costumava brincar na infância, pois como cada um pensa ou cria algo de uma forma própria, eles também criavam as próprias histórias deles e compartilhavam conosco e por mais que eu fosse um bom apreciador de histórias, eu não gostava quando eles tentavam modificar alguma coisa das minhas histórias para deixá-las "mais legais" ao ver deles, pois ao meu ver elas já eram incríveis.

De tantas histórias que eu costumava ouvir quando pequeno, havia uma em especial que sempre me chamava a atenção e creio eu que minha mãe sempre a usava para se certificar de que eu sempre tomaria banho direitinho, mas o porquê disso?

Convenhamos que não são todas as crianças que são fãs de tomar banho e por causa disso acabam sempre fazendo alguma birra para não tomar banho e cá entre nós, eu era uma dessas crianças. Era sempre uma luta conseguir me fazer tomar banho e ainda mais lavar meus cabelos, pois eu detestava quem triscasse em minha cabeça ou em meus cabelos e apesar de todo esse trabalho que eu dei quando criança, até hoje não existe nenhuma explicação de o porquê eu era assim, só simplesmente era.

Mas voltando ao que eu dizia anteriormente, antes de eu me auto explanar sobre o quão porquinho eu conseguia ser quando criança. Tudo começou a mudar quando minha mãe me contou uma história na qual ela chamava de "A Fada do Shampoo", ela era uma das únicas histórias de romance na qual eu gostava de ouvir. Mamãe contava que a Fada do shampoo era uma pessoa normalmente de cabelos arroxeados e meio ondulados, com um sorriso suave e gentil que faziam até os corações tristes irem embora para darem espaços à um sentimento que não podem ser explicados com palavras – quando criança eu não entendia o que isso significava, mas achava bonita a forma que era dita. Mamãe contava também que a Fada era muito bonita e que vinha até a gente como a névoa da manhã, aquela que faz nos sentirmos prontos para mais um dia, mas para que tudo isso acontecesse a gente tinha de sempre tomar banho e lavar os cabelos para sempre ficar perfumados, pois a Fada era cheirosa e gostava de garotos cheirosos.

Então, curioso como uma criança costuma ser quando nova, eu fiquei curioso com a história da Fada do Shampoo e assim meus dias de garoto porquinho que não gostava de tomar banho foram se acabando, pois eu queria conhecer a Fada um dia, então eu tinha que me manter limpo e cheiroso.

Foram anos assim, até eu chegar na pré-adolescência e perceber que a Fada do Shampoo era apenas uma das várias historinhas que se contam para crianças malcriadas. Mas descobrir isso não gerou nenhuma reviravolta trágica que poderia acontecer ou sei lá, só me fez perceber mesmo que nem tudo aquilo que a gente imagina ou espera muito que aconteça um dia vá de fato acontecer, ou seja, de certa forma me ensinou a saber separar melhor as coisas e não criar tantas esperanças sobre alguma história que nos contam quando crianças. Enfim, eu continuei levando a vida e descobrindo novas coisas assim como todo pré adolescente faz, fiz alguns amigos, nos divertimos, dei meu primeiro beijo e tive paixõezinhas, nada muito grandioso que fizesse eu me sentir diferente de alguma forma.

Conforme o tempo ia passando e eu ia amadurecendo, comecei a me deparar com certos impasses por assim dizer, como por exemplo, acabar tendo alguma briga com algum amigo meu, mas que depois conseguimos resolver, meu primeiro namoro sendo com uma garota e até notar que talvez eu não gostasse apenas de garotas. Perceber isso foi um tanto assustador pra mim e até confuso, pois eu tinha medo do que poderiam falar sobre isso, medo de meus amigos me zoarem entre tantas outras coisas. Até que em uma determinada vez meu melhor amigo me chamou até a casa dele dizendo que precisava me contar algo, fiquei curioso sobre o que poderia ser e fui até ele para saber. Beomgyu era meu melhor amigo desde a pré-adolescência quando nos conhecemos na escola, desde esse dia a gente não se separou mais. Lembram que falei sobre já ter brigado com algum amigo enquanto ia crescendo? Então, era ele. Enfim, de volta ao que aconteceu na casa do Gyu, era um tanto visível o quanto ele se encontrava nervoso naquele dia e eu como bom amigo que sou, tentei acalmá-lo e esperar o que tanto ele queria me dizer para o deixar tão nervoso.