Caminhos de volta

Aborto

Melissa

- Pois é... cinco anos nao é mesmo? - falo com toda a frieza que conseguia juntar dentro de mim, tentando não demonstrar o quão desconfortável estava aquele momento.

- Uau, eu não esperava encontrar você. Desculpa é que... Uau - ele fala piscando várias vezes visivelmente confuso.

- Bia na moral o Theo precisa comer algo que deixe o cocô menos insuportável... Melissa. - Lucas fala sorrindo trazendo um bebê lindo de cachinhos castanhos e sorriso banguela no colo.

- Lucas. - falo sorrindo feliz por vê-lo, eu realmente sentia falta até mesmo de implicar com ele. - E esse deve ser o pequeno e famoso Theo.

Após dizer isso olho para Bia como se pedisse permissão para carregar o bebê que apenas conhecia por foto.

- A francamente pegue logo e anda logo Maya os meninos estão de saída, Lucas bata o portão antes de sair se depender do Pedro ele larga aberto com um bilhete: nos assaltem. - Ela resmunga tentando nao demonstrar estar nervosa.

Eu reviro os olhos e em seguida sorrio, o bebê no colo do pai não se continha de curiosidade e alegria por ver uma pessoa completamente nova a sua frente.

- Olá Theo, como você é lindo, posso te pegar no colo? - falo estendendo o braço pro pequeno que se joga em minha direção dando risadinhas e gritinhos felizes - Ah mas você é muito simpático e tão lindo, eu sou a Tia Mel... desculpe não ter vindo antes, conte-me seus papais estão cuidando bem de você? Eles podem ser meio avoados. - brinco e mesmo sem entender uma palavra Theo bate palminhas demonstrando toda a sua empolgação.

Então olho ao redor e vejo que Pedro está parado, focado em mim como se eu fosse algum tipo de miragem, Bia e Maya estão tensas como se a qualquer momento eu fosse explodir em lágrimas, Lucas por sua vez parece que vai babar em cima do filho.

- Ok Theo seremos só nos pelo visto. - falo baixinho rindo - Me mostre sua casa sim, sua mae perdeu a educação. - falo mais alto tirando Bia do transe e mesmo do corredor sou capaz de ouvi -la falar.

- Ok, podem ir jogar bola. Pedro nao ouse aparecer aqui até ela ir embora. - Ela bufa.

- Ei, nem vem eu tenho tanto direito quanto vocês de conversar com ela...

- Tinha esse direito antes de fazer todas as coisas que voce fez la trás. - Maya o corta brava - Agora você vai pegar suas chuteiras e vai jogar bola com o Lucas antes que eu chute a sua bunda gorda pra fora daqui.

~ Algumas horas depois ~

- Ele é calminho sabe, muito sorridente e inteligente. Uma mistura perfeita minha e do Lucas. - Bia fala enquanto balanço Theo no meu colo, o pequeno dormiu depois de lutar muito contra o sono.

- E quais são as novidades? - Falo sem tirar os olhos de Theo.

- Bom, a noiva aqui é você... - Bia começa mas eu a corto.

- Francamente vocês vao realmente fazer isso? Sabem que não podem evitar Melissa e Pedro no mesmo ambiente. Em algum momento essa conversa vai sair.

- Ele ta diferente sabe... - Maya começa

- Duvido muito que alguém como ele mude. - Falo sentindo a boca seca.

- É verdade. - Bia fala - Ele é padrinho do Theo, passa a maior parte do tempo trabalhando e o que resta passa aqui, ele tem até a chave. Faz o que pode pelo afilhado, outro dia peguei ele mostrando fotos, como se o Theo fosse entender alguma coisa. A maioria das fotos eram suas. - Ela termina com receio.

Respiro fundo e me levanto colocando Theo no carrinho, suspiro e me viro para minhas amigas sentadas no sofá.

- Sabem porque fui embora. Sabem que foi difícil, sabem o que ele me fez e o que descobri depois. Eu confiava cegamente nele, hoje parece que nem o reconheço. Ele é um completo estranho. Porém alguém que sei que se ficar muito próximo a mim irá me machucar como ja fez. - suspiro.

- Mas você não acha que ele ao menos deveria saber? - Maya fala baixinho.

- Ele nunca vai saber sobre o meu aborto espontâneo. Vocês prometeram nunca contar pra ninguém e nem tocar mais nesse assunto. - Falo rapidamente ficando seria e tensa.

- Você vem guardando isso tempo demais pra voce Melissa, precisa se libertar disso ou então dividir o fardo com o outro lado do problema. - Bia me repreende.

Antes mesmo de eu poder responde-la uma voz atrás de mim, faz todos os pelos da minha nuca se arrepiarem.

- Que problema estão falando?

Me viro e encontro Pedro com as chuteiras na mão, confuso mas com os olhos bem fixos em mim.