Meu melhor amigo

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Manhêêê você vai na casa do côco! Eu vou também....
Menina então se apresse, eu vou na casa da Lêu sim, vou levar as revistas dos produtos que ela quer ver.... Já sabe né, só coma se te oferecerem, não fique olhando nada, não fique pedindo nada, ou a gente vai conversar quando sairmos de lá...
Tá bom, não vou pedir nada.
Eu já sabia que eu poderia estar com uma fome de leão, não poderia dar uma de olhuda, só poderia pegar se a pessoa oferecesse e a minha mãe deixasse, sempre foi assim, com todas nós filhas.... Atravessar uma conversa de adultos? .....Só se não quisesse respirar mais nesta vida..... Nem pensar, as pessoas adultas eram tratadas como senhor ou senhora e não era possível fazer parte da conversa .... Adulto com adulto e criança com criança...
    O Fábio era o meu melhor amigo, a minha mãe trabalhava na Randi com a mãe dele a Lêu, e eu sempre aproveitava quando a mãe ia vender os produtos da revista e dava uma passadinha na casa dele, era uma casa que não era de madeira e era na rua, uma rua linda com postes de luzes, não era igual a minha que era de madeira e telhas, era tudo branquinho, tinha um quarto só pra ele, uma infinidade de brinquedos, quando eu ia lá, nos brincávamos com todos, brincávamos na rua também, mas os amigos dele ficavam rindo dele porque ele brincava comigo que era menina, aí ele brigava com eles e ficava brincando só comigo, as vezes eu chorava por que os meninos me chamavam de escavadeira por causa dos meus dentes, então o cocô que se chamava Fábio, mas que tinha este apelido por que tinha uma cabeça de côco bem redonda, me acalentava e achava logo uma brincadeira pra brincarmos dentro de casa... Assim nao iriamos ter problemas..... Sempre, sempre dávamos um jeito de eu dormir lá na casa dele e minha mãe ia me buscar só no outro dia depois do trabalho, íamos dormir de madrugada brincando, assistindo desenho e comendo um monte de bobeiras que na minha casa eu só via na televisão, ele era um amigão.
              A noitinha a Fátima que era a irmã mais velha do cocô, dava banho em nós e eu usava os pijamas dele, era super legal dormir de pijamas, eu adorava....
               Em casa não tínhamos pijama, na verdade eu tinha as roupas que foram compradas para a Nina (Maria Verônica), e quando não servia mais a roupa então ia para a Graça ( Maria Graciete), e quando nao servia mais ia para a Lú (Maria Lúcia) e depois para mim. Ganhavamos uma troca de roupa nova todo ano, sempre no Natal, não ganhavamos brinquedos, mas sempre passávamos o natal com roupas e calçados novos, minha avó ganhava um vestido todo ano e éramos felizes, muito felizes.
        Já na casa do cocô não era assim, mais a família dele tinha mais recursos financeiros, além da mãe dele, o pai dele o Saúba trabalha registrado e eram menos pessoas na casa, e na minha casa não era só a minha mãe pra sustentar seus pessoas , mesmo assim eu era feliz, dividimos tudo o que tínhamos, era tudo igual para todos.
       Sempre éramos muito bem recebidos pelas amigas da minha mãe, sempre éramos muito elogiados pela nossa educação, se alguma de nós fizéssemos algo que minha mãe reprovasse ela não precisava falar nada, só dava uma olha com os olhos mais abertos que já entendiamos...
Eu estava feliz com o meu melhor amigo, estudávamos na mesma escola e ainda brincávamos nos finais de semana.
Em um desses finais de semana, em meio a tantas brincadeiras, ouvi a Leu falando....
" Vamos ir no mês que vem, o Saúba está cumprindo aviso prévio e eu já pedi a transferência do Fábio e da Fátima, sabe Petrúcia, lá é mais calmo, eu vim de lá, minha mãe não sai de Recife por nada..."
Fiquei pensativa, mas não falei nada.... Eu ganhei de novo..... Ah você não me vence no vídeo game, este Atari é destruir, eu sou invencível..... Comemorava o côco por mais uma vitória em cima de mim ......
Vamos na casa do meu primo amanha lá na casa da minha tia e do meu tio Rita, você quer ir? É legal lá tem um riozinho de peixes podemos brincar....
Que legal vamos sim..... Será que minha mãe deixa? ...... Claro que deixa você está com a minha mãe.

O ClienteWhere stories live. Discover now