Once Upon A December - Capítulo Único

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"Ursos dançando. Asas pintadas. Coisas que eu quase me lembro.
E uma música que alguém cantou, uma vez em dezembro.

Alguém me mantém protegido e aquecido.
Cavalos galopam pela tempestade prateada, figuras dançando graciosamente, através da minha memória.
[...] Longe, há muito tempo atrás, brilhando como uma centelha. Coisas que o meu coração costumava saber, coisas que ele ainda tenta lembrar.

Dias de felicidade, e os cavalos na tempestade são imagens a dançar que eu posso recordar. Muito tempo passou
e o fulgor da lareira na memória ficou. Disso eu sempre me lembro. E a canção de alguém, foi no mês de dezembro."

Once Upon a December - Anastasia (English Version / Portuguese Version)

Eu não saberia dizer a quantos dias e nem a quanto tempo estive vagando sem rumo.

Eu deveria saber?

A única certeza que tinha era que ela havia partido para sempre. De todos os lugares que poderia estar agora, a minha casa sem dúvidas era o local mais angustiante. Já não suportava mais os olhares de pena sobre mim e muito menos as palavras de conforto que meus familiares me lançavam ao vento. Sabia que era tudo que eles podiam fazer, mas a dor que me consumia impedia que eu absorvesse qualquer tipo de ajuda. Foi aí, que decide me isolar. Ao passo que toda a minha família haviam se mudado para o Canadá, fiquei sozinho na mansão, em Forks.

Solitário, minha válvula de escape, mediante a todo tormento, era portanto, embrenhar-me na floresta, como se eu pudesse fugir do torpor da realidade. O cheiro de grama molhada, o farfalhar quase musical do atrito das folhas no alto dos dosséis das árvores me incubia a desligar-me de minhas lamentações.

Eu realmente havia aceitado que jamais teria Bella de volta. Mas, os desígnios da vida sempre encontrava um meio de trazer à tona o cruel sentimento de impotência....

Eu poderia ter feito alguma coisa para evitar...

Olhei para alto, observando os últimos resquícios da noite. Entre as nuvens carregadas, vislumbrei a constelação da ursa-maior que ainda dançava no ar em vários pontos cintilantes. Ao longe, uma coruja rasgou o céu, crocitando, com suas asas pintadas em branco, tão branco quanto os tons dos primeiros flocos de neve que agora caiam vagarosamente sobre a grama, naquele gélido amanhecer.

Até quando me permitiria sofrer? Fazia um ano que permanecia naquele estado letárgico.

Por que a dor assolante nunca me deixava?

Aquilo teria que acabar. Eu não tinha mais forças para continuar lutando contra o nada em que me tornei. Tão perto estava de casa, como estava da reserva. Em um desatino, tomei uma decisão. Atravessaria a fronteira que um dia separou os Quileute dos Cullen. Sabia exatamente o que me aconteceria assim que chegasse até lá. Sentiria pela minha família. Entretanto, não haveria tempo para despedidas.

Dei meia volta e corri até aonde eu pude, adentrando as terras dos meus inimigos naturais.

Os lobos sentiram o meu cheiro.

Os lobos não teriam piedade de mim.

Mas não era piedade o que eu estava procurando.

Então, parei ao centro de uma enorme clareira, e os viu descer uma colina de neve a alguns quilômetros à minha frente. Aos olhos de humano comum, aqueles lobos se assemelhariam a enormes cavalos de guerra galopando ferozmente cortando a superfície prateada da neve, prontos para um combate. No entanto, eles não eram cavalos e sim lobos que se aproximava em uma velocidade impressionante. Escutei um emaranhado de pensamentos turbulentos vindo deles. Eles pareciam brigar entre si, sobre quem me executaria. Puxei o canto dos meus lábios em um sorriso irônico diante da minha iminente tragédia.

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