Londres, UK

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— Ora, mas eu faço questão de te buscar no aeroporto — Thomas disse na vídeo-chamada já no dia do vôo de Grace.

— Acho melhor não. O meu pai vai estar lá, não quero que vocês dois se conheçam no aeroporto — Grace respondeu.

— Não tem problema, eu fico te olhando de longe. — Thomas sorriu para a tela. — É suficiente, pra mim, saber que você chegou bem. — Ele tentou manter a postura séria. — Se bem que eu tô querendo muito conhecer o seu pai.

— Ah, Thomas... por favor. — Grace riu de nervoso. — Eu adoraria te ver o quanto antes. Mas vamos com calma.

— Então, — Thomas começou a coçar a nuca enquanto falava —, eu não sei se você sabe, mas são oito horas de viagem de Edimburgo para Londres.

— O quê? Oito? Achei que fosse um pulo! — Grace se assustou. Será que conseguiria ver Thomas tanto quanto imaginara?

— Sim... Se eu for de carro, sim. Mas pela King's Cross acho que o tempo reduz pela metade. Eu não sei o que seria melhor.

— King's Cross, obviamente. A gente pode andar pelas ruas de Londres sem um carro.

— Com esse frio? Ah, não sei. Mas também não acho que seja uma boa ideia ficar sozinho com você num carro. — Thomas falou sério. — Você não vai me convidar para um chá da tarde na sua casa, bem ao estilo londrino?

— Não sei... primeiro tenho que falar com meu pai.

— Eu falo com ele.

— Oi? — Grace questionou.

— É. Eu vou ter que falar com ele de qualquer forma mesmo — ele disse, convicto.

— Não achei que você quisesse conversar com ele por agora, é tudo tão recente... — ela argumentou, receosa.

— Grace, você não entendeu que eu já deveria ter falado com seu pai há seculos? Não é recente. Estou atrasado. — Thomas sorriu para a tela.

— Atrasado para o quê? — Grace fez-se de desentendida.

— Não seja boba. Eu sei que você quer entrar num relacionamento sério comigo.

— Entrar num relacionamento sério? — Grace riu.

— Vai ficar rindo mesmo? — Thomas revirou os olhos, ainda que estivesse rindo também.

— Temos que conversar umas coisas primeiro... — Grace falou sério, ao que Thomas assentiu em concordância.

•••

Após embarcar no avião, Grace, sozinha, via-se cada vez mais nervosa para o que viveria nos próximos três meses. Seria uma vida completamente nova. Moraria com seu pai, que não via há meses. Andaria pelas famosas ruas de Londres, respirando o ar gélido do inverno. Veria a Thomas, alguém que fazia-lhe muita falta. A saudade era tanta que Grace acompanhava o mapa na tela à sua frente a todo momento, só para sentir-se cada vez mais próxima dele.

Seriam oito horas de viagem. Havia uma senhorinha sentada ao seu lado, já dormindo. Grace não conseguia fazer sua mente parar para descansar nem um pouco. Fechou seus olhos imaginando como seriam seus próximos dias. Seria maravilhoso que Thomas estivesse no aeroporto para recebê-la, mas sabia que isso não iria acontecer. Ela mesma havia pedido para ele não ir. Havia se arrependido, na verdade.

Foi com esses pensamentos que Grace caiu no sono. Sonhou com frésias, livros e Thomas. Sentiu como se fosse real que, mais uma vez, estivesse com a cabeça apoiada em seu ombro enquanto ele lhe falava sobre a vida, sobre Deus e sobre coisas engraçadas. Acordou no susto ao ouvir a voz do piloto falando que aterrissariam em minutos no aeroporto de Londres.

NÃO POSSO TE AMAROnde histórias criam vida. Descubra agora