Fukurou

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Devido ao sol se encontrar baixo, o vasto céu azul ameaçava se tornar alaranjado. A brisa levemente quente atravessava o vasto caminho e as colinas verdejantes. Para a pequena criança, a liberdade de correr por aquele local era o ápice de sua felicidade. Com a imprudência infantil, aqueles que a observavam apenas puderam suspirar em derrota, mas alegres com a animação da garotinha.

– Somali, não corra para muito longe. – o Golem ordenou sem emoção, porém, era evidente o cuidado que tinha por sua menina.

– Papai, papai. Estou vendo um coelho logo ali. – e antes que um novo protesto fosse dito, a criança correu em direção ao pequeno animal.

– A energia da Somali é admirável. – caminhando ao lado do grande Golem, um ogro oriental comentou ao tentar evitar que um pequeno sorriso surgisse em seu rosto.

– Ela deveria tomar mais cuidado. – afirmou a outra criatura.

– Você é um pai muito protetor, senhor Golem. – entre um riso gentil, uma voz aguda tomou toda a atenção dos dois seres. A voz era pertencente ao ogro anão que parecia liderar a caminhada, demonstrando estar em total paz.

– Apenas estou evitando um possível infortúnio.

– Está tudo bem, senhor Golem. – o pequeno ser sorriu calmo, tentando trazer segurança ao amigo. – Essas terras são conhecidas por sua segurança. Além disso, estamos próximos da floresta.

– O que isso deveria significar?

– Ah. É natural que você não conheça a Floresta de Fukokia. – dando seu comentário, o ogro oriental se dispôs a explicar. – A Floresta de Fukokia é conhecida por abrigar as Bestas das Sombras. Dizem que são criaturas místicas de enorme poder e conhecimento. Contudo, apesar de não serem hostis, não gostam de interagir com outras criaturas que não forem aquelas que provaram seu valor.

– E devido à sua força, muitos respeitam essa região e, até mesmo, a evitam. – completou o ogro anão, entre um sorriso descontraído. – Principalmente, devido ao fato que criaturas ruins são punidas dependendo do ato cometido.

– Entendo. E vamos encontrar sua amiga aqui?

– Mirin, certamente, nos receberá. – o pequeno ser confirmou. – Além disso, ela pode nos guiar pela floresta para agilizar nosso objetivo.

O Golem não disse mais nenhuma palavra, fazendo com que os ogros se perguntassem qual a opinião do amigo. Contudo, a chegada da garotinha ganhou destaque, fazendo com que palavras doces fossem dirigidas a esta quando a menina entregou as flores que colhera com tanto cuidado.

Ao caminharem por mais alguns metros à frente, o ogro anão apresentou o que parecia uma trilha esquecida. Na realidade, o Golem não soube afirmar se aquele caminho já fora, realmente, uma passagem. A vegetação parecia intacta, como se nunca tivesse sido alterada antes. Assim que o pequeno ogro anão caminhou para dentro da mata, seu corpo deu um sobressalto, como se tivesse se lembrado de algo importante. Os outros adultos estranharam aquele comportamento, contudo, a pequena garotinha não pareceu se importar.

– Por que parou, Shizuno? – inocente, a criança se mostrou curiosa.

– Sabe, Somali. Enquanto estivermos na floresta, você não pode se afastar de nós. Nem por um momento. Não colha nenhuma planta ou ameace os animais que vivem aqui.

– Ah... Não posso brincar, então?

– Sinto muito. – o ogro anão sorriu gentil. – Apenas por agora.

– Somali, venha aqui. – o Golem pediu e a garotinha o atendeu.

Habilidosamente, a criatura tomou a pequena em seu único braço. Dessa forma, ele teria certeza de que Somali não faria nada do que fora dito pelo curandeiro. Contudo, apesar da preocupação ter sido solucionada, o antigo protetor da floresta não estava tranquilo. Algo despertava seus instintos e, assim, não era capaz de se manter em paz ou mesmo de não se sentir intimidado.

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