Capitulo I

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Me recordo de minha infância, da pureza dos animais, do sopro de primavera que fazia as folhas das árvores caírem. Me lembro dos meus pais mas não com muita clareza, me lembro dos rituais e toda a magnitude que percorria cada poro do meu corpo.

...

- Vamos, já está na hora, se arrume logo e pegue o máximo de alimento possível e fuja para bem longe - Mamãe me acorda as pressas descobrindo meu corpo dos finos trapos de algodão me puxando rapidamente para fora da cama.

ㅡ Você não vem? ㅡ Me levanto rapidamente para arrumar meu cesto de frutas.

ㅡ Você sabe que a qualquer momento eles virão, vá embora agora. ㅡ Mamãe se vira ㅡ Que os mestres te protejam e guiem em segurança minha pequena, eu te amo. ㅡ Recebo um beijo na testa, os lábios frios e trêmulos me deixavam cada vez mais assustada.

Ao abrir a porta de madeira fina e úmida ao horizonte vejo aqueles que vieram arruinar nossas vidas se aproximando, alguns montados em cavalos e outros um pouco mais afastados caminhando em nossa direção.

ㅡ Entre na passagem, rápido ㅡ Mamãe sussurra, me ajoelho ao chão puxando o tapete descendo silenciosamente pela escada de madeira fina.

ㅡ Por favor eu nunca fiz nada de mal ao vilarejo, eu sou só uma curandeira ㅡ Escuto barulhos ocos, como se fossem socos, cada estalo me fazia tremer e arrepiar, as lágrimas geladas que escorriam pelo rosto me faziam ter sede de vingança por aqueles homens.

ㅡ Onde está a garota? ㅡ Uma voz grave fala.

ㅡ Nunca existiu garota, ela era uma familiar distante e já partiu faz semanas ㅡ Ouço a voz de minha mãe, em meio aos prantos ela mal conseguia pronunciar as palavras.

ㅡ Que seja, levem-a para a vila! Depressa ㅡ O homem grita para os outros quatro ou cinco homens que eu tenha me lembrado de ver.

ㅡ Não! Por favor! Me deixem em paz ㅡ Os gritos eram ensurdecedores, eles ficarão em minha memória pela eternidade.

Certo tempo depois saio da passagem secreta me certificando de que ninguem estara mais lá, visto um vestido preto e me cubro com uma manta preta que caia sob os cabelos negros até o chão, pego o cesto de frutas e vou em direção a floresta a frente da casa onde vivi 19 anos.
O som do vilarejo ficara cada vez mais próximo dos meus ouvidos, a floresta estava silenciosa e escura, através das árvores vejo uma multidão, me aproximo meticulosamente e vejo meus pais e irmão subindo as escadas da morte.

ㅡ Aqui está a família do renomado fazendeiro Conrad, sua esposa Marrie e seu filho Edward, todos acusados de bruxaria pois os animais das fazendas Sloan e Petter morrem antes de vir ao mundo, as terras não dão frutos e o pior crime de todos, seus filhos nunca passaram dos 3 meses de idade, sendo assim acusados de bruxaria e sentenciados a morte! ㅡ O prefeito Jones falava olhando para a multidão de fiéis que gritavam em euforia.

Com seus rostos cobertos por um saco preto e as mãos amarradas para trás eu podia ouvir o grito dos três ecoarem pela floresta, um dos fiéis coloca a corda no pescoço de cada um rapidamente, e sem avisar puxam a alavanca que faz com que o chão de madeira caia ao chão fazendo com que eles sem apoio algum morressem lentamente.
Atônita com o que vi, fiz uma breve oração para meu mestre e jurei que se um dia voltasse a vila destruiria cada pedaço daquele lugar, tudo que fosse vivo ali morreria lentamente e dolorosamente. Ao me virar e seguir meu caminho ouço o grito da multidão, um grito de desespero e medo, me viro e vejo de longe os três corpos em chamas na forca, como um sinal de que ele ouviu minhas orações.
Após horas caminhando resolvo descansar pois a noite chegara e eu só conseguia ouvir o som dos pássaros e de alguns animais a espreita, pego alguns galhos e meu livro de magias, o leio fervorosamente e repetidas vezes a terceira página do livro, em poucos segundos o fogo foi feito e eu pude me aquecer por aquela noite.

...

(Prefeito p.o.v)

ㅡ Aquela velha está omitindo algo, aquela menina deve estar por aqui. ㅡ Entro silenciosamente na casa, o odor de velas queimadas e sangue emanavam do local.

ㅡ Eu estou pirando mesmo. ㅡ Ao sair da casa prendo meu pé em algo parecido com um gancho de ouro, retiro o tapete e me deparo com uma passagem secreta, ao abrir o cheiro de velas e sangue ficara cada vez mais forte.

ㅡ Aquela vadia estava mentindo!

Continua

Salem - fanfic BTS Onde histórias criam vida. Descubra agora