23. Me ajude, por favor

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Karol

Peguei numa mala, porque desta vez a coisa era séria, coloquei o máximo de coisas possíveis, roupas, sapatos, acessórios, algum dinheiro guardado da minha mesada. Tudo o que eu consegui eu enfiei naquela mala, fazendo-a ficar um pouco pesada. Deixei naquele quarto só o que era menos importante, na verdade, tudo ali era importante para mim.

Aquele quarto era uma parte minha, meu lugar favorito, meu refúgio, mas eu sabia que se eu ficasse naquela casa eu teria um destino horrível: minha tia no Texas.

Ela era legal e tal mas já deveria ter uns cem anos, ou duzentos, não me lembro. Sem contar que ela morava numa fazenda com mais ou menos quinze pessoas. Uma fazenda. Quinze pessoas.

Essa vida não era para mim.

Joguei a minha mala pesada pela janela, e ela caiu no jardim fazendo um barulho nada favorecedor. Fiz um esforço para pular me agarrando na grade, fui de encontro ao gramado o que me doeu, dei um gemido de dor e levantei-me rapidamente pegando a minha mala com certo esforço.

Eu não queria pegar o meu carro, além de ter esquecido as chaves na sala, eu também não queria nada que fosse do meu pai, além do dinheiro da minha mesada e... minhas roupas.

Saí pelo portão de casa tentando fazer o mínimo de barulho possível, andei um pouco até me afastar da frente da minha casa. Eu não conseguia conter as lágrimas, elas escorriam automaticamente.

Eu não tinha para onde ir, pensei em ir para a casa da Vale, pois sabia que por mais que ela estivesse com raiva de mim ela não me deixaria na mão numa situação delicada dessas, mas mesmo assim, havia a sua mãe super moralista que logo me denunciaria ao meu pai e "Olá tia idosa no Texas". Confesso que eu nem sabia o nome dessa tal tia minha, acho que eu só a tinha visto uma vez quando eu tinha mais ou menos uns três anos.

Até que a pior pessoa de todas veio na minha cabeça "Ruggero". Droga, não, não, essa era a pior das hipóteses de todas, mas eu estava desesperada e não sabia o que fazer. Sentei-me no meio do fio da calçada com as lagrimas escorrendo, o frio desagradável me atingindo e a escuridão me assustando.

Peguei no meu telemóvel e eu nem sabia se eu tinha o seu número na minha agenda, fui nas minhas mensagens e com toda a sorte achei uma mensagem de Ruggero que dizia "Minha, somente minha.", revirei os olhos ao ver aquela mensagem que eu tinha recebido já fazia um tempinho.

Pressionei com o dedo onde estava escrito "ligar". Começou a chamar e eu desliguei, sem coragem nenhuma. Fiquei mais um tempo ali, tomei coragem e liguei novamente. No quinto toque ele atendeu.

- Sevilla?

- Alô, Ruggero. – falei com a voz trémula. – Ajuda-me.

- Sevilla, o que aconteceu? – ele disse com certa preocupação. – Onde você está? Quem sequestrou você?

- Ninguém, Pasquarelli. Vem me buscar por favor. Vou te esperar em frente da terceira casa depois da minha. – falei caindo em lágrimas.

- Estou indo. – ele disse com aquela rouquidão enlouquecedora em sua voz e desligou.

Ruggero

- Vai te foder, Jorge. Está na mão que Vasco vai ganhar. – eu dizia para o idiota de Jorge enquanto estávamos assistindo ao jogo: Santos x Vasco.

- Também aposto no Vasco. – Mike disse enfiando uma mão cheia de bolinhas de queijo na sua boca.

- Está louco, vocês são uns cuzão. – Jorge disse e eu peguei na minha arma fingindo que ia atirar.

- Fala quem é cuzão, Jorge? – Mike riu.

- Agus, claro. – Jorge, cagão.

- Ah, para. Vão assistir um jogo de futebol que vocês ganham mais. – Agus disse emburrado.

Possessive | Ruggarol Onde histórias criam vida. Descubra agora