Incipit prologus - 0

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As grandes vidraças davam ampla visão do Horizonte carmesim que já se fazia presente aos olhos de Jeon, o sol amarelado surgia trazendo consigo o vermelho inebriante que extasiava seu ser.

O tinhoso se encantava quando os barulhos de ganidos e súplica alcançavam seus ouvidos, alguns clamando por vossa presença, outros suplicando pelo senhor altíssimo.

As almas imundas que se deixaram levar por seus instintos primitivos de quererem sempre ser superior estavam ali, cada uma sofrendo por sua profanação.

Soberba

Avareza

Inveja

Ira

Luxúria

Gula

Preguiça

Estavam todas reunidas no único local que após a morte passariam toda a eternidade, sofrendo, se contorcendo e se lamentando a cada segundo por suas más escolhas em vida.

Estariam todas na presença daquele que na maioria das vezes clamavam o nome, estavam no inferno e na presença de lúcifer.

O tinhoso inspirava profundamente com suas íris razoavelmente fechadas em frente a barreira invisível que o separava do Horizonte a frente quando da porta fora ouvidas batidas suaves, indicando que era hora do mesmo sentar - se em sua grande poltrona e comandar mais uma vez o inferno.

Ao contrário do que todos dizem o inferno não é exatamente como descrevem, um mar de chamas e lava vulcânicas que surgem de qualquer direção, pessoas penduradas em cordas ou estacas enquanto demônios as estripam, esta é a imagem que os humanos veamente conhecem mas ele não é assim, ao menos não o tempo inteiro.

O meg mell ou inferno nada mais é que um simples escritório, escritório este onde as almas vem para fazer o que faziam em vida, trabalhar.

Um lugar de piso plano que parece ser infinito e nada além de uma mesa de trabalho com varias filas e filas de mesas de metal cinza sob uma iluminação fluorescente doentia.

As pessoas sentadas em cada uma das mesas são pecadores que foram condenados ao inferno e que ficam concentrados pensando em coisas, pensando muito bem no que escrever na folha de papel em branco que fica posicionada no centro da mesa e ao lado de uma caneta.

A folha de papel é um quesito importante, todos os dias elas são repostas e as escritas são levadas diretamente a lúcifer, nestas pequenas folhas em branco devem conter os melhores metodos de torturas que conseguirem imaginar pois os mesmo serão aplicados em cada um daquele recinto.

Ao dia o inferno pode parecer o que ninguém imagina, apenas um escritório. Mais a noite, ele vira o que realmente é descrito, com pessoas penduradas em estacas ou intestinos sendo arrancados e desenrolados através da boca.

Lúcifer já se encontrava em sua mesa lendo atentamente a cada palavra descrita por aqueles que o temem quando a porta fora bruscamente aberta, fazendo com que o mesmo olhasse brevemente a silhueta que invadira seu espaço.

─ O que desejas nanjoom?─ Sua voz soara calma enquanto o mesmo vulminava em uma fúria crescente.

Kim nanjoon ou mais conhecido como azazel era o braço direito do tinhoso, o mesmo estava sempre atento as ordem e caprichos do mesmo.

─ Sinto muito por atrapalhar seu trabalho mais temos intrusos no portão dimensional senhor.─ sua voz soara dura enquanto o mesmo se inclinava para fazer uma reverência simples.

Jeon olhou brevemente para o homem a sua frente e revirou os olhos

─ Quer dizer agora que você não é capaz de expulsar alguns intrusos nanjoom?─ seu tom fora espero e acompanhado de um riso soprado quando viu a mandíbula alheia endurecer

Cruzou seus braços e umedeceu brevemente os lábios enquanto mantinha um sorriso zombeteiro e olhava fixamente para o homem a sua frente que continuava de cabeça baixa e uma expressão vazia

─ Eu contínuo sendo um dos mais fortes senhor, entretanto os intrusos não são almas que fugiram do limbo e sim anjos.─ o sorriso que antes se fazia presente no rosto de Jeon sumiu dando espaço a uma feição de puro desagrado

─ Anjos? Como estes malditos conseguiram entrar?! ─ Seu tom aspero e firme fez - se presente por toda a sala mostrando em alto e bom som seu desagrado envolvendo aquela informação

─ É provável que tenham conseguido uma moeda pentecostal.─ nanjoon olhava de soslaio a expressão dura que se apossou do belo rosto do tinhoso
─ Por serem seres celestiais e não poderem ficar por mais que alguns segundos no inferno a moeda pentecostal ajudará- los mais sua graça ficará mais fraca, então o senhor poderá livrar- se deles.

A expressão de Jeon não mudou, ele continuava com seu maxilar travado enquanto prendia o lábio inferior rente a seus dentes e olhava fixamente para nanjoon que continuava curvado em sinal de respeito.

─ Certo!─ Levantou- se rapidamente e abriu suas grandes asas respirando profundamente enquanto amenizava a rigidez de sua voz e face
─ saberemos o por que de anjos virem ao meu paraíso dois mil anos depois de me exilarem.

Seu sorriso era negro, sombrio e perturbador
Jeon não gostava da ideia de ter subordinados de YHWY em seu espaço pessoal e gostaria de se livrar o mais rápido possível daquele fardo.

Com um breve aceno com a cabeça gesticulou para que nanjoon o seguisse e assim o mesmo o fez, com suas grandes asas negras cortando o vendo os dois demônios subiram ao breu incessante da imensidão e voaram em direção ao portão dimensional

Nanjoon permanecia em silêncio enquanto Jeon concentrava - se em seguir a diante, o bater das asas eram os únicos sons ouvidos aquela distância

O tinhoso estava pensativo quando sentiu seu corpo ser atingido e vir ao chão em uma velocidade absurda, uma dor aguda se alastrou por todo o seu corpo em questão de segundos e algo viscoso banhou suas vestes

O diabo estava sangrando.

Com tudo ao seu redor girando olhou em varias direções encontrando nanjoon lutando ferozmente enquanto chamava por si, mais o tinhoso mudou seu campo de visão a algo que se movia lentamente entre a penumbra e Jeon o reconhecia, chegando mais perto ele finalmente pode confirmar seu espanto

─ Miguel! ─ as palavras fugiram de sua boca quando o ser a sua frente sorriu e proferiu:

─ Olá caro irmão, já se fazem bastantes séculos desde o nosso último encontro. ─ seu tom de zombaria fez o sangue do tinhoso ferver em seus vazos sanguíneos e suas iris adquirirem um vermelho carmesim, quando estava prestes a se por de pé sentiu suas entranhas se contrairem

Olhou incrédulo ao ser de luz que continuava o fitando e sorrindo cinicamente enquanto se inclinava até próximo do mesmo para sussurrar - lhe:

─ Não se exalte lúcifer, viemos aqui tratar de um assunto que são de interesses mútuos.

─ E o que exatamente um verme angelical tem que me interesse? ─ sorriu ladino erguendo calmamente sua sobrancelha direita em um gesto de zombaria perante o ser divino.

─ Após dois mil anos, Deus finalmente morreu.

Continua no próximo capítulo

A GRAÇA DIVINA |JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora