Dança Comigo | Único

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Estar em casa, ao mesmo tempo que era um conforto; se tornava um sufoco. Eu me sentia preso, dentro de minha própria mente, do meu próprio corpo.

Eu desejava conversar, sorrir, gritar, ser a pessoa adorável que eu sempre fui. Mas, ao olhar para os olhos frios e sem emoção de Nayeong, meu interior ficava ainda mais preso.

Minha mente, todos os dias me pregava peças rudes e terríveis. Cheguei a pensar que ela estava com outro, que havia se apaixonado por outro, e que não me queria mais. Por isso, apenas ficava em silêncio e nunca me olhava nos olhos.

Mas, Nayeong sempre foi tão clara com seus sentimentos, que eu saberia. Eu saberia.

Nem sempre fomos tão frios. Nossa conexão sempre foi forte o suficiente para que eu soubesse até o que ela estava pensando. Não só seus pensamentos, quanto suas dores e emoções.

Mas, ela estava fria. E eu, com o tempo, acabei esfriando. Ela era meu calor, me aquecia em todos os momentos de frio.

Lembro-me dos momentos, em que dançavamos na chuva, ao som de The Night We Met. Simplesmente colocavamos a música para tocar, numa pequena caixa de som, e saíamos na chuva, dançando até que ela se fosse.

Era uma sensação tão gostosa, a paz sobre nossas costas. Toda a calma do mundo habitava em nós. E naquele instante onde dançavamos, era somente eu, ela, a chuva e a lua.

Eu só desejava aqueles momentos novamente.

Chego a me perguntar, onde eu errei. Onde nos dois erramos, em que momento de nossas vidas deixamos as coisas esfriarem entre nós.

Parei em frente ao parapeito da janela. As coisas estavam quietas dentro da casa. Era somente a noite, a sua lua, agraciando a noite com seu brilho espetacular. E o céu, com as suas brilhantes estrelas.

Eu suspirei, sentindo o vento frio bater em minhas bochechas quentes. Não demoraria muito a chover, visto que quando o céu está muito bonito, é aviso certeiro de chuva.

Então, eu apenas sorri, olhando lá para fora. Deixando, por um momento, minha mente viajar para longe.

Eu sinto tanta saudade da minha Nayeong. Dos seus sorrisos, dos seus abraços e risos. Mas, ela desistiu.

O que me apavora é saber que ela desistiu de nós. Já que assim como eu, ela deve ter percebido que nosso relacionamento já não é mais o mesmo de antes. O que me apavora é saber que um de nós precisará tomar atitude.

O que me deixa ainda pior, é saber que esse alguém será eu.

As lágrimas caiam pelas minhas bochechas gordas, e eu sequer percebi que havia começado a chorar. Apoiado sobre o batente da janela, os meus ombros tremiam em um choro que a muito tempo eu segurei.

A dor no meu peito de saber que eu seria a pessoa à dar o primeiro passo. Não faz sentido continuar com uma relação, onde ambos não estamos dispostos. Onde ambos esfriamos e sabemos, que apesar dos nossos esforços, as coisas não voltarão a ser como antes. Já que tivemos muitas chances de colocar calor em algo que esfriava.

Tivemos chances, mas, as chances acabaram quando o frio se tornou tão alto, ao ponto de criar geleiras enormes em torno de nós dois. Então eu chorei, sob a luz da lua e suas estrelas, tudo que estava entalado na minha garganta.

Nayeong foi a única que eu amei com tanta força. Minha primeira namorada, que se tornou minha esposa. E agora, estamos aqui. Ela é a única que eu amo, e saber que nosso futuro é incerto, me deixa desesperado.

Seco as minhas bochechas, caminhando devagar até o quarto. Posso ver que ela está deitada, olhando para a janela. Não está dormindo, já que se mexe bastante.

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