Gorgeous

One

O destino gosta de surpreender, ainda mais quando a pessoa a ser surpreendida era Harry Potter. Sua vida toda havia sido regada a aventuras e perigos inestimáveis que acabaram tornando-o no que ele era hoje, o salvador do mundo bruxo. Se pudesse escolher é claro que preferia ser só mais um garoto normal, mas não podia, e em uma tentativa de fugir de toda a atenção que estava recebendo após o fim da guerra, resolveu passar seus últimos dias antes de voltar para Hogwarts no mundo trouxa.

Agora estava em um clube trouxa olhando para ninguém mais, ninguém menos que Draco Malfoy, dançando despudoradamente com dois homens trouxas, bêbado demais para se importar com suas atitudes que não faziam juz ao seu status de puro sangue. Era quase inacreditável, mas coisas inacreditáveis aconteciam o tempo inteiro consigo, não?

Continuou a observar o loiro com curiosidade, até que Sam, o barman que já o conhecia por ter frequentado o clube algumas vezes naquela semana, chamou sua atenção, perguntando se queria mais uma bebida. Pediu outra dose de whisky e assim que a recebeu a virou de uma só vez.

— Se está interessado no loirinho, por que não vai falar com ele? — perguntou o barman.

— O quê?

— Você está olhando para aquele cara a um bom tempo e você nunca faz isso. Sempre fica aqui no bar e depois de algumas doses vai embora, mas hoje está diferente. Não imaginava que você fosse gay, mas ele não vai te perceber se não for até lá.

— Eu não sou gay, sou bissexual — disse sem jeito — Mas não estou interessado nele, só estou surpreso de encontrá-lo aqui.

— Conhece ele?

— Colega de escola.

— Se ele é seu amigo, acho que deveria ficar de olho nele. Nunca vi aqueles caras com que estão com ele aqui antes e ele não pediu muitas bebidas, mas pelo estado dele, acho que batizaram o que ele bebeu.

— E ele já esteve aqui antes?

— Sim, ele não vem com frequência, mas apareceu algumas vezes no último mês, quase no mesmo tempo que você.

— Entendo.

Sam saiu para atender outro cliente e Harry começou a prestar mais atenção no loiro que agora estava sendo puxado por um dos caras com quem dançava para um dos cantos da boate. Sua intuição dizia que devia segui-los, enquanto sua mente gritava que não deveria se intrometer. E se algo de ruim acontecesse? Malfoy poderia muito bem se proteger sozinho, mas ele não estava sóbrio... Merlim, porque aquilo estava tirando sua paz?

Desistindo de lutar contra si mesmo, Harry seguiu na direção em que Draco havia sumido, passando por um corredor onde vários casais se pegavam de forma libertina demais para um local como aquele, mas Malfoy não estava ali. Avistou uma porta que dava para os fundos e saiu em um beco deserto com a varinha em punho. Ouviu um ofego vindo de trás de um carro estacionado ali e logo a voz conhecida de seu rival chegou aos seus ouvidos. Se aproximou com cautela, até conseguir ver parcialmente os corpos colados dos dois homens.

— Vamos voltar — disse o loiro enquanto seu pescoço era beijado com certa violência.

— Entre no carro, vamos tornar isso mais interessante.

— Tsk, eu disse que quero voltar para o clube — disse com a voz embriagada, mas sem perder o desdém característico dos Malfoy — Por acaso não ouviu?

— Eu quero foder essa bundinha branca e ouvir você gemer pra mim. — disse agarrando o loiro com mais força, fazendo um pequeno gemido de dor sair de seus lábios.

Harry se preparou para intervir, mas antes mesmo que se aproximasse o loiro sacou a varinha e lançou um stupefy no cara, que foi arremessado contra uma lata de lixo, pousando no chão inconsciente.