Quem sou eu?

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"Eu não posso evitar como estou me sentindo. Com medo das minhas próprias motivações, eu não quero desperdiçar seu tempo" - Say, Ruel.

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As pessoas dizem que felicidade demais é apenas para filmes, que eu deveria deixar de viver como um conto de fadas cheio de fantasias. Por muitas vezes cheguei a pensar que talvez, só talvez, eu devesse mudar quem eu era. Quando eu era pequena costumava a me preocupar com o que os outros pensariam de mim, criei uma profunda máscara cheia de falsas personalidades, foi então que fingindo estar sempre sorrindo que me tornei essa pessoa sorridente. É como dizem: ''Estamos tão acostumados a nos disfarçar para os outros, que no fim acabamos nos disfarçando para nós mesmos''. Não que agora eu seja mais feliz que antes, nem triste, vivo uma vida estável, mas é como se estivesse tão acostumada a fingir que agora sai naturalmente.

A vida nunca foi fácil para ninguém, por isso eu agradeço a cada bom momento que tenho, tempos em que realmente me sinto grata e satisfeita.

Na minha vida toda sempre fui independente, tentando mostrar para os outros que minha felicidade não se baseia neles. Quando chego em casa a primeira coisa que faço é ir ao meu quarto e escrever uma poesia que pudesse definir o meu dia.

Prazer, meu nome é Emma Watson e eu tento viver uma vida perfeita iguais as dos seriados, com uma rotina que todas as adolescentes têm.

[...]

Emi, o que está fazendo aí no escuro? - Perguntou Sarah, minha irmã mais nova.

Que susto, Sarah! - Gritei ao perceber a presença dela em meu quarto.

Respondendo sua pergunta, eu estou pensando na vida. Em como eu sou uma pessoa artificial. - Falei as duas últimas palavras em tom de sarcasmo.

Minha irmã já está acostumada com minha crise de identidade, por isso ela se aquieta e sai do meu quarto quando sabe sobre o que se trata. Diferente de muitas famílias, eu me dou bem com a minha, são as únicas pessoas com quem me sinto eu mesma e que me entendem. Eu nunca tive motivos para forçar demais minha felicidade, mas o fato de me sentir pressionada pela população que se mostra sempre de mal com a vida, gosto de me sentir diferente e especial, ou que pelo menos alguém me visse assim.

Quando digo crise de identidade pode soar estranho, mas se tratando de uma pessoa que passou a vida toda criando personalidades falsas, eu ainda não sei quem sou ou do que realmente gosto.

[...]

Era mais um dia comum para mim, acordei ao som de ''The Winner Takes It All'' e logo me arrumei para a universidade. Assim como todos os outros dias, tomei um café da manhã com minha família e fui estudar. Mesmo sendo uma pessoa bem estudiosa, sou bastante popular no colégio, nunca fui de fazer bullying com ninguém, sou conhecida pelas patricinhas e até mesmo pelas nerds, o tipo de pessoa ''perfeita'' na visão dos estudantes.

Ao chegar no local todos me cumprimentaram, apenas uma única pessoa passou direto por mim sem dizer um 'oi' e essa pessoa se chama Cole Sprouse. Ele é bem rebelde, responde as autoridades, chega atrasado de vez em quando e sempre, sempre está se envolvendo em encrencas.

Hey, Cole! Não vai me cumprimentar?

Ele nem me olhou, passou reto silenciosamente. Isso é o que mais me cativa nele, o fato dele ser diferente dos outros me faz ter uma quedinha do tamanho de um penhasco por ele.

Tentei falar com o Cole no intervalo, mas a única frase que ele me disse foi: ''Quem é você?''. Mesmo que eu saiba que ele sabe quem sou eu na universidade, eu sei que ele não sabe quem sou eu em casa, é como se fosse o único a perceber que sou artificial. Passei a noite toda pensando no que ele me perguntou. Quem sou eu realmente? Do que eu realmente gosto?

Uma frase que ouvi em uma séria me pregou na cabeça e em momentos como esse eu sempre penso nela. Já dizia Criminal Minds:

''Estes com quem vivemos, amamos e devemos conhecer, que nos iludem''.

Eu iludo todos ao meu redor, engano eles sem deixar pistas e isso é o que me deixa mais frustrada, estou cansada de mentir sobre meus gostos, de fingir ser a pessoa mais feliz do mundo. Porém ao mesmo tempo não posso deixar de mentir já que não faço ideia de o que gosto realmente. Eu penso no que as pessoas diriam se eu mudasse do nada, me diriam que sou falsa ou que mudei para pior e é de exatamente isso que eu passei a vida tentando me prevenir.

Talvez esteja na hora de mudar e ter um novo recomeço, mas não irei conseguir fazer isso sozinha, jamais conseguiria burlar minha rotina clichê sem ajuda e eu sei exatamente quem procurar.

Oi, posso falar com você?

Continua...

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⏰ Última atualização: Jun 06, 2020 ⏰

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