Meu nome é Maria Cristina, eu acho que é nome de vó, mas eu gosto.
Tenho 22 anos, faço faculdade de psicologia e estou no penúltimo ano. Tenho albinismo, o que complica um pouco minha vida, mas eu consigo viver com isso. Amo ler, com todo o meu coração, e os romances... É tudo o que eu quero para mim. Moro com a minha melhor amiga Ashley, que faz faculdade de biologia, e nós duas trabalhamos numa lanchonete aqui perto. Dá pra pagar as contas.
Sou relativamente alta, e a Ashley é baixinha (o que eu uso para zoar ela). Ela tem 23 anos (que ela usa para me zoar). Mas a gente se dá muito bem apesar das "zoações".
Ela é meu oposto, eu sou branca demais, ela é negra; eu sou alta, ela é baixa; meu cabelo é longo, o dela é curto; eu sou bonita, ela é feia... Brincadeira.
Ela é meio vampira, não gosta de sair de casa, fica no celular o dia todo, só usa preto. Mas diferente de mim, ela pode ficar exposta ao Sol, o que é uma vantagem para ela.–AAAAASHLEEEYYYY – eu a chamo, delicadamente.
– QUE FOI PORRA? – ela responde tão calma quando eu.
Ela aparece na sala, pisando duro e com o celular ligado na mão. Eu mostro pra ela uma cena de "As Branquelas" que eu estava vendo, e apesar de já ter visto o filme 63829 eu ainda achava engraçado.
Depois de (eu) rir muito ela me olhou com cara de cu, e disse:
– Era isso? – eu assenti com um sorrisão no rosto e ela continua – Você me chamou aqui, eu parei o que eu estava fazendo, pra ver uma cena de AS BRANQUELAS???
–É ué, eu queria compartilhar com o amor da minha vida, um momento que eu achei engraçado. Aliás o que você estava fazendo – eu tomo o celular da mão dela e olho.
Minha amiga tinha instalado o Tinder
Mas eu vou falar uma coisa para vocês, como eu ri naquela hora, não é uma coisa que pode ser expressa em palavras. Porque eu ri muito.
Ela pegou o celular, e foi bufando para o quarto, e bateu a porta quando entrou. É uma criança mesmo.Continuei vendo meu filme, e quando acabou, eram 21:30. Fui dormir, de manhã cedo tinha aula mesmo.
•. •. •.
No dia seguinte, uma bela manhã de fevereiro, segunda-feira, eu estou terminando de arrumar o cabelo, quando a Ashley entra no meu quarto igual um trovão, sem bater nem nada.
– E se eu estivesse nua? – eu pergunto sem olhar pra ela. Sem me responder ela pergunta
– Maria, como eu sei que uma pessoa não vai me matar ou me estuprar num primeiro encontro?
– Hummmmm, vai sair com quem?? – eu termino de fazer minha trança, e olho para ela. – Foi alguém que você achou no Tinder?? Finalmente você vai se socializar com o mundo real.
– Para de graça, eu tô falando sério.
– Ai tá bom, só tava brincando – eu falo, e quando ela revira os olhos eu continuo – leva uma faca, escondida na meia, e se ele ou ela tentar te atacar vc ataca de volta.
– Pedir ajuda pra você é o mesmo que pedir pro cachorro da vizinha.
– Grossa – eu pego minha bolsa, e pergunto – me dá uma carona hoje?? Meu carro tá no conserto de novo.
– De novo?? Já foi 3 vezes esse ano, e estamos em fevereiro. E não vou poder te dar carona, depois da faculdade eu vou sair com a possível serial killer.
– Ta bom, se ela não te matar antes eu quero saber cada detalhe entendeu? – Ela faz que sim com a cabeça, me dá um beijo na bochecha, e sai de casa.
Eu ainda dou uma enrolada, coloco um chapéu, pego minhas coisas e saio também.
Vou andando até o ponto de ônibus na esquina do prédinho que a gente mora, o prédio tem 4 andares e a gente mora no quarto, olha que luxo.
Na rua, eu vejo algumas pessoas que me encaram, e logo desviam o olhar. Porque querendo ou não, albinismo é uma condição rara, e as pessoas olham, e eu não sei o que elas pensam, só espero que não seja ruim.No ponto de ônibus, tem mais duas pessoas esperando. Uma senhora, lendo uma revista, e um rapaz, deve ter mais ou menos a minha idade, moreno, cabelos e olhos escuros e com cachinhos no cabelo. Eu sento para esperar meu ônibus, e abro meu livro para ler.
Li umas 4 páginas, quando percebo um movimento do meu lado. Mas sabe quando você pensa que foi só o vento, ou que alguém só está se ajeitando na cadeira? Eu pensei isso, e não dei muita atenção. Só que o movimento continuou, e se eu conheço a espécie dos leitores, eu percebi que o rapaz estava tentando ler o título do meu livro.
Como eu não sou tímida nem nada, eu falei:– É Mansfield Park. É um romance de época. Se você gostar de ler, eu recomendo. Até agora estou gostando.
A não ser que você seja uma daquelas pessoas que pensam que quem lê romances não é um leitor sério. – Depois de fazer meu mini discurso, percebo que ele está me olhando, com surpresa ele abre a boca, como se fosse dizer algo, mas desiste no meio do caminho.
Ele respirou fundo uma vez e disse– Não eu... Quer dizer... Eu não... – eu franzi a testa tentando entender o que ele queria dizer, ele inspirou profundamente, e disse por fim – Desculpa, eu não sou bom em falar com os outros. O que eu quero dizer é... – pigarreou – eu já li Mansfield Park, e eu gosto muito.
Fico um pouco surpresa, porque a maioria dos homens pensam que se eles lerem romances vão ser menos homens do que são. Eu acho RIDÍCULO, mas tudo bem, é aquele ditado: ema, ema, ema, cada um com seus problemas.
– Sério? Eu amo as obras da Jane Austen e acho que ela era muito a frente de seu tempo, tipo, imagina... – e pronto, eu já estava tagarelando, como eu sempre fazia, quando me empolgava com algo. Eu acho que fiquei uns 5 minutos falando do quanto eu amo Jane Austen e todos os seus feitos... Aquilo no rosto dele era um sorriso?? – Desculpa, eu começo a tagarelar quando eu falo de alguma coisa que eu gosto muito.
Eu estava vendo meu ônibus, vindo para o ponto.
– Não se desculpe por isso – ele disse – eu entendo sua empolgação, Jane Austen realmente é à frente de seu tempo.
Eu dou um sorriso simpático, e me despeço dele, para subir no meu ônibus e ir para a faculdade.•. •. •.
Primeiro capítulo completo. Eu espero muuuuito que vocês gostem. Aceito sugestões e críticas construtivas, mas não sejam malvados por favor😁. Votem e comentem e eu amo vocês ❤️
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Alvorecer
RomanceA história de Maria e Daniel, que conta como eles se conheceram, e uma tragédia, que obrigada os dois a dividirem o apartamento. (Sim é um clichezão)