Alvorecer

•Daniel•

Apresentações antes de tudo: meu nome é Daniel, tenho 24 anos e estou no último ano da faculdade de letras. Sou completamente apaixonado por livros, e gosto de desenhar, o que faz de mim, o garoto estranho que senta sozinho no recreio e filho da tia da cantina. Eu tenho um pouco (muita) dificuldade em me relacionar com as pessoas. Moro sozinho num apê pequenininho, mas eu gosto. Acho q tem muita personalidade. Tenho um cachorro lindo da raça doberman. E acho que isso é o mais importante sobre mim.

Eram 7:45 da manhã, hoje os professores deram folga para a gente (sei lá eu por que) e eu aproveitei para fazer uma visita para minha mãe.

Eu estava indo para o ponto de ônibus, quando eu a vi.
Isso deve parecer muito clichê para vocês, porque realmente é, mas meu coração errou uma batida. Ela era linda. Branca como a neve, da cabeça aos pés, com um chapéu, daqueles que a gente usa na praia, com abas largas e lendo Jane Eyre. É um dos meus livros favoritos.

Eu tento me aproximar para ver em que parte do livro ela está (uma mania que os leitores têm), só que eu não fui tão sutil quanto eu esperava. Ela me viu, e ao invés de me ignorar, ela começou a falar comigo!
E claro, eu gaguejei, igual um idiota.
Enquanto isso, meu coração dizia em fortes batidas "é ela é ela é ela".

Infelizmente, o ônibus dela chegou, antes que eu pudesse dizer algo coerente. Depois de ler tantos livros, eu sempre espero que o amor da minha vida esteja por aí em algum lugar. Então toda vez que eu saio na rua, eu fico procurando, pra ver se o amor da minha vida aparece,até agora nada. Mas... E se for ela?

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Eu chego na casa da minha mãe, com os pensamentos longe.
A velhinha tá ouvindo Roberto Carlos e lavando a louça. Chego perto dela e ela fala:

– Ué, não foi pra faculdade hoje?

– Oi mãe, eu estou bem e você? Eu também estava com saudades. – Falei com sarcasmo dando um beijo na bochecha dela. – Hoje os professores deram folga para a gente. Não sei porquê.

– Entendi, você vai ficar pro almoço?

– Vem mais alguém além de mim?

– Sim, sua irmã falou que vem, com toda a trupe dela – ela riu, e depois me olhou séria – por que, você não quer ficar sozinho comigo??

– Não é mãe, é que eu não quero que você faça almoço só para mim, mas já que a Jaque vem mais o marido, mais as 5 crianças, vou ficar né.

– É bom mesmo. Então vamos, não vai ficar aí de bobeira não, pega as panelas e começa a temperar as carnes.

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Estávamos terminando o almoço, quando ouvi uma gritaria lá fora e soube que a Jaque tinha chegado.
Ela é minha única irmã, tem 31 anos, e já tem 5 filhos.
Nós moramos na mesma casa por 15 anos, e quando ela saiu de casa, foi o dia mais feliz da minha vida. Como qualquer irmão que se preze, eu irritava minha irmã, e ela me irritava. Mas no final, a gente descobriu que nos amamos muito.

Apesar de ela ser chata.

Conversa vai, conversa vem. Ela ajudou a mãe a lavar a louça, e eu fiquei brincando com os filhos dela. O marido dela nem tinha ido, porque ele tem preconceito da nossa família, sabe Deus o porquê.

A Ju é a mais velha, tem 13 anos, e está naquela fase de celular, amigos virtuais, e mais celular.
O Caio e o Nicolas vem depois, são gêmeos e têm 11 anos. Eles não são idênticos, mas continua sendo difícil identificá-los pela aparência. Só que só de olhar o jeito deles você já sabe quem é quem. O Caio é mais quieto, e só fala quando chamam ele na conversa, já o Nicolas não para de falar um segundo.
A Thami tem 8 anos e é a mais difícil de todas, ela é grossa com as pessoas por motivo nenhum, e vive levando xingo. Deus queira que seja só uma fase.
E por último, a Mel. Que tem 2 anos e é a coisa mais linda do mundo. Ela ainda não consegue pronunciar a letra R e ela fala igual o cebolinha. Vive correndo atrás do Caio e do Ni. Ela sabe que a Thami e a Ju não vão dar atenção pra ela, então ela brinca com os dois.

Eu fiquei brincando com a Mel, com o Nicolas e o Caio. Ficamos brincando com os carrinhos hot wheels dos dois. Depois de um tempo os gêmeos foram brincar de queimada lá fora, e eu continuei brincando com a Mel.
Uma hora ela cansou e falou:

–Tio Dani, vamos blincar de outla coisa?

– Claro amor. Do que você quer brincar?
Ela parou um momento para pensar e depois falou:

– E se a gente pintar um desenho?

– Ótima ideia! Você pega os desenhos, e eu pego o lápis de cor pode ser?

Ela disse que sim, e foi pegar o livro de colorir dela. Eu fui até o meu quarto antigo, e peguei os lápis de cor. Apesar de ser bom morar sozinho, saber cuidar de mim, ter a minha própria independência, dá uma saudade de estar nessa casa.

Fui para a sala e fiquei esperando a Mel pegar os desenhos.
Ela voltou alguns minutos depois e eu falei:

– Que demora hein??

– Desculpa tio. É que eu não sabia onde tava. – e dá um daqueles sorrisos tão grandes que o olhinho dela fecha.

Começamos a pintar, e eu fiquei impressionado com a capacidade dela para pintar. Ela com meros dois anos, já pintava dentro da linha, com poucos erros.

Eu fiquei lá um pouco mais, e depois fui para a minha casa, aproveitar meu dia de folga...

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Só que não era isso que o destino queria para mim.
Depois de exatos 15 minutos em casa, alguém bate na porta, e quando eu vejo, é a Jaque, pedindo socorro com sua penca de filhos atrás dela e a Mel no colo.

– Daniel eu preciso da sua ajuda.

– Entra aí – abri a porta para ela entrar, e ela sentou no sofá, e como todo mundo já estava acostumado com a minha casa (um apartamento médio) cada um tomou seu rumo, alguns foram para o quarto, outros foram para a cozinha e só ficou a Jaque na sala. – O que aconteceu, por que você está com essa cara??

– Ai Dani. Eu preciso de um favor gigantesco seu.

– Lá vem. – eu falo e reviro os olhos, mas ao ver a cara séria dela, me recomponho.

– A mãe do Carlos – o marido dela – teve um infarto, e ela mora longe você sabe – quando eu fiz cara de quem não sabia ela explicou – cara, ela mora no Maranhão.

– Puta merda – eu falei, entendendo onde ela queria chegar.

– Enfim, o Carlos quer que eu vá lá, fazer companhia para ele, e para a mãe dele, ela já tá muito velhinha, e qualquer coisa é um risco. Ela foi encaminhada para o hospital rápido, e tá tudo bem só que nunca se sabe né??

Ela ficou em silêncio por 2 minutos (eu contei) e disse em um fôlego só:

– Eu preciso que você cuide dos meus filhos enquanto eu estiver lá.

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Genteee terminei o segundo capítulo, e o terceiro já vem por aí. Eu não pretendo me demorar muito na história, no máximo vai ter uns 50 capítulos, E daqui a pouco o romance começa a acontecer.
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Amo vocês ❤️❤️❤️