Ultimamente, confusão tem sido meu sobrenome. Por quê? Nem eu sei ao certo. Sinto que preciso mostrar que posso fazer o que quiser.
Mas, talvez esteja errada em pensar assim. A criação que tive me fez sentir essa necessidade.
Agora, aos meus 23 anos, faço as pessoas me detestarem tanto quanto eu detesto uma festa de família.
🖤
Estou num bar da cidade, para encontrar alguns amigos. Sentada num banco de madeira, usando meus velhos coturnos de couro gastos e desamarrados. Tomando um Whisky que queima minha garganta enquanto desce.
Vejo Any andando em minha direção. Não apenas eu, pois essa loira de cabelos longos chama a atenção de muitos na bagunça. Atrás dela vêm Miguel e Nicolas. E para minha desgraça, logo vejo Antony, irmão da minha melhor amiga, os acompanhando.
Dou um último gole na bebida, acenando para o garçom trazer mais. Sorte minha que é o cara que foi apaixonado por mim no ensino médio e sempre me paga as bebidas quando venho aqui. Pedro se aproxima com uma garrafa de Johnnie Walker pela metade.
- Seus fiéis escudeiros chegaram - diz, olhando para trás de mim com um sorriso. Assim que ele termina de me servir, dou um leve piscar de olhos em agradecimento, virando-me e encontrando Nicolas atrás de mim.
- Chegou quem faltava - digo, enquanto ele me examina dos pés à cabeça, parando um pouco mais nos meus seios, onde cintilava um colar com um pingente de auréola, ironicamente um presente de Antony.
- Só vim para melhorar sua noite, gata - puxa-me pela cintura e cheira meu pescoço - Cheirosa como sempre - jogo a cabeça para trás, rindo, e ele me solta.
Any logo me dá um beijo no rosto com um sorriso travesso, indicando que algo está prestes a acontecer... e eu planejo me envolver.
O intrusivo Miguel se senta ao meu lado, dá uma apertada perto do meu joelho como cumprimento, e com a mão livre pega meu copo para beber. Quando ele toma, faz uma careta.
Entre nós três, sou a única que bebe Whisky.
- Isso é o que acontece quando alguém é intrometido e toma a bebida dos outros - digo, pegando meu copo de volta das mãos dele. Vejo uma bota preta na minha frente. Estou sentada, apoiada nos cotovelos, cabelo para trás. Coloco o copo na bancada e sorrio, imaginando o que está por vir.
- Sentiu minha falta, querida? - diz com seu jeito cafajeste. Às vezes ele esquece que tudo que sei aprendi com ele.
Levanto os olhos de seus coturnos pretos para suas íris castanhas, que já foram minha perdição.
- Menos do que o esperado, acredito - sorrio para ele, que fixa os olhos nos meus lábios.
- Pode falar à vontade, Maila. Eu sei a verdade - revira os olhos. - Você, nossos amigos, e a cidade inteira também sabem.
- Qual seria essa verdade, meu caro? - pergunto sarcasticamente.
Olho para meus amigos e percebo todos nos observando, especialmente Any, que me olha intensamente e revira os olhos. Ao contrário de Antony, que tem olhos castanhos escuros, ela tem olhos castanhos claros.
Ele tenta se aproximar para sussurrar algo, mas eu o interrompo, colocando uma mão no seu peito.
- Respeite meu espaço pessoal, por favor - encaro-o profundamente, deixando claro que intimidar não é algo que funcione comigo.
Ele ri ironicamente, algo que odeio e tolero ao mesmo tempo.
- Já ultrapassei várias vezes, e posso fazer de novo.
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Confusão Ardente
General FictionEla acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam. - Clarice Lispector - A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1977. até onde você iria por alguém? Confusão Ardente. - Por @_sweetdallas.