Capítulo três

88 7 45
                                    

Uma semana de aula se passou, eu conheci uma amiga nova, Hollis é muito animada, divertida e linda, seu cabelo é ruivo e volumoso, seus olhos são de um verde vibrante e ela tem pequenas sardas no rosto, ela me faz companhia todos os dias, já que depois que me mudei, minhas "amigas" nem deram sinal de vida.

Christian me procura todos os dias para falar comigo, mas não quero ver ele, então dou meu jeito, todos estão encantados com ele e Thomas é um que entrou para o seu fã clube.

- Ah Bells estou tão animada!! - Hollis se joga na cama enquanto arrumamos as malas, ela dormiu na minha casa noite passada.

- Calma Hollis é só um acampamento, e para variar com o chato do Thomas.

- Então por quê você aceitou?

- Porque você e o Thomas são meus únicos amigos, e minha mãe viu quando ele me convidou, e você sabe que ela não me deixaria recusar.

- É tem razão! - minha mãe ficou super empolgada com a ideia de eu sair um pouco com alguns amigos. Nós vamos acampar em um parque natural, com um bosque enorme e várias cachoeiras, será ótimo para fotografar.

- Termine logo de arrumar as suas coisas, para gente ir logo!- ela joga um travesseiro em mim e sai gargalhando do quarto.

- Você é mesmo uma covarde, venha e lute como um homem!- escuto sua risada no corredor.

Minha nossa a casa do Thomas era enorme, ele termina de colocar nossas coisas no carro e entra, Hollis se senta ao lado dele e eu me sento no banco de trás.

Levo um susto enorme quando vejo Christian sentado ao meu lado.

- O que ele está fazendo aqui?

- Oi para você também, Isabel.- ele está sorrindo, como sempre.

- Eu o convidei, não achei justo que só fosse eu de menino, não ia ter graça alguma!- Thomas está com um sorriso irônico nos lábios, que eu mesma quero arrancar dando um soco, não é justo, ele sabe que não gosto do Christian.

- Bom, então vamos!- fecho a cara para ele e me viro para janela.

Depois de um tempo de viagem finalmente chegamos, Thomas e Hollis estão pegando as malas e Christian e eu estamos montando as barracas.

- Por que você me evitou esse tempo todo? Foi porquê eu te derrubei na cafeteria?- ele sorri com sarcasmo.

- Não, não foi só por isso.

- Então, por quê?

- Porque você é insuportável, arrogante e só pensa em si mesmo.

- E o que te leva a pensar isso de mim?- ele diz com um brilho triste nos olhos e sinto uma pontada de arrependimento.

- Você quer ser amigo de todos, você sempre está sorrindo, como se nada no mundo importasse, como se não houvesse problemas, e isso não é verdade!

- Se você não é feliz, não pode culpar alguém por isso, acredite é melhor sorrir do que ficar se lamentando pela vida!- meus olhos ardem com as lágrimas que sinto que estão chegando, vou rapidamente para o carro e troco de lugar com Hollis.

Ao anoitecer vamos procurar madeira para fazer uma fogueira, estou entrando muito no bosque mas não ligo.

- Oi, tudo bem?

- O que você quer?- digo para Christian, que eu sei que está me seguindo.

- Desculpa, não queria te ofender, só queria entender por quê você é tão triste, não me diga que não é verdade, porquê eu sinto isso...

- Quer a verdade, vou te dizer a verdade!- ele se senta em um tronco e eu me sento em outro.

- Há um ano atrás meu namorado morreu em um acidente de paraquedas, nós começamos a namorar quando fiz quinze anos e...-lágrimas escorrem livremente pelo meu rosto- ele me amava e eu amava ele, não conseguíamos ficar um dia longe do outro que parecia uma eternidade, ele foi para essa viagem sem mim porquê na época eu estava doente, e então aconteceu esse acidente e ....- não conseguia respirar com tantas lágrimas e soluços.

Christian se senta ao meu lado e me abraça sem dizer nada, repouso a cabeça em seu peito e choro.

- Desculpa, não sabia... eu não fazia ideia!- ele diz depois de um tempo.

- Sinto como se uma parte de mim tivesse morrido para sempre, e que essa parte era tudo de bom que eu tinha.

- Não, não pense assim, você tem que seguir em frente de cabeça erguida, se ele estivesse vivo, acredito que não suportaria ver você desistindo da felicidade!

- Tem razão, chega de sofrimento!- ele limpa minhas lágrimas e se levanta.

- Bom vamos pegar essas madeiras e voltar.

- Obrigado!- ele me olha incrédulo.

- Sério, nunca me abri com ninguém sobre o que sentia com relação ao acidente, obrigado por me ouvir!- ele sorri com ternura e aquelas lindas covinhas aparecem.

- Finalmente vocês chegaram, pensei que tivessem se perdido!- Hollis diz e me ajuda com as madeiras.

- É que... - Christian se atrapalha com as palavras e eu interrompo.

- Demoramos para encontrar as madeiras.- Thomas me encara com desconfiança, mas depois dá de ombros.

Ficamos até tarde contando histórias, fazendo jogos e desafios, quando reparo que aquela foi a primeira vez que me diverti de verdade desde o acidente.

No dia seguinte antes de irmos embora, decidimos ir nadar no rio perto da cachoeira, peguei minha câmera e vesti um short jeans, um cropped branco com listras pretas e um tênis.

- Bells, você está maravilhosa com essa roupa mas, é muito difícil nadar com jeans, você sabe disso né.

- Eu sei Hollis, mas eu não vou nadar, só fotografar.- mostrei a câmera para dar ênfase ao que disse.

- Ata, então comece por mim. Sei diversas poses.- ela fez várias caretas e poses, e duvido que algum dia na minha vida eu já gargalhei tanto.

- Você está rindo ou passando mal. Porquê parece que vai ter um infarto a qualquer momento.- Thomas diz com sarcasmo na voz e eu faço uma careta para ele.

- Parece que você está de ótimo humor hoje, "Bells". - levo um susto quando Christian aparece na água.

- Você não vai nadar?- Thomas pergunta.

- Na verdade eu não sei nadar nunca aprendi.- respondo um pouco envergonhada.

- Não se preocupa Bells, a gente te ensina!- Hollis fala como se aprender a nadar fosse a coisa mais fácil do mundo.

- Não, acho que ....

Quando vejo já estou na água, Hollis me empurrou e está com um sorriso nos lábios, a água não é funda, por isso não me preocupo quando todos eles pulam não água e jogam água para todo lado.

E ficamos ali, jogando água um no outro, com certeza eu estava radiante, e muito feliz, na verdade todos nós estávamos.

Tudo o que eu precisava Onde histórias criam vida. Descubra agora