Todoroki Shoto nunca gostou dos finais de semana em que era obrigado a passar na casa de seu pai. Para começar, o menino não tinha muito contato com o homem, pois o mesmo era separado de sua mãe desde que se entendera por gente. E ainda por cima, visitá-lo era entediante, porque seu pai vivia trancado em seu escritório trabalhando e largava Shoto em qualquer lugar da casa, pedindo unicamente para que ele não entrasse em sua sala sem permissão.
Todoroki sentia-se infeliz naquela casa absurdamente grande. No instante em que colocava os pés ali, sentia vontade de ir embora correndo de volta para os braços quentes de sua mãe. No entanto, ele tinha onze anos e era adulto o suficiente — ou se achava adulto o suficiente — para aguentar dois dias praticamente sozinho trancado naquele lugar sem reclamar, afinal, sua mãe havia conversado com o mesmo no dia anterior e explicado o quanto isso era importante para que eles pudessem viver em paz. Obviamente, o menino não havia compreendido tudo o que ela havia dito, só o básico; seus pais haviam feito um acordo para que ele ficasse com sua mãe, mas em troca, Shoto teria que passar os finais de semana na casa de seu pai. O porquê de seu pai querer tê-lo aos finais de semana era um mistério para ele, afinal, nas raras vezes em que vira o homem de cabelos cor de fogo era quando o mesmo ia buscá-lo e durante as refeições, nada mais. Não fazia sentido quere-lo ali, sendo que não ficaria com ele. Não fazia sentido algum. E era isso que deixava o menino mais frustrado.Já passavam das duas da tarde, fazia um bonito dia de sol na cidade, no entanto, Shoto sentia-se absurdamente entediado. Não tinha nada de interessante passando na tevê, havia zerado seu jogo e para completar, não tinha trazido consigo nenhum livro interessante que pudesse, no mínimo, distraí-lo. O menino até tentou dar uma volta pelo jardim, procurado inutilmente algo útil para fazer, porém, não havia nada ali.
Quando voltou para dentro, uma ideia lhe surgiu; e se seu pai tivesse algum livro interessante em seu escritório? Talvez pudesse emprestar e assim ter algo para fazer ao invés de continuar sendo tomado pelo tédio.
É isso, Shoto pensou, decido, enquanto subia a enorme escadaria e se dirigia até lá.Parado na frente da porta de madeira, o garoto respirou profundamente e bateu na porta três vezes.
Não obteve resposta.
Bateu novamente.
Ninguém respondeu.
Por alguns segundos, pensou em simplesmente virar as costas e ir embora. Porém, uma vozinha quase que maligna dizia em sua cabeça que se ele fosse rápido, poderia entrar, pegar um livro e sair sem ser descoberto.
"Nunca entre no meu escritório sem permissão. É tudo que eu peço; há coisas lá que não são para criança."
A voz de seu pai surgiu subitamente em sua cabeça, fazendo Todoroki saltar para longe da porta. O menino olhou para os lados, se certificando se aquilo havia sido apenas coisa da sua cabeça.
Soltou um suspiro de alívio ao constatar que sim.
Não havia ninguém.
Seu pai também não estava lá.
Se ele fosse rápido o suficiente...
"Há coisas lá que não são para criança."
Shoto ignorou aquilo, afinal, seu pai deveria estar apenas exagerando, certo?
Ele não podia estar mais errado.
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The boy who ceased to exist |TODODEKU|
FanfictionTodoroki Shoto jamais esqueceu daqueles vívidos olhos verdes, no entanto, toda a esperança que havia reunido de encontrá-lo outra vez havia se exaurido com o decorrer dos anos. Para ele, encontrar Izuku outra vez era algo quase impossível. No entant...