o livro que você nunca deveria ler

sabe.

em meio a dias de surtos, e ainda na noite do seu aniversário eu surtei de novo pra não perder o costume,- perceba leitor que os surtos são frequentes, acontecem até hoje e são cada vez piores, mas eu chego lá -  e você ficou o tempo todo comigo e me pediu pra ficar mais uma vez, mas foi nessa, especificamente nessa, que a minha chavinha virou e eu entendi o que eu sentia por você verdadeiramente. você já sabe que eu percebi que gostava de você antes disso e nesse dia quando você já tinha bebido seus cantinhos me disse que era doida por mim e tava pedindo uma chance pra gente se conhecer melhor e que não ia me magoar eu realmente cedi. disse que ia confiar em você e que se me magoasse a culpa era sua, e bem, até hoje eu sempre reforço isso.

e entre a vontade de ficar e a vontade de fugir a gente seguiu conversando no dia 29 de maio, inclusive tem um dos diálogos mais memoráveis nossos onde eu digo "hahah tadinha acha que 1 mês ainda vai estar falando comigo". brincadeiras a parte e eu sei que só eu quem riu dessa parte, a noite chegou e eu continuava convicta e profetizando que a gente não ia se falar até o fim da quarentena eu dei a brecha exata pra você me contar de alguém que você queria ta pertinho, foi quando você mandou uma foto minha, então foi a minha vez de mandar uma foto sua e te contar de uma garota que eu gostava e ali foi a primeira vez que eu me declarei pra você e pra minha enorme sorte, você se declarou de volta. 

nessa conversa a gente colocou pra fora tanta coisa bonita que sempre quis contar uma pra outra, mas que estava tudo tão entalado, tão atolado embaixo de medo, de receios e de traumas que quando saiu ninguém acreditou. enquanto eu lia cada palavra linda que você tinha me dito eu chorava descompensadamente, e eu amo voltar nas nossas conversas e relembrar coisas como " ela some de vez em quando, eu fico morta de saudade, mas sempre que ela volta, meu coração acelera.". eu sempre te disse sobre estar 70% entregue e 30% com medo, mas que eu seguia firme nos 70%. e claro que coisas aconteceram nesse mesmo diálogo e eu sumi de novo por um tempo, visitei sentimentos próximos dos que narrei no capítulo anterior, mas se eu fiquei mesmo com tudo, afinal de contas sempre por amor.

essa nossa madrugada correu solta, e era a virada de sexta para sábado, eu continuei editando os vídeos da atlética, você ficou assistindo séries e fomos nos conhecendo cada vez mais, dentre os textos de declarações nunca teve nada concreto como "eu gosto de você", mas pra um bom entendedor meia palavra basta, porque eu não precisava que você me confirmasse com essas palavras, eu verdadeiramente podia sentir isso. eu podia sentir o seu carinho, o seu cuidado, o seu colo em cada palavra que você me mandava, e mesmo sem nunca ter visto você. ficamos noite a dentro conversando sobre tudo que contamos, sobre quando você me deu um fora, sobre você falando de mim pro seu amigo e tantas coisas mais, e ali a gente via as inúmeras situações onde o sentimento já falava mais alto. não teve hora melhor na minha vida pra você se declarar pra mim, e eu digo que não teve momento melhor em perceber que eu queria mesmo tentar, fazer a gente acontecer. 

e então esse foi nosso primeiro dia 30 de muitos que eu ainda espero ter. realmente a gente desbloqueou um medo dentro dentro da gente de se envolver com outra pessoa, e sem nem perceber começou a fazer planos juntas, de viver uma vida, ir no cinema, comer alguma coisa gostosa... sem nunca ter se visto. é tudo muito lindo de se ver e você sempre ressignificou muita coisa dentro de mim, mesmo com todos os surtos e todos os medos, porque se fosse diferente não seria a gente.