Não Existe Acaso

D O I S

– Para onde estamos indo? – Eduardo perguntou.

– Você faz muitas perguntas. Viva perigosamente. – Brenda fez uma expressão de mistério.

Ela andava na frente pois conhecia o caminho, ele a seguia. Entraram em uma rua deserta, dobraram duas esquinas, onde surgiu uma outra rua assustadoramente silenciosa.
As casas estavam fechadas, havia lixo na rua, cheiro de cigarro e de esgoto exalava pelo ar, não existia nenhuma alma vivente naquele lugar, além deles é claro, parecia um cenário de filme de terror.

– Acho melhor voltarmos. – Eduardo sugeriu apontando o caminho de volta.

– Que foi, tá com medindo? – Ela o provocou. - Tudo bem, estamos quase chegando, confia em mim.

– Difícil confiar em alguém com sua reputação – Ele sussurrou para si mesmo.

– Eu ouvi hein! Em pensar que eu sempre te achei um gatinho.

Ele não respondeu, contudo um sorriso torto se formou em seus lábios enquanto suas bochechas esbanjava um tom avermelhado.

Ela olhou para trás e sorriu, ele abaixou a cabeça logo em seguida levantou e a encarou sorrindo.

– Cá estamos. – Ela apontou de forma teatral para uma casa com aparência de abandono.

– O que estamos fazendo aqui? – Ele franziu o cenho, curioso.

Ela não respondeu, pegou uma chave e abriu a porta.

Era uma casa vazia. Estava em perfeito estado, com aparência de limpeza.

– Costumo vir aqui nas horas vagas. – Ela sorriu.

– De quem é essa casa? Não estamos invadindo, não é?

– É uma casa mau assombrada, está com medo, Eduzinho? – Ela falou mudando o tom da voz e gesticulando com as mãos.

– Eu não. Só queria saber o que estamos fazendo aqui.

– É minha casa. – Ela caminhou para outro cômodo ele a acompanhou. – Eu morava aqui com minha família. Éramos felizes. Mas agora... tudo acabou.

Brenda tinha uma expressão sombria, Eduardo sentia a tensão no ar.

– O que aconteceu?

– Vamos pedir pizza? – Ela tentou mudar de assunto.

– Não. Eu sei que eu não tenho nada a ver com sua vida. Mas o que aconteceu?

Ela sentou sobre as pernas e ele fez o mesmo. Depois de algum tempo, ela decidiu falar.

– Há mais de um ano, minha mãe nos abandonou, meu pai não era o melhor marido, mas não havia motivo para o que ela fez. Pouco tempo depois, ele passou a beber feito louco, chegava tarde em casa, e até que um dia... não voltou mais. Morreu em um acidente de carro. – Ela virou o rosto e enxugou algumas lágrimas que escaparam dos seus olhos verdes. – Agora moro com a diretora.

– Sinto muito. – Ele estava compadecido.

Eduardo refletiu o quanto era abençoado pela família tinha, ele não imaginava que Brenda havia passado por tudo aquilo.

– A diretora é legal, – ela tentou sorrir – não consigo chamá-la de tia, apesar dela ser prima de meu pai. Então, a única coisa que ele deixou foi essa casa e nada mais, ela é vazia como minha vida.

– Sabe, a bíblia diz que tudo tem um propósito debaixo do céu. Para tudo há uma razão – Ele pensou antes de continuar. – Eu não consigo imaginar o quanto você sofreu, mas sei de Alguém que te conhece mais do que você mesma, Ele sim pode preencher o vazio que há em você. Ele conhece sua dor. Em Mateus 11 e 28 se não me engano, O Senhor Jesus disse: "Vinde a mim todos que estão cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei."

– O Senhor não se importa com pessoas como eu. Eu fiz muitas coisas erradas, vacilei feio. – Ela abaixou a cabeça.

– Na verdade Ele tanto se importa como também ama você. Como prova Ele se entregou na cruz por você, para perdoar e apagar seus pecados...

– Conheço essa história. Eu frequentava uma igreja com minha mãe quando era criança. Eu gostava, parecia um sonho, mas então, ela me abandonou. E minha vida virou de cabeça para baixo.

– Sei que deve ser difícil, mas você precisa perdoar sua mãe e seguir em frente. Creia que o Senhor pode curar as feridas do passado, basta somente voltar para Ele, os braços do pai estão sempre abertos pra te receber. - Edu tocou o ombro de Brenda e continuou – Eu não sou um bom pregador, mas posso contar de uma experiência que tive. Sou cristão desde que me entendo por gente, bem, era o que eu achava. Frequentava a igreja com meus pais todos os domingos, tentava ser obediente, fazer tudo certinho. Mas, eu sabia que não estava agradando a Deus, Ele conhecia minhas intenções. Foi então, que há alguns meses tudo aconteceu. Eu estava cansado de ser chamado de covarde pelos meus colegas, foi quando aceitei o convite de experimentar drogas, eu estava decidido. Era noite e estávamos na quarta de futebol, eles me ofereceram e eu segurei com minhas mãos e, quando estava quase a ponto de provar, uma voz ecoou forte no meu coração: "Pare! Não faça isso." Sem pensar duas vezes eu joguei no chão e saí dalí sem dar explicações, eu sabia que era a voz do Espírito Santo. Era Ele me chamando de volta, eu não resisti e voltei arrependido. Cheguei em casa naquela noite chorando, meus pais estavam na sala e antes de qualquer coisa eu caí de joelhos e pedi perdão à eles por as vezes ter lhes desobedecido, por mentir, e por todas outras coisas erradas. Depois orei pedindo perdão a Deus confessando todos os meus pecados e pedi para Jesus morar em meu coração para sempre, então, me entreguei por completo.

Brenda limpou as lágrimas que jorravam sem parar, de alguma forma as palavras de Eduardo doíam no seu interior. Ele se aproximou e a abraçou de lado, para consolá-la.

– Que idiota eu sou, tô chorando feito bebê. Para de me olhar assim.

– Não precisa se envergonhar de suas lágrimas. Isso prova que você tem coração.

– Nossa, que descoberta.

Eles sorriram e no mesmo instante ouviram um barulho vindo da porta da frente. Eles se entreolharam assustados, caminharam lentamente em direção ao barulho.

😱 O que será que aguarda esses dois aventureiros?

Espero que estejam gostando!