derrota

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A noite do dia 26 era uma das mais frias de Seul, pessoas andavam para lá e cá com seus casacos quentes, tomavam suas bebidas aquecidas e se protegiam em suas casas com um bom aquecedor, entretanto as ruas de Gangnam ganhavam vida ali, nos corpos se aquecendo juntos, na música alta, comida picante e pessoas alucinadas. Em um beco comum de mais uma rua das famosas casas noturnas do distrito Gangnam, naquele local pichado e sujo, cerca de trinta pessoas estavam reunidos, gritando eufóricas e se movendo com cédulas em mãos, aquecendo seus corpos por forma do suor e agitação na aglomeração circulada. No centro, dois homens com corpos definidos gruniam, gemiam e tinham seu sangue derramado no piso cinzento de concreto, onde estavam bitucas de cigarro, garrafas de bebidas e talvez até outro corpo desacordado, que causava ainda mais agitação do público. Ali não haviam regras, era permitido levar seu adversário ao chão e ambos permaneceriam lutando até a própria morte ou desmaio, tudo era possível no meio ilegal da luta, onde pessoas ganhavam quantias altas de dinheiro as custas de costelas quebradas, olhos roxos e sequelas muitas vezes irreversíveis, o mundo onde homens estavam dispostos a darem a própria vida em troca de alguns socos e dinheiro, parecia muito justo.

O beco número 45 nunca esteve tão agitado, dois nomes diferentes eram soltos aos berros das bocas sujas dos expectadores, urrando vitoriosos quando seu lutador erguia o punho em fúria, acertando o adversário com uma violência capaz de cambalear um corpo exageradamente musculoso. Adrenalina corria em suas veias, o suor banhava as peles deixando-as reluzentes, fios grudado, machucados expostos ao frio, sangue seco, porém fresco. Tudo baseava em quem teria a maior força, quem teria a melhor estragaria e iria desferir os primeiros golpes atordoantes antes de uma sequência perigosa. Era violento, sanguinário, e ninguém se importava com o corpo desacordado que estava indo ao chão, completamente marcado com a mão de outro alguém.

Alguns pulavam de felicidade e recolhiam dinheiro, outros pareciam extremamente irritados e xingavam tudo e todos, jogando notas na cara daqueles sorridentes, havia o homem baixinho com um sorriso sugestivo no rosto, e havia o homem malhado de fios curtos, que erguia punho e urrava como um animal, demonstrando sua vitória para todos da roda, na noite fria de Gangnam.

Lee Jooheon sorria, mesmo com o corpo cansado coberto por sangue e suor, o homem estava de pé, mesmo zonzo com tanta euforia, ria escandalosamente, deixando claro a satisfação e descaso por aquele desmaiado aos seus pés.

Lee ainda sentia o sangue fervendo, adrenalina correndo solta por si e deixando deu corpo aquecido sem sequer vestir algo além de um short fino. Estava satisfeito, ouvir tantos gritarem seu nome era um bom alimento para o ego inflado, estava deixando sua marca mais uma vez, Jooheon, o homem invencível do ringue 45.

Vira um homem de baixa estatura e fios vermelhos se aproximar, estendendo a si uma pequena toalha branca e uma garrafa plástica de água. A pegou sem prestar muita atenção, bebendo metade do contudo frio e jogando o restante do líquido no próprio corpo. Uma descarga de choque termino lhe atingiu, mas não se abalou com o arrepio na espinha. Usou a pequena toalha para limpa o sangue em suas mãos, jogando em qualquer lugar ao acabar, juntamente com a garrafa descartável.

ㅡ Muito bom, garoto Hoon. Ainda temos outra luta daqui a alguns minutos, acha que consegue?

O tal homem de fios vermelhos, intitulado Yoo Kihyun e responsável por cuidar de Jooheon naquele meio, lhe veio com o desafio que o Lee nunca recusaria. Este sorriu convencido, ministrando uma fileira imperfeita de dentes.

ㅡ Está brincando comigo, Yoo? Claro que consigo, vai ser fácil. Irei acabar rápido e vamos para casa.

Debochou mostrando desdém, puxando assim outro sorriso malicioso dos lábios finos que o Yoo possuía, este deu dois tapas no ombro da figura maior e o empurrou para fora do ringue improvisado, na direção de uma cadeira de plástico ali no meio de todos, onde o Lee sentou e fora cercada por corpos e perguntas, o que não era incômodo, Jooheon amava ser o centro das atenções.

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