Desço as escadas da casa, sentindo um frio na barriga ao ver um homem me esperando na porta da casa.
—O Sr. Sartori espera-lhe no carro.
Ele abre a porta, me permitindo sair da mansão.
Adentro o carro, encontro o ‘Sr. Sartori’ checando o seu relógio.
—Estou atrasada?
Arrumo o meu vestido vermelho, o qual insistia em subir.
— Não, está 3 minutos adiantados.
Escoro as minhas costas no assento do carro, alargando o decote do meu vestido.
Ouço um suspiro, seguido de uma tosse.
— Você está confortável?
Questiono.
— Eu estou bem, mas pelo que vejo, você está mil vezes melhor.
Eu ri.
Ele aproximou-se.
— Não tem medo do que eu posso fazer com você?
Sorri maliciosa.
— Não é qualquer fogo que pode queimar um demônio…
Ele analisou o meu rosto, parando os seus olhos nos meus lábios.
Logo ouvimos o motorista adentrar o carro, fazendo o ‘Sr. Sartori’ se distanciar.
Suspiro fundo, o analisando de rabo de olho.
10 minutos depois, chegamos no nosso local destinado.
‘Sartori’, uma boate visivelmente requintada.
—Os seus peitos estão saindo do seu vestido.
Dou de ombros.
—Isso te incomoda?
— Cazzo di caldo!
(Gostosa desgraçada!)
Pragueja.
— Parlo anche italiano.
(Também sei falar italiano)
Aviso.
— Entre com ela, Marco! Preciso resolver umas coisas antes de entrar...
Logo Marco e eu adentramos a boate com os braços entrelaçados.
Luzes piscando.
Música alta.
Muitas bebidas.
Pessoas dançando.
Confesso que sentia falta disso, fazia anos que não ia a uma festa com segundas intenções.
— A senhorita quer beber algo?
Marco questiona.
Eu assinto.
—Vai beber comigo?
Ele negou.
—Não é permitido, estou em horário de trabalho.
Revirei os olhos.
—Bebe comigo, por favor!
Ele continuou firme da sua resposta.
—Chato!
Bato no seu braço, chateada com a sua teimosia.
Minutos depois, a música parou.
O que aconteceu?
Todos estavam olhando para a porta de entrada.
O que houve?
Um corredor se abriu entre as pessoas.
Reviro os olhos.
Era apenas o Sartori, viro-me para o Marcos novamente.
—Estavam bebendo sem mim?
Sartori perguntou.
—A nossa boca é um quebra-cabeça que se junta e aí podemos beber ou comer?
Pergunto sarcástica.
Ele apenas me analisou, sem expressão nenhuma no seu rosto.
— Folle! Une heure séduit, la prochaine il veut se battre.
(Mulher louca! Uma hora seduz, na outra quer briga)
Eu ri.
— Sono una donna bipolare… et je sais aussi parler plusieurs langues.
(Sou uma mulher bipolar… e também sei falar várias línguas)
Ele negou com a sua cabeça, parecendo indignado.
—Marco, volte para o seu posto!
Marco deu o seu primeiro passo, mas agarrei o seu braço.
—Se eu gritar é porque estou em apuros.
Sussurro no seu ouvido.
Ele assente, rindo.
Santori se aproximou do meu ouvido, me permitindo ouvir a sua respiração por alguns segundos.
— Porque insiste em provocar-me?
— Não sei do que você está falando…
Ele riu.
— Quer dançar?
Dou de ombros.
Ele pegou a minha mão, me puxando para o meio da pista de dança.
As suas mãos agarraram a minha cintura, enquanto as minhas descansavam nos seus ombros largos.
Após algumas doses e muitas músicas envolventes, sentia-me mais livre.
Danço calmamente a música latina com a taça de vinho em uma das mãos, tomando cuidado para não bater em alguém.
— Schande!
(Desgraça!)
A mulher pragueja, analisando o seu blazer branco manchado de vinho.
— Scheisse!
(Merda!)
Exclamo, analisando o que fiz na sua roupa.
—Kannst du nicht sehen, wohin du gehst?
(Não está vendo por onde anda?)
Eu iria pedir desculpas, mas mudei de ideia no segundo que ouvi suas palavras arrogantes.
— Natürlich habe ich es nicht gesehen, warum sollte ich Wein auf jemanden verschütten, den ich nicht einmal absichtlich kenne?
(É claro que não estava vendo, porque eu iria derramar vinho numa pessoa que nem conheço propositalmente?)
Respondi-lhe, tentado manter a formalidade apesar de tudo.
—Kennst mich nicht?
(Não me conhece?)
Ela ri, debochada.
— Nein, soll ich dich kennen?
(Não, eu deveria conhecer-lhe?)
Ela analisou-me, pareceu abismada com a minha resposta.
—Glaubst du, es ist wer, der mir so gegenübersteht?
(Está achando que é quem, para me afrontar dessa forma?)
— Sophia...
Ergo a minha mão esquerda, pedindo que ele se cale.
— Entschuldigen!
(Peça desculpa!)
Mando, olhando intensamente nos seus olhos.
Ela não resiste por muito tempo, logo vira as costas e sai sem mais palavras.
Ri.
— Já estamos aqui há muito tempo, vamos!
Ele agarra a minha mão, tentando puxar-me para a saída, mas continuo firme no meu lugar.
— Não sou sua puta para receber ordens.
Ele revira os olhos.
Sartori se agacha e agarra as minhas pernas, me pondo em cima dos seus ombros.
Tento bater nas suas costas, gritando para que me solte, mas nada o faz parar de caminhar.
— Garanto-lhe que iria gostar de viver como a minha puta.
Mordo o seu ombro, ouvindo seu gemido rouco.
— Quem parece uma puta agora?
Refiro-me ao seu gemido.
— Você. A sua bunda está a mostra para todos.
Ri.
— Consigo sentir a sombra da sua mão…
Silêncio.
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La Mafia
RomanceNem os livros, nem os terapeutas, nem os discos. Nada explica tudo o que se move aqui dentro, quando você me olha.