Encrenca.

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  Deitado na cama, sobre aquele colchão confortável que com toda a certeza fez falta - mesmo que por um dia - na minha vida. Só me faz perceber o quanto nosso conforto se baseia nos detalhes que se fazem presentes a vida inteira, e nós fazemos questão de esquecê-los. Apenas nos lembramos deles quando eles somem, apenas reconhecemos como ter uma cama - que já se torna algo corriqueiro - pode fazer falta quando não temos, ou perdemos. Que seja.

  Enquanto mexia no computador, minha mãe estava lá em baixo fazendo a janta. Juro que eu tentei convencê-la de que era melhor eu fazer já que a mesma estava claramente cansada depois do primeiro dia de trabalho, mas, como ela insistiu - e muito - eu resolvi evitar brigas e subir para o meu quarto aceitando o fato de que eu iria ficar sentado enquanto via minha mãe completamente exausta cozinhando mesmo eu podendo ajudá-la, por quê ao que parece minha comida é ruim se comparar ao nível da comida dela.

  E olha que eu nem cozinho tão mal assim... 

  Vou até a janela para apreciar a vista e sair um pouco da tela daquele computador que já estava começando a me causar dor de cabeça. Meu foco vai até as flores cor-de-rosa que por algum motivo me deixavam mais... Tranquilo, mas ao mesmo tempo me fazia lembrar do moreno da escola, do quão ridícula foi a minha "conversa" com ele naquele dia, ele deve ter pensado em mil em umas coisas sobre mim e claro, nenhuma devia ser tão positiva.

  Meu Deus eu sou horrível para conversar com pessoas novas.

  Mas amanhã será um novo e um belo dia.

  Eu acho... 

  E eu vou chegar nele e vou perguntar se ele quer ser meu amigo! Não... Isso sairia tão ridículo. Apenas crianças falam coisas assim. Então... eu vou dizer que eu o achei - Incrivelmente bonito e que ele não sai da minha cabeça desde aquele dia.

  Chacoalho a cabeça sem saber da onde aquele pensamento viera. Yoongi, você acabou de conhecê-lo, para com isso.

  Enfim, vou dizer o quanto te achei legal, simpático e divertido. Não... Ninguém fala assim.

  Saio de perto da janela e começo a roer as unhas enquanto andava pelo meu quarto em círculos, não fazia ideia do que dizer e isso é completamente ridículo. Porra, eu sou um cara de dezenove anos que não sabe falar com uma pessoa, só pode ser uma piada.

  Foda-se, ele fala bastante, vou dizer apenas "Oi!" e ele vai saber o que dizer. Suspiro aliviado encontrando algo para falar. Sorrio fraco e murmuro para mim mesmo um "Oi!" e sorrio imaginando como seria. Confesso que eu imaginei muitas coisas que poderiam dar de errado, mas eu não posso deixar isso acontecer.

  Eu preciso falar com ele.

  Eu preciso ver aquele sorriso de novo.

  Eu preciso rir daquela fala engraçada.

  Pensar assim sobre um possível futuro amigo é... Normal, não? 

  De qualquer forma, ele me passou uma energia incrível naquele primeiro dia de aula no qual eu preferia que não ocorresse novamente.

  Eu quero sentir aquilo de novo, quero ser amigo dele.

  Eu preciso ser amigo dele.

  De repente, um sono inabalável me fez pensar em desistir de jantar, não estava com fome e na verdade, eu queria passar logo para o outro dia.

  Mas eu não podia deixar-me render ao sono, minha mãe me mataria se eu não comesse, ainda mais hoje por que ela trabalhou muito para fazer a comida, mesmo cansada.

  Mais tarde eu janto um Kimbap maravilhoso que minha mãe preparou, ela estava realmente orgulhosa do resultado e eu posso dizer com convicção que foi o melhor que eu já comi em toda a minha vida.

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⏰ Última atualização: Jul 17, 2020 ⏰

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