𝒊'𝒎 (𝒔𝒕𝒊𝒍𝒍) 𝒊𝒏 𝒍𝒐𝒗𝒆 𝒘𝒊𝒕𝒉 𝒚𝒐𝒖

Capítulo 1

Existem dois tipos de aula: aquelas que você nunca quer que acabe por serem tão genuinamente divertidas e aquelas em que cada vez que você olha para o relógio parece que a hora retrocedeu cinco minutos.

James teve aulas demais nas quais o relógio parecia se arrastar durante sua vida. Assim, quando começou a lecionar, prometeu para si mesmo que suas aulas sempre seriam aquelas divertidas, as que os alunos simplesmente esquecem de olhar para o relógio.

Claro que, em sua opinião, até a matéria que ele lecionava ajudava nisso. Não havia assunto mais interessante que história. Mesmo durante as torturantes aulas de história do Professor Binns durante seu ensino médio, nas quais o tom monótono do professor automaticamente colocava toda a turma sob um estado de letargia, James conseguia ficar acordado e ativo, segurando-se a cada palavra, interessado em saber, afinal, como Napoleão havia sido derrotado ou como Roma havia sido queimada.

Mas claro, James sabia que simplesmente chegar em frente à sala e começar a contar os fatos nunca cativaria de verdade seus alunos. Ele viu o Mr. Binns cometer esse erro por quatro longos e exaustivos anos. Então, as aulas de James eram quase como espetáculos. James adaptou sua linguagem para algo mais "jovem", fazia pequenas interpretações de eventos históricos com seus alunos, levava relíquias de suas viagens pelo mundo para verem, apontava a inspiração em acontecimentos históricos nos filmes, livros e séries preferidos de seus alunos, assim como fazia diversas recomendações.

E desse jeito cada aula sua passava sem esforço, sem sentir os minutos se arrastando. Os alunos ficavam entretidos e ele também, todos seus problemas ficavam do lado de fora da porta e James tinha uma pausa de uma hora para não se preocupar com nada além de dar o máximo de si naquela aula. Claro que assim que ele pisava porta afora o peso do mundo parecia recair sobre seus ombros e o assombrava durante sua curta caminhada até próxima sala de aula mas, assim que ele entrava na sala, nada mais importava.

Então, você pode entender como ele ficou desconcertado quando, durante uma aula particularmente excitante na nona série sobre o Império Romano, viu a tela de seu celular sobre a mesa acender repetidas vezes com as ligações de um número desconhecido e como não conseguia parar de pensar nisso. James sabia que não deveria atender o celular durante suas aulas, ainda mais sem saber quem ligava, afinal, poderia ser apenas alguma empresa de telemarketing tentando vender um modelador de cachos para ele. No entanto, na terceira vez que viu a tela de seu celular iluminar-se com o mesmo número, ele sentiu que havia algo errado.

Conseguiu controlar seu impulso para atender o telefone até a quarta ligação, quando enfim teve a certeza que tamanha insistência tinha que significar algo. Pedindo licença para a classe, pegou seu celular e foi até o canto da sala atender a ligação.

— James falando.

— James Potter? 

— Sim.

— Aqui é do Hospital St. Mungus. Você é o contato da srta. Lily Evans e devemos informar que ela sofreu um acidente e...

No mesmo segundo James parou de escutar tudo que a voz masculina no telefone dizia, as emoções tomando conta dele com a simples invocação do nome de Lily junto da palavra "acidente". A mente de James não estava mais tão coerente quanto o habitual, os pensamentos completamente desconexos se atropelando enquanto ele tentava fazer tudo aquilo fazer sentido. As imagens de um ano atrás repetiam-se em flashs: a mão dela na maçaneta, a caixa com o anel em cima da escrivaninha, o longo olhar que trocaram sem nada dizer, a porta se fechando. A ausência dela e como sua casa parecia vazia sem Lily. James vagamente sentiu quando apoiou uma de suas mãos na parede azul clara da sala de aula, recobrando um pouco de sua consciência apenas para ver a turma toda o encarando e o atendente na linha esperando uma resposta sobre algo que ele não tinha a menor ideia.