Demônios podem amar?

Príncipe das trevas, sádico, assassino, perverso, ceifador, manipulador, demônio. Esses eram os nomes aos quais se referia a Vegeta.

No entanto eles estariam errados sobre isso?

Definitivamente não. Era exatamente isso: um ser do mal que adorava matar, se deliciava com os gritos alheios carregados de dor, e sentia o cheiro de sangue como se fosse perfume. Destruição era sua definição. Gostava do desprezo dos outros. Impor medo e sofrimento eram uma de suas tarefas preferidas.

Todos os seres do mundo celestial temiam Vegeta. Tentaram de todas as maneiras de enfrentá-lo, mas nada adiantou. O demônio era invencível, sem nenhum ponto fraco aparente. Não puderam impedir as guerras causadas por ele que arrasavam o mundo humano.

Mas em um dia na qual ele "passeava" pelo mundo dos humanos, Vegeta encontrou um anjo muito intrigante, nunca tendo visto um ser tão lindo antes.
Bulma era seu nome; com seus lindos cabelos e olhos azuis, ela praticamente brilhava ao ficar na direção do sol. Isso fez com que o coração do príncipe das trevas, que outrora achara que nem existisse, acelerasse e se sentisse atraído pelo anjo de cabelos cerúleos.

Ele então percebeu o que Bulma fazia: ela ajudava humanos que sofreram os efeitos da guerra causada por ele. No mesmo momento, sentia uma pontada de culpa. Ela não deveria ver tanta destruição, e nem de estar bem no meio dela.

Reparou que Bulma o encarava e tratou de espantar seus pensamentos recentes e colocar de volta sua expressão fria e cruel.

***

Bulma deveria sentir o maior ódio de toda sua existência para o ser vil a sua frente, ele foi o causador de todo sofrimento daquelas pessoas, inocentes de tudo que ocorreu; das mortes de outras vidas; e quem sabe de muito mais, que nenhum outro ousaria imaginar.

Mas não. Não seria total verdade se dissesse que não havia ódio, porém esse era de seu lado altruísta, que foi logo reprimido pelas batidas de seu coração que se aceleravam e sentia seu corpo formigar pela presença imponente do príncipe das trevas.
Algo nele a atraia, seu semblante frio e sério, seu corpo totalmente esculpido ou sua pose arrogante e prepotente, ela não sabia.

No entanto, queria se aproximar dele, porém, sem saber o que fazer. Se seu lado altruísta daria um belo tapa nele ou se sua boca desse um beijo arrebatador na boca dele.

Entretanto, graças à intervenção celestial, ou apenas o destino rindo de sua cara, ela foi transportada de volta para o mundo celestial pois sua missão havia terminado.
E também suas chances com Vegeta.

***

Vegeta mirava a destruição. A confusão o dominando, mesmo com seu semblante inabalável, seu coração era um turbilhão de sentimentos bagunçados.
Primeiro viu a mais bela dos seres celestiais, depois percebeu que ela não sentia medo dele, uma coisa muito diferente do que se esperava, e o olhava de uma forma que nenhum outro na qual julgava ter uma alma olharia.

O príncipe logo tentou se convencer de que aquilo não passava de um mal-entendido. Ele nunca se apaixonaria por outro ser, Vegeta era arrogante, egoísta teimoso e jamais admitiria isso, e além disso, Bulma não se interessaria por ele, já que ele não passava de uma alma negra, obscura e quebrada.

Dias se passaram depois daquele encontro, e Vegeta continuava na mesma. Sentimentos confusos sobre o intrigante anjo que assolava seus pensamentos. Nem conseguia mais se convencer de que ele não estava apaixonado e que seu coração era de pedra.
Bulma vinha a todo momento em sua mente, com seu corpo curvilíneo, cabelos azuis sedosos, olhos penetrantes da mesma cor e alma bondosa.