eu não te culpo, Kacchan.

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Tudo era uma desculpa.

Uma desculpa para não me machucar e dizer à mim mesmo que Katsuki sempre será Katsuki e nenhum sentimento o mudará.

É óbvio que eu não o queria morto.

É óbvio que eu não queria que ele desistisse.

Mas ninguém entendia.

Cá estou, em silêncio, olhando para Midoriya Izuku, procurando as palavras certas.

Faz uma semana que Izuku quase morreu.

Por minha culpa.

O que eu fiz? Bem, nós estávamos brigando. Aquele dia eu estava muito confuso porque eu decidi que precisava abrir o jogo, então acabei descontando nele.

Nós estávamos na sacada do terceiro andar, no apartamento de um parente.

Eu disse que ele deveria desistir de tudo.

E ele concordou.




"— Nerd maldito, você deveria olhar a si mesmo e sentir nojo, deveria desistir desse sonho tolo de ser um herói!— eu disse, o segurando pela gola de sua camisa.

Ele ficou em silêncio. Uma mão estava o agarrando pela gola, e a outra estava pousada na sacada.

— Você tem razão, Kacchan. — ele se sentou na sacada, ficando de costas para a rua, o que me assustou, ele poderia cair.

— O que está fazendo? Você pode ca- – fui interrompido pelo mesmo.

— eu não te culpo por nada, Kacchan.

E em um movimento rápido, ele tirou minhas mãos dele e se jogou para trás.

Foi tão rápido, que eu não tive tempo de absorver nada.

Ele havia caído. Ou pior, se jogado. E foi por minha culpa.".






Agora é a hora. Eu o chamei aqui para confessar a verdade.

Aqui é o nosso parque. Nós estamos no nosso cantinho, debaixo na nossa árvore.

Okay, ele esperou demais.

— Eu...– suspirei, sentindo meus olhos marejar, e eu os limpei no mesmo instante.— eu nunca quis nada do que eu falei. Eu nunca quis que você morresse, nem desistisse, nem sentisse nojo de si mesmo, e muito menos que você nascesse novamente. — vi sua expressão surpresa.– Eu nunca quis que acreditasse em mim.

— Mas você-

— Eu sei. A verdade é que eu sempre fui mau com você e quando comecei a me arrepender, não mudei porque eu queria me convencer de que o Katsuki orgulhoso nunca iria por um sentimento tolo.– abaixei a cabeça.— sim, eu possuo sentimentos por você. E eu não gosto deles, porque eles me parecem confusos.— respirei fundo e ergui minha cabeça.– Eu não queria que você se jogasse aquele dia, eu ia falar para você que você poderia cair e eu não queria isso, mas você não ouviu! A culpa é minha por não ter aceitado que quando você sorri daquele jeito, meu coração despara. Midoriya Izuku, Deku, seja lá como te chamam, – senti uma lágrima grossa e quente indo em direção a minha bochecha.— eu gosto de você! Gosto no sentido tediante romântico, e mesmo você não acreditando agora, eu estou falando sério! Eu sei que você não sente nada por mim, mas espero que esteja consciente e que não te tratarei diferente de antes enquanto não tiver uma resposta.– aperto meu punho.

Ponhei minhas mãos em meus bolsos da minha calça Jeans e saí dalí, indo em direção à U.A, num caminho longo e silencioso.

Óbvio que eu percebi que ele estava chorando enquanto me escutava.

Óbvio que eu sabia que ele estava confuso.

— Ei, bakubrô! O que anda pensando? Está aí parado em frente ao seu dormitório faz quase sete minutos! — Eijirou apareceu, meio preocupado. Tsc, ele com certeza sabe como eu me sinto.– é por causa daquilo, não é? – ele abaixou a cabeça, criando coragem para falar algo, e eu esperava suas palavras.— Olha, Bakugou,– o bagulho é sério mesmo, ele nunca me chamou assim sem o "brô".— eu sei como se sente. Eu sei que todos pensam que a culpa é sua e que você deve estar triste por não tê-lo no caixão.– foi como um soco. Sim, era isso que as pessoas achavam de mim.— mas eu acredito em você!– o olho, surpreso.— você apesar de tudo, também tem seus problemas, inseguranças e medos, mas acredite, você pode ter mil e um motivos para ser culpado por tudo, mas saiba que tem uma pessoa que você pode contar. E é comigo.

Sorrio e o abraço, depois me despedindo e finalmente abrir a porta de meu quarto, vendo um esverdeado sentado na cama, olhando para mim.

Demorei tanto assim para chegar?

Espera, O QUE ELE ESTÁ FAZENDO AQUI?

Calma, haja naturalmente, você disse que ia o tratar da mesma forma que antes antes de uma resposta.

— o que foi, Deku? – perguntei, com uma voz tediosa. Me deito no tapete, olhando para o telhado de meu dormitório, vendo alí milhares de fotos grudadas de meu passado.

— não me interrompa, eu vou abrir o jogo também.– o quê?— bom, eu fiquei bem surpreso quando você disse que não queria nada daquilo. Na verdade... fiquei feliz. – ele sorriu. _Daquele_ jeito que eu sempre fico sem reação e com vontade de gritar alto para passar as borboletas assassinas que reviravam meu estômago.— eu confesso que errei em pensar o mesmo que todos pensavam de você, Kacchan. – maldito!— e na verdade eu também tenho sentimentos por você. Eu gostaria de ter falado antes, mas eu pensava que você me via como um lixo, e no fundo queria acreditar que tudo aquilo era uma faixada para esconder sentimentos românticos por mim.– ele deu uma risadinha boba.— e pelo visto eu estava certo. Eu sei que tá tudo confuso para você, afinal, não é sempre que uma paixão é correspondida, certo?– afirmo.— Mas, acredite. Naquele dia, eu gostaria de morrer.– arregalei meus olhos ao ver sua expressão feliz. O que esse merda tá falando?— afinal, pude ver seu rosto choroso, preocupado e arrependido antes de cair. Mas mesmo assim, obrigado por corresponder aos meus sentimentos.

Eu estava confuso, mas feliz. Feliz para caralho.

— amigos? – pergunto sorrindo, estendendo minha mão. Ele sorri mais ainda.

— Não. Tenho uma idéia melhor. – ele diz animado, e abaixa minha mão.

Aqueles olhos de esmeralda me encararam profundamente e eu juro que eu não consegui me arrepender de tê-lo derrubado, afinal, foi esse fato que nos uniu.

— o que seria?– perguntei receoso. Afinal, eu e ele sabia que tudo que ele pedisse agora, ainda olhando em meus olhos, eu aceitaria.

— que tal... namorados? – ele sorri e eu arregalo os olhos, sentindo meu rosto arder.

Ele se aproximou, levantando da cama e vindo até mim, se sentando em meus quadris, de frente para mim.

Mesmo naquela posição tão erótica, tudo parecia calmo e pacífico, não tinha uma áurea carnal alí, eram apenas sentimentos puros.

Por favor, que ele não me beije. Mas eu quero que ele me beije! Mas se ele me beijar eu vou a loucura? MAS EU JÁ TO LOUCO!! AI MEU DEUS EU TÔ CONFUSO.

Ele me beijou.

E nada mais parecia confuso.

Era ele.

Era simplesmente ele, Midoriya Izuku, o cara em que eu sempre zoei e agora estamos apaixonados. Sempre foi ele.

Sempre. Tudo dizia isso, mas ninguém ouvia.

Era ele. Finalmente, era ele.

that's okay, Kacchan.Onde histórias criam vida. Descubra agora