Capítulo 3

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Não é que eu não goste de festas ou de comemorar aniversário, é claro que eu gosto. Gosto de dançar, gosto de beber, gosto do bolo. Mas naquele ano, naquele dia, eu não me sentia muito bem. E eu tinha dito isso a minha família. Mas o que eu sentia não parecia valer de muita coisa, já que eles tinham preparado aquilo tudo. Não foi só um bolinho. Não chamaram os mais próximos. Não pegaram um bolo de supermercado e cantaram parabéns. Tinham pelo menos cinquenta pessoas ali. Toda minha família, incluindo tias de Busan, uma cidade que, de carro, eram mais de 2 horas de distância.
Eu tinha perdido o contato com muitos amigos, nos últimos anos, mas tinham alguns lá. Pessoas que estudaram comigo, tinham vizinhos e até os traidores do meu trabalho.

-E vocês nem me falaram nada. - Falo parando na frente deles. Taehyung segurava uma cerveja e Yeji uma bebida que não consegui identificar. Eles estavam com a mesma roupa de quando saíram do trabalho, mais cedo.
Depois do susto de chegar em casa e abrir a porta dando de cara com uma decoração por toda a sala e várias pessoas com chapéus de festa. Na parede um "happy birthday" gigante de bolas, e, no quintal, uma mesa com um bolo de três andares decorado com tons de rosa. Minha casa era grande. Além de uma sala espaçosa, tínhamos um quintal que ficava uma piscina e uma área que acontecia a maior parte da festa.
Bolas espalhadas em todos os lugares, luzes em alguns pontos deixando tudo muito bonito e isso eu tinha que admitir. Não sei quem decorou, mas tudo ficou muito bonito. Agora quando minha mãe tinha organizado aquilo tudo? E como eu não desconfiei de nada?

- A senhora Kim me ameaçou, se eu te contasse, ela me mataria. - Taehyung falou com um sorriso debochado no rosto.

Minha mãe pediu que eu cumprimentasse todos os convidados, depois de ter cantado o vergonhoso parabéns. Passei toda a música com a cabeça abaixada pensando como tinha tanta gente na minha casa. De onde saíram tantas pessoas? Depois de falar com alguns parentes procurei por Taehyung e Yeji que eu tinha visto de relance.

- Não vou discutir, eu sei que ela é capaz disso. Muito obrigada por ter vindo, amanhã vocês ainda trabalham, não é? - No dia seguinte, era sábado e acontecia um rodízio entre os funcionários, já que o fluxo de clientes era menor. Não era o meu sábado de trabalhar. E domingo, era fechado.

- Não foi nada, Bae. Tá tudo lindo e as comidas, maravilhosas. - Yeji responde. Ela é uma menina muito doce e delicada. Por várias vezes isso era deixado muito em evidência. Sempre educada e gentil até com os piores clientes que chegam no café virados na raiva. Ela usava um vestido rosa clarinho e uma jaqueta jeans que combinavam bastante com a personalidade dela. Ela era nova, tinha acabado de sair do ensino médio e lá era o seu primeiro emprego. Trabalhava para ajudar avó, que era doente. Nunca falou da mãe ou do pai o que me fazia pensar se eles eram presentes na vida dela. Ela era alguém que eu com certeza tinha um carinho especial.
- Isso! Foi um prazer vim, mas como você falou, a gente não vai conseguir ficar por muito tempo, amanhã pegamos o primeiro horário. - Taehyung dá um sorriso triste. - Viemos, realmente, só para o parabéns - Ele termina a garrafa de cerveja. - E eu até já acho bom irmos. - Ele olha pra Yeji que concorda com a cabeça. - Eu vou levar ela em casa. - Ele me diz e eu me espanto. Como é?
- Eu já falei que não precisa, Taehyung. Eu pego um táxi aqui na frente. Ainda nem está tão tarde - ela diz olhando a hora no celular que estava no bolso do casaco.
- E eu já disse que faço questão.- Faz?
- Mas você bebeu, Taehyung, vai levar ela de que? - Pergunto.
- Vamos de táxi até a casa dela e como não é muito longe da minha de lá eu vejo se pego outro táxi para a minha ou vou de ônibus. - Nossa. Taehyung era um cavalheiro, com certeza. Sempre muito educado e gentil com todo mundo, mas eu nunca tinha o visto ser tão preocupado assim com alguém.
- Ah, entendi. - Volto a olhar para Yeji. Ela parece... Tímida? - É bom você aceitar, Yeji. - Decido ficar no lado meu amigo. Não sei o motivo de fazer tanta questão de levar ela em casa, mas eu ficaria no seu lado.
- Eu já vi que essa discussão, eu perdi. - Ela dá um leve sorriso. - Nesse caso, vamos? - Ela olha para ele. A diferença de altura é enorme entre os dois.

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