Château Bordeaux

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O alarme tocou exatamente às sete horas da manhã naquela segunda-feira. O domingo havia passado como um sopro para a estilista Camille. A mulher ficou um dia inteiro preparando sua apresentação para o Rei, que ocorreria hoje.

Camille desligou seu alarme e repousou o celular novamente na mesa de cabeceira. Já estava acordada há um tempo. O sentimento de ansiedade e nervosismo eram coisas novas para ela, afinal, Camille era conhecida por sua confiança em seus trabalhos. Mas isso era algo diferente, era algo grande, que serviria para alavancar sua carreira ainda mais.

Apesar de todo o lucro envolvido na produção das vestes da realeza, Camille tinha um motivo maior para ter aceitado aquele trabalho: a honra de trabalhar para aqueles que regiam o país. Sabia que havia sido escolhida a dedo para exercer aquela função e por isso não evitava se perguntar se era boa o suficiente para estar ali.

Ela era.

A estilista ajeitou sua inseparável bolsa no ombro direito e capturou sua pasta, recheada com croquis. Respirou fundo enquanto trancava a porta do quarto de hotel e se direcionava à recepção. Leonard a esperava em frente a um carro preto, modelo o qual Camille não conseguiu identificar. Camille acenou para o homem que, em silêncio, abriu a porta traseira e a ajudou a se acomodar.

Está ali porque merece e merece porque é boa.

Camille repetiu seu mantra durante todo o percurso até as terras da realeza. Não teve muito escolha já que Leonard não falou uma palavra sequer. Cerca de meia hora depois, o Bentley Continental GT adentrou o pátio do Château Bordeaux. A estilista estava admirada com a beleza da propriedade. Pinheiros cercavam o caminho principal, dando cor à antiga construção. Canteiros de flores enfeitavam os arredores de uma pequena fonte próxima a entrada do castelo.

Era belo, simples e, ao mesmo tempo, digno de acomodar uma família tão importante.

Camille estava encantada com tudo. O pouco que havia estudado sobre o lugar não fazia jus ao que seus olhos testemunhavam naquele momento. Era algo único.

– Mademoiselle, chegamos.

Leonard se pronunciou pela primeira vez desde que havia buscado a parisiense no hotel. Camille agradeceu com um aceno e se ajeitou para sair do carro, mas antes que sua mão pudesse tocar a porta, uma mulher, com feições jovens, se apressou para tocar a maçaneta e abrir a porta para ela.

Bonjour, mademoiselle. O Rei Mikkel está a sua espera. Me acompanhe, por favor.

A mulher, que não cedeu tempo para apresentações, começou a andar para dentro da enorme construção e Camille não teve escolha senão segui-la. Caminharam por um extenso corredor, decorado com pinturas de antecessores da família real. A mulher parou em frente a duas portas de madeira escura, deu três toques na porta e abriu uma delas, anunciando sua chegada para o Rei.

"Camille Durand para vossa alteza real."

"Merci, Marcelle."

Marcelle, cujo nome Camille havia descoberto, projetou seu corpo para fora do cômodo e ergueu a mão esquerda, indicando que a estilista deveria entrar. Ela o fez.

O cômodo em questão se tratava do escritório particular do rei. Era uma sala revestida em madeira escura, decorada por estantes preenchidas com livros os quais deveriam ser de suma importância.

Em pé, atrás de uma mesa retangular, e diferente de tudo o que Camille havia imaginado, Mikkel a aguardava, sorridente. Trajava um terno belíssimo na cor grafite, coisa pouco comum para monarcas.

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