Capítulo 17

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- PARE DE FINGIR QUE SE IMPORTA COMIGO, DROGA! – gritei irritada. Skoop atrás do meu banco, gemeu assustado – Você não sabe nada, Josie.

- Sobre a cirurgia? – ela perguntou me surpreendendo – é impossível não saber. Sua mãe só fala sobre isso.

- Ela não quer que eu faça – eu disse virando meu rosto para o lado da minha janela. Cruzei os braços – Ela acha que é arriscada.

- É arriscada – afirmou Josie. Me virei para ela, sem acreditar.

- Eu não vou estar perdendo nada. Se der errado a cirurgia eu vou continuar sendo cega. O próprio doutor disse isso.

- Você não está querendo entender o lado da sua mãe... – Josie murmurou. Sua voz já estava mais calma, mas ainda continha irritação.

- Ela não quer entender o meu.

- Nós nos preocupamos com você, Hope.

- Nós? – Eu ri ironicamente mostrando indiferença, mas meu coração bateu forte – Não me venha com essa.

- Droga! – ela exclamou batendo no painel do carro. Eu me assustei – Não comece com essa sua indiferença!

- Como se você se importasse – murmurei dando de ombros.

- Você não sabe de nada, Hope... Deve ficar quieta!

- Não sei o que? – desafiei me virando para o seu lado – me fale o que eu não sei, Josie.

- Esquece... – ela sussurrou dando partida no carro – Vamos embora.

- Eu não quero ir para casa...

Ficamos em silencio, o carro ligado, sem se mover.

- Para onde quer ir?

- Para a praia – respondi baixo. Ela riu.

- Se é isso o que você quer...

Eu sentia as lagrimas descerem pelo meu rosto enquanto fazíamos o caminho para a praia. O mesmo caminho que eu não havia terminado de fazer com Sarah. Josie estava calada ao meu lado e Skoop parecia dormir.

Imagens de momentos que passei com Sarah cruzavam minha cabeça como relâmpagos. "Vamos nos divertir muito" ela disse sorrindo. Foi o ultimo sorriso que eu vi em seu rosto. O dia estava tão bonito e nos prometia tanta coisa...

Eu lembro de sua expressão de pavor que nunca saiu da minha cabeça. O sentimento de desespero que eu senti quando olhei para o lado e a vi desmaiada ou já morta. As lembranças pareciam não ter fim.

Eu queria que o tempo pudesse voltar atrás... para que eu pudesse concertar tudo. Mas agora tinha Josie, pensei abaixando a cabeça.

Será que, mesmo que eu não tivesse sofrido o acidente, ela me encontraria? Será que nos encontraríamos?

Senti lagrimas pingando em minhas mãos que estavam sobre o colo.

- Você está bem? – perguntou Josie baixo. Sua mão pousou em minha cabeça.

- Josie – murmurei engolindo o nó que se fez em minha garganta – Você acha que, se eu não tivesse sofrido o acidente, nós nos encontraríamos?

Ela pensou um instante.

- Eu te encontraria – ela respondeu segura – Com certeza eu te encontraria.

Eu tentei sorrir, mas o choro veio mais forte que antes e eu não pude aguentar. Vários soluços escaparam e eu tapei a mão com a boca. Porque era tão importante para mim ouvir isso? E porque eu me sentia tão triste?

My blue eyes (Hosie)Onde histórias criam vida. Descubra agora