depoimento da pior crise de ansiedade da minha existência

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Estou tentando decifrar com palavras tudo o que está acontecendo dentro de mim nesse exato segundo e quanto mais eu tento procurar uma forma, eu me perco mais ainda.
Sinto-me anestesiada.
Meu corpo e minha mente estão em completo colapso.
Estou
Desmoronando
Len
       Ta
              Men
                        Te.
Tudo ao meu redor me parece apenas motivos para não querer sequer fazer parte disso.
Digo, eu preciso conversar. Eu preciso de um abraço agora, mas eu não o tenho. Eu me tenho apenas.
Às pessoas no qual eu mais gostaria que tivessem um pingo de consideração por mim, me deram às costas.
Me afundaram ainda mais.
As pessoas que eu mais amo, jogaram terra na minha cova.
As pessoas que eu mais ajudei quando precisaram, me mataram quando eu precisava ser salva.
Acendi um cigarro, coloquei uma música mas pela primeira vez nesses 2 séculos em que me encontro viva, eu não conseguia ouvir mais a música que tanto me acalmava enquanto eu tinha minhas crises. O som da minha alma gritando e da minha mente implorando por socorro, não me deixavam escutar a letra.
Desliguei o som. Apenas o cigarro, e enquanto eu tragava a fumaça na espera da nicotina acender alguma sensação boa em meu cérebro, eu só conseguia pensar que minha única mísera companhia na pior crise da minha vida era a morte. O cigarro, estava me matando por dentro em cada trago. Mas ali, entre um trago e outro era a única fonte de esperança para algum sentimento bom despertar em mim.
As pessoas me falam, me dizem o tempo todo para aguentar mais um pouco. As pessoas me dizem o tempo todo que apenas os fracos desistem.
Mas o que eles não entendem, é que vivo na espera de uma boia no meio do oceano. Estou longe de tudo, não existem barcos ou navios. Não existem boias. Estou aqui, no meio do nada, com ninguém ao meu redor. O frio já não me faz mais medo, as noites se passam lentamente enquanto sinto que nada mais vai me tirar daqui. E às vezes, sinto como se eu estivesse numa beirada de um precipício, aliás estou há 10 passos dele. E a cada passo que eu dou, é uma pessoa que eu amo diferente me empurrando pra lá. Não tenho mais forças pra dizer que não quero ir, não tenho mais forças para pedir que parem. Eu apenas estou indo. Lentamente.
Cada segundo mais.
Tem pedras em cima do meu peito, apertando minha garganta e está difícil pra respirar. Conseguem me ouvir no meio do nada? Conseguem me puxar para que eu saia da beirada do abismo?
Pois eu não tenho mais forças pra gritar, muito menos força pra sair. Eu estou cansada.
Esgotada.
Cada segundo que se passa, eu me sinto mais perdida dentro de mim.
Cada segundo que se passa, eu tento encontrar um motivo novo pra sorrir.
- Lurrana Vitória. / depoimento da pior crise de ansiedade da minha vida.

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⏰ Última atualização: Jun 16, 2020 ⏰

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