CUIDA BEM DE MIM ( Livro 2)

Capítulo 45

Durante muitos dias eu não atendi as ligações de Tiago, e também nem visualizava suas mensagens. Minha mãe me ligou várias vezes me aconselhando mas nada fazia eu mudar de idéia, lembro do dia que meu irmão me ligou todo nervoso, me chamando de imatura e que eu estava correndo o risco de perder uma pessoa que só me fazia bem.

Comecei a estagiar no escritório de advocacia do professor Rafael, mas raramente o encontrava, foi uma oportunidade maravilhosa e estou aprendendo muita coisa, eu precisava focar em algo, eu precisava ocupar minha mente. Quando eu  chegava em casa exausta e cansada de passar o dia todo na rua, eu lembrava dele. Sentia falta de ouvir sua voz, sentia saudades de nossas conversas, mas me mantive forte, até o bendito domingo, ah se eu pudesse voltar atrás...

No impulso e na loucura insana de ouvir a voz dele eu liguei, mas não foi ele que atendeu, foi uma mulher que provavelmente eu não conhecia, perguntei meio receosa sobre ele e ela respondeu em um tom debochado dizendo que ele tinha esquecido o celular na casa dela, desliguei a chamada e fiquei tentando por minutos, assimilar toda situação.

E mais uma vez eu estava chorando por alguém, pensei em um bom motivo para ele ter esquecido o celular, mas não encontrei nenhum, Caralho! Será que nasci para ser traída? Que vida complicada essa minha. Olhei para minha mão direta e lá estava no meu dedo anelar a aliança de noivado, eu raramente a tirava do meu dedo.

Eu não terminei com ele, apenas me afastei um pouco, precisava voltar a me amar em primeiro lugar, queria dá espaço para ele não ficar sendo cobrado, todos os dias por mim, mas parece que ele não entendeu assim.

Liguei para Gabi contando sobre a ligação e claro que ela duvidou que ele poderia ter feito isso comigo, incrível como todos acha Tiago o perfeito da história. nesse dia eu não quiz falar com mais ninguém, não adiantaria, eu que sou a paranóica da história. Ainda era 10 da manhã e eu não aceitaria ficar em casa chorando, vestir uma roupa confortável, coloquei meu tennis de corrida e descir para caminhar, o cenário sempre o mesmo, avenida cheia, pessoas curtindo, caminhando, dançando ou apenas aplaudindo mais uma apresentação espetacular dos artistas de rua.

Começo a correr sem parar, com os pensamentos todos bagunçandos eu tento organizar a minha mente, e se não deu certo foi porque não era para ser, então né! Vamos voltar ao antigo plano lore? A opção de virar freira voltou a acupar a primeira posição outra vez.

Depois da minha caminhada passei no supermercado, é hoje que vou me acabar no pote de sorvete, afogando minha dignidade e me entupir de calorias, eu me sinto anestesiada  ainda, talvez seja tudo uma trolagem.

Jogada no sofá da sala, enfiada embaixo de um cobertor e assistindo pela milésima vez, o filme Crepúsculo, esse foi o meu Domingo, que cena deprimente, diria alguém que sabe viver a vida de verdade, mas infelizmente eu não sou essa pessoa, ainda tenho questões dentro de mim mal resolvidas. Acreditei que tinha tomado as rédeas da minha vida, mas ainda existe dentro de mim, aquela adolescente imatura, tentando camuflar seus sentimentos frustrados.

Como faço para resolver tudo isso? Como poderei me tornar uma advogada bem sucedida, se não consigo administrar minha própria vida? Será que todas as mulheres empoderadas e bem resolvidas que sigo no meu Instagram, tem momentos assim?

Quando olho para traz, eu percebo o quanto eu evoluir, mas sinto que meu processo, continua em andamento. A minha campainha toca, fecho meu caderno de anotações de pensamentos, não estou esperando ninguém, mas sou obrigada a levantar e atender.

Quando abrir a porta, lá estava ele, mas uma vez, como um dejavu, e sinceramente, dessa vez eu não sentir vontade alguma de viver a mesma cena.

- o que você faz aqui Tiago? - minha voz sai desmotivada.

- linda não faz isso comigo, deixa eu te explicar tudo, por favor. - ele diz praticamente implorando.

- entra. - dou as costas pra ele e caminho até o sofá, organizando um pouco a bagunça que eu tinha feito.

- eu te amo Lorena... eu não te trair, acredita em mim, foi tudo um mal entendido. - ele permanece em pé, sua voz sai trêmula.

- ah cara! É serio que você pegou um avião para chegar aqui e me dizer isso? não precisava se dá ao trabalho...- respiro fundo e continuo. - sabe eu pensei que só o amor basta para ter uma relação duradoura, mas me enganei.- eu fecho meus olhos para conter minhas lágrimas, mas foi inevitável.

- então você quer dizer que meu amor, não basta para você? Eu te daria a minha vida se você precisasse, eu tô trabalhando como um louco pra garantir um futuro melhor. - ele senta ao meu lado, e colocando suas mãos no rosto continua falando.- eu esqueci meu celular na casa de uma colega da faculdade, tinha ido concluir o trabalho que estávamos fazendo em grupo, mas estava tão cansado, e acabei esquecendo o celular na mesinha de centro da casa dela. - ele fala com os olhos fitando os meus.

- eu acho que você está preso a mim sabe... eu acredito em você, mas acho que nesse momento não daremos certo, eu não aprendir a ser cúmplice, eu continuo egoísta. - respiro e abro a boca várias vezes tentando terminar de falar mas não consigo.

- eu não vou conseguir viver sem você na minha vida Lorena, eu já perdi tempo demais sem você, não abandone tudo assim... lute comigo, vamos fazer dá certo.- ele passa as mãos na cabeça várias vezes, e sua voz soa triste.

- me ajude então, me ensine... não saberei como lutar, não consigo sabe. - digo e sou envolvida pelo seu abraço.

- Só serei feliz se você estiver ao meu lado, você transformou minha vida, e já passamos por tanta coisa, um vai ajudar o outro, e conseguiremos superar essa fase conturbada. - seu abraço me acalenta e acalma, suas palavras são verdadeiras e sinceras.

Eu preciso dele ao meu lado, assim como ele precisa de mim, eu sei que para dá certo, as duas partes terão que se ajustar, se encaixar e ter sintonia, assim como acontece quando fazemos amor, é dessa harmonia que precisamos.