Falível?

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Mônica e Cebola já estavam casados há quatro anos e, mesmo que ainda implicassem um com o outro com certa frequência (claro que não tanto quanto na infância), eram felizes, pois com o passar do tempo foram amadurecendo e aprendendo a resolver as diferenças como os adultos que eram. Eles não mais deixavam pequenos desentendimentos amargarem a relação deles, como acontecia constantemente durante a adolescência em que viviam em um jogo de gato e rato, sempre terminando e voltando.

Sendo ambos pessoas de personalidade forte, extrema curiosidade e alto libido, foi quase que natural descobrirem a existência e posteriormente amarem algo chamado BDSM. Para eles, as cenas não serviam somente para "apimentar" a relação, mas também para reafirmar a confiança que tinham um no outro e para terem um momento de liberdade do estresse que era corresponder ao papéis sociais de gênero esperados deles.

Aos olhos ingênuos dos amigos e familiares os dois não passavam de um casal ordinário, mas entre quatro paredes e vestidos de couro, eles eram bem mais que isso. Sobre saltos altos e com um chicote numa das mãos, Mônica se permitia dominar o marido que se deliciava com cada novo xingamento ou tapa recebido.

—Fique sentadinho aí - Mônica levantou da cama em que estava sentada esperando Cebola sair do banho e indicou o lugar que ocupara, ao pé da cama havia a roupa que o homem deveria usar naquela noite até o momento —Já sabe o que fazer - disse apontando para as roupas e dando um tapinha de brincadeira em uma das bochechas do homem que somente sorriu com o ato.

Mônica vestia um sobretudo vermelho sangue e ficou parada no meio do quarto observando atentamente Cebola se vestir.

Ele colocava cada peça devagar como se fizesse um streaptease ao contrário: primeiro foram as calças de couro preto (essas demorariam para serem vestidas de qualquer forma, pois eram deveras apertadas), depois os pesados coturnos da mesma cor e o arnês, do mesmo material da calça, com tiras que formavam um "xis" tanto no peitoral quanto nas costas do homem.

—Não esqueceu de nada não?

Cebola havia notado a presença do último objeto, mas preferiu fazer uma encenação nada convincente de surpresa ao entregá-lo para a esposa.

Mônica sorriu ao receber a coleira de couro vermelho e levar até a garganta do homem, regulando o fecho.

—Confortável? - ela perguntou e se certificou que conseguia colocar um dedo entre a coleira e o pescoço do marido quando ele acenou com a cabeça.

—Sim.

—Muito bem. - Mônica afirmou enquanto desfazia o nó que fechava o sobretudo, deixando que este caísse pelos ombros até o chão.

Cebola engoliu em seco e sentiu a calça ficar (mais) apertada somente com a visão a sua frente: Mônica estava toda vestida de preto. Ela usava um corset de couro, uma calcinha de renda conectada a meias-calças por uma cinta liga e botas também de couro com cano longo e salto agulha que deixavam os dois adultos com a mesma altura. Tudo isso era acompanhado de uma máscara de couro preta que cobria a parte superior do rosto da mulher com orelhas de coelho do mesmo material e um sorriso malicioso nos lábios vermelhos (única coisa de cor diferente) deixando a vista os dentes avantajados.

—Lembre do nosso sistema: "verde" está tudo bem e devemos continuar, "amarelo" se você precisar de um momento e "vermelho" ou nossa palavra de segurança pra parar tudo na hora e terminar a cena. Entendido?

—Entendido.

—Você lembra qual a palavra?

—Floquinho. - ele respondeu na hora. Eles sempre faziam essa "revisão" antes das cenas, tornando algo automático.

Plano InfalivelOnde histórias criam vida. Descubra agora