Devil, devil, devil

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Outro gole de whiskey e minha cabeça lateja. Eu estava sentado naquele sofá há mais de meia hora, apreciando a movimentação constante das pessoas enlouquecidas e mexendo a cabeça, vez ou outra, no ritmo da batida eletrônica que tocava alto. O ambiente abafado e embalsamado pelo cheiro forte de bebida me deixava sufocado, abrindo apenas os três primeiros botões da camisa que vestia e levantando as mangas até os cotovelos, uma gota de suor escorrendo pela testa.

Suspiro. O dia havia sido cansativo e nada me fazia melhor do que estar ali. Não pelo barulho irritante e ensurdecedor ou pela quantidade de pessoas sedentas por sexo que vinham atrás de mim, mas por um único e especial motivo: Park Jimin.

Ele era um dançarino da boate, se apresentava mais para o meio da noite e arrancava suspiros de todos os presentes com o seu rebolar viciante, principalmente, suspiros meus. Ele era lindo, o corpo formoso e com magníficas curvas me deixavam insano. Os cabelos eram pretos e quase lhe tapavam os olhos felinos, contrastando com os lábios róseos e carnudos, parecendo tão macios que, a cada noite, a minha ganância para tê-los nos meus somente aumentava.

As suas apresentações não poderiam ser descritas menos do que inesquecíveis. Ele parecia saber escolher a música certa para me enlouquecer, remexendo o quadril conforme o ritmo sensual da melodia e deslizando as mãos bonitas pelo corpo gostoso, mantendo as orbes castanhas em minha direção durante todo o tempo.

Ele gostava da atenção que recebia de todos aqueles idiotas, bêbados e loucos demais para perceberem a quantidade de dinheiro que jogavam no palco, gritando e pedindo por mais do moreno. Porém, eu sabia que era o único que prendia a sua atenção, o único que fazia ansiá-lo por mais uma apresentação, o único capaz de lhe deixar tão insano quanto eu ficava com os seus movimentos. Ele fazia questão de rebolar lentamente, prendendo o lábio inferior com os dentes e tocando o peitoral magro com as mãos, contorcendo o rosto em expressões sensuais e completamente impuras, me fazendo imaginar o pior de si.

Jimin era promíscuo e sabia disso. Pior, ele amava ser assim. Gostava de causar as mais terríveis sensações nas pessoas, dançando e encantando a todos com os seus movimentos certeiros, sorrindo de canto sempre que ouvia as vozes se exaltarem e gritarem por mais. Eu adorava aquilo, ele me deixava insano e eu sempre pedia por mais, mesmo sabendo que jamais poderia tê-lo como eu queria, nos meus lençóis e gemendo para mim. Ele era um dançarino, afinal, não podia se envolver com os clientes da boate, seria demitido na hora. As regras eram claras: nenhum dos dançarinos era um prostituto ou algo assim.

Mas eu não era um homem que desistia fácil. O moreno sabia que eu tinha um enorme interesse em si, eu não era nada discreto em relação a isso e sempre demonstrei o que sentia. Desde que eu o vira pela primeira vez, dançando "Own it" com apenas uma calça de couro justa e nada mais, fiquei totalmente encantado e comecei a ir à boate frequentemente, apenas nos dois dias em que ele se apresentava. Eu ficava apenas sentado no sofá mais ao fundo ou então no bar do local, bebendo alguns copos de whiskey e ansiando pelo melhor momento da noite.

Eu já estava ficando fatigado, o meu coração começava a acelerar com a crescente ansiedade conforme o passar dos minutos. O relógio marcava exatas 2 horas da manhã, o público já se aglomerava próximo ao palco e as luzes diminuíam a intensidade, formando apenas uma penumbra azulada enquanto uma sombra caminhava lentamente pela pista.

Sorrio e bebo outro gole. Eu reconheceria aquelas curvas em qualquer lugar, os cabelos pretos e brilhantes em conjunto com a calça apertada e o espartilho de mesmo tom de seus fios, o caminhar lento e suave sendo feito nas pontas dos pés, quase como se valsasse enquanto andava até a frente do palco. Ele me encarava fixamente, um sorriso oblíquo aparecendo em seus rubros e vulgares lábios, as íris castanhas cintilando em contato com a luz azulada.

The devil you know | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora