minha barbie

14 1 0
                                    

Nasci às 10 horas da noite e, por isso, minha família criou a tradição de me dar parabéns pela data somente depois desse horário. Não era meu ritual favorito, afinal, nenhuma criança gosta de esperar por coisas boas, mas eu não fazia drama. Quando completei 6 anos, em 1998, o dia começou de acordo com o hábito. Levantei e, dispostos a esperar até a noite, nenhum dos meus familiares me felicitou.

Mas, diferentemente dos outros aniversários, naquele passei o dia angustiada e ansiosa. Para piorar, comecei a sentir uma dor muito forte nas costas. Eu era uma criança saudável e feliz, não tinha o menor precedente para esses sintomas. Preocupados, meus pais decidiram então romper a tradição e adiantaram a comemoração para que eu pudesse descansar. Fizemos uma festinha no fim da tarde e fui dormir cedo.

No meio da madrugada, acordei de repente. Passei a sentir dores intensas nos braços, nos pés e no pescoço. Aquilo era muito estranho e assustador e meu primeiro impulso foi me levantar para chamar minha mãe. Mas, quando tentei fazer isso, percebi que os membros estavam presos à cama. Olhei para baixo e vi, na penumbra, cobras enroscadas nas minhas pernas, nos pulsos e no pescoço.

Eu tinha uma Barbie, presente de aniversário de 3 anos, que adorava. A boneca ficava na prateleira em frente à cama. De repente, vi que ela começou a flutuar na minha direção, sem que nada ou ninguém a segurasse. Quanto mais se aproximava, mais eu podia ver que seus bracinhos finos estavam derretendo, mesmo sem haver fogo. A visão me causou um susto tão grande que acredito ter desmaiado nessa hora.

No dia seguinte, de manhã, fui até o espelho e vi que tinha uma marca vermelha forte em volta do meu pescoço. Olhei para os punhos e, ali também, algo parecia errado. Nas pernas, havia vergões como se eu tivesse sido amarrada por cordas apertadas. Procurei minha boneca e a encontrei no chão, em frente à minha cama. Quando cheguei mais perto para pegá-la, vi os braços da minha querida Barbie meio deformados. Estavam derretidos.

Saí correndo, chamei minha mãe e mostrei a boneca. Ela, que, assim como eu, é sensitiva, aceitou meu apelo para jogar a Barbie fora. Assim que ela deu o o.k., enterrei o brinquedo na lata de lixo. Naquele mesmo dia, minha mãe levou minha cama para a sala de estar e instalou meu quarto ali. Não ajudou muito. Passei a noite no meu "novo" quarto, mas acordei com a sensação de não ter descansado nem um minuto. Ainda sentia a dor nas costas. E o pior, ainda viveria outros episódios macabros com meus brinquedos."

ContosOnde histórias criam vida. Descubra agora