Gluph... Gluph... Gluph...
'Essa droga chuva tinha que cair justo hoje?' Clarissa questionou dentro de si, irritada ao relembrar pela décima vez naquele dia em que justamente no final de semana em que ela passaria um tempo na casa de seu pais que moram a quase meia milha de distancia, vem uma tempestade importunente para lhe atrasar com seus alagamentos e rodovias fechadas.
Clarissa mora em uma cidade distante de Nova York, em um pequeno bairro de Michigan. Afastada da grande civilização como seus amigos dizem. Sua mãe, pai e Irmão mais novo vivem em uma grande casa no centro de um pequeno bairro chamado Lost-Ville, e ela como de costume se desloca em época de natal para visita-los por um tempo.
Mas a parte mais desanimante nisso tudo era o percurso. Clarissa sempre teve que pegar três ônibus para em seguida percorrer 5 km de caminhada em terra lisa e depois mais um ônibus que lhe traria até a esquina da casa de seus pais. Mas o incômodo se tornava ainda maior com a chuva que despencava sobre sua cabeça.
Lost-Vill sempre foi um local seco, sem muita previsão de chuvas ou humidade em tempos frios. Mas parece que quando finalmente Clarissa decide checar o tempo para sair de casa em viagem, a previsão lhe engana descaradamente com uma bomba d'água sobre sua cabeça.
- Hurg, fala sério!? - Clarissa reclama após outro carro passar por ela sem parar.
Já fazia 1 horas que ela estava em frente a uma parada de ônibus, molhada, e com frio sem sinal algum da bendita lata velha gigante. Seus saltos escarpam preto já estavam encharcados de tantos veículos que passaram com suas rodas ligeiras sobre poças de água na estrada lhe lançando respingos sobre os pés.
Ela não imaginava que estaria tão frio, trouxe apenas roupas de tecido fino que não lhe protegeria quase nada das temperaturas geladas que se estenderia nas próximas semanas.
O que estava sobre seu corpo era apenas uma blusa branca simples, uma jaqueta de couro preta fina e jeans escuros. Simples mas nada pratico pra uma viagem tão cansativa e longa como essa.
Sua única opção foi estender o braço e implorar para que algum carro lhe concedesse uma carona.
Clarissa sabia dos riscos mas mesmo assim preferia não esperar por mais uma hora até o ônibus chegar. Logo iria anoitecer e tudo que ela menos queria era estar sozinha, desprotegida e cansada em meio a uma estrada vazia e escura.
Mas ela estava com azar de mais. Nenhum carro lhe dava um sinal de parar, e por mais que certos veículos nem fossem de seu interesse de embarcar, as opções estavam curtas e ela queria chegar na casa de seus pais o quanto antes, pelo menos até o jantar.
Ao seu lado estavam duas malas vermelhas, uma grande e outra média. Onde estavam suas roupas, sapatos e pertences higiênicos. Uma bagagem leve para uma viagem de quase 2 semanas.
Clarissa prestava atenção no transito até que finalmente vê um carro se aproximar com seus grandes faróis ligados ofuscando sua visão.
'É a minha chance' ela pensou. Seus cabelos ruivos voavam com o forte vento gelado que atingia seu corpo vindo da direção do carro escuro que se aproximava.
Ela se aproximou mais da estranha, bem na borda da calçada e esticou seu braço em forma de aceno. Por dentro ela torcia para que o motorista parasse, mas em partes vinha o medo de quem quer que esteja dirigindo.
O carro era negro, super moderno e vinha rapidamente com seus faróis azulados ligados. Suas esperanças estavam a um fio, e quando ela achava que o motorista passaria direto por ela sem lhe dar a mínima, para sua surpresa ele freia subitamente em sua frente.
Seu coração acelera e o medo lhe atinge como um soco no estomago. Lost-Vill não era um dos lugares mais seguros e Clarissa sabia que poderia correr o risco de pedir carona a um desconhecido extremamente perigoso.
