Cap. 1

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Lúcio acaba de adentrar em seu escritório, atrasado para começar um dia longo no trabalho, ele sabe que o dia será cheio, mas mesmo assim não teve outra escolha porque Ravi estava só lhe dando dores de cabeça. Seu pequeno filho Ravi não é muito adepto a passar horas com suas babás, ao invés de seu pai, mas, por outro lado, Lúcio não deseja que o filho passe pelas dificuldades que ele passou quando era bem novinho, passando até mesmo fome devido à pobreza na qual vivia quando tinha por volta dos 17 anos.
— Bom dia, senhor Lúcio. — diz Margaret, a secretária dele.
— Bom dia, Margaret.
— Devo confirmar sua reunião na parte da tarde?
— Sim, por favor. Obrigado!
Assim Margaret assente e logo depois disso, Lúcio se vai pelos corredores e chega em sua sala, sendo o CEO de mais sucesso no ramo de advocacia, ele não pode deixar de comparecer a nenhuma reunião e muito menos se dar ao luxo de trabalhar em casa, por causa de Ravi. A Almeida Advocacia só funciona com Lúcio, desde muito jovem ansiava pela vida boa, uma vida que pelo menos lhe trouxesse conforto, mas aos poucos, viu seu pequeno negócio crescendo e não teve escolha a não ser seguir o curso natural das coisas, que foram aos poucos melhorando, e de repente, jornais queriam entrevistas, fotógrafos queriam fotos dele, e queriam saber o seu segredo para chegar tão longe em tão pouco tempo. Mas o que quase ninguém sabia era que Lúcio era uma pessoa determinada, e que mesmo que fracassasse várias vezes, ele não iria parar de tentar até que alcançasse seu objetivo.
Até que num belo dia, numa festa onde muitos negociadores estavam presentes, conheceu a mãe de Ravi, Márcia.

“Era uma festa de gala e Paulo, um grande amigo de Lúcio, o convidou para ir, já que o mesmo estava tentando chamar a atenção dos investidores e quem sabe Lúcio não sairia dali com um bom empréstimo ou um sócio, que o ajudasse a tomar conta dos negócios. Ele tinha entrado num pequeno curso introdutório sobre como gerir uma microempresa e sempre que via cursos gratuitos, se inscrevia em todos para assim ir obtendo cada vez mais conhecimento. A princípio, Lúcio não queria ir, mas assim que chegou no bar, tudo valeu a pena. Uma mulher vestida num vestido dourado e preto lhe chamou muita atenção, e Márcia também estava se sentindo muito atraída por ele, só o observando do outro lado, com uma taça de vinho na não, sua postura mostrava claramente seu interesse por ele. E foi assim que ficaram um bom tempo, apenas se encarando, até que ele notou que ela ia se levantar, então decidiu ir até lá, falar com ela.
— Boa noite. — disse com uma voz sedutora.
— Boa noite. — respondeu ela o olhando de cima a baixo, deixando seu desejo por ele transparecer.
— Muito prazer, me chamo Lúcio. — disse e estendeu a mão pra ela.
— Prazer, Márcia.
— Eu te vi de longe, e vi que você é muito bonita. Queria saber se podíamos sair qualquer dia desses? — ele perguntou aguardando uma resposta. Márcia sorriu pra ele, o olhando de cima a baixo, pensando que ele era um homem bem-sucedido e após concordar com a cabeça, lhe passou o seu número de telefone.”

Mas com o tempo em que iam se conhecendo, ela descobriu que ele era novo nesse ramo, mas mesmo assim, a conexão que estavam criando cada dia ficava mais forte e isso a impediu de se afastar dele, levando a um namoro tranquilo e calmo, depois ao noivado e por fim, ao casamento. E depois desse dia as coisas nunca mais foram as mesmas, enquanto Lúcio tentava alcançar cada vez mais sucesso, Márcia se tornou uma mulher possessiva e ciumenta, e Lúcio já não estava mais aguentando aquilo, então as brigas ficaram cada vez mais frequentes, até que ele decidiu pedir divórcio, mas foi surpreendido pela notícia que mudou totalmente o rumo da sua vida.
— Você não pode se divorciar de mim! Eu te amo. — disse Márcia.
— Isso não é um motivo tão válido pra não me divorciar. Amanhã mesmo já entro com o pedido dos papéis.
— Você quer um motivo válido? Eu estou grávida! — diz com os olhos cheios de lágrimas.
— O quê? — Lúcio diz incrédulo.
— É, eu descobri hoje de manhã, então você não pode se divorciar de mim. — ela falou se aproximando dele, que estava ainda tentando processar a informação.
— Eu…eu nem sei o que dizer… — disse sentindo seus olhos começarem a se encher de água.
— Nós vamos ser uma família de três. — disse ela colocando as mãos em volta do rosto de Lúcio e o beijou, e ele correspondeu, envolvido no sentimento de que não podia abandonar sua mulher agora grávida.
Os meses de gestação foram tranquilos, Márcia já não estava mais ciumenta e possessiva, e os negócios de Lúcio crescendo, até que o pequeno Ravi nasceu e com isso, as brigas voltaram a ficar frequentes, e com o passar do tempo, dessa vez, Lúcio não pensou duas vezes e entrou com o pedido de divórcio e também com o pedido de que a guarda definitiva de Ravi ficasse com ele, comprovando que sua mãe não saberia cuidar bem das necessidades dele, devido ao seu desequilíbrio emocional. E depois de muita luta na justiça com a mãe, Lúcio conseguiu a guarda do filho e pode respirara aliviado de saber que o juiz havia tomado a decisão certa.
Mas Ravi já não era mais um bebezinho quando isso tudo aconteceu, e Lúcio pensava que tudo aquilo não tinha afetado ao filho, mas Ravi foi se tornando cada dia mais uma criança rebelde e desobediente, Lúcio percebendo isso, começou a tentar suprir sua falta e a falta da mãe com presentes caros e todo tipo de tecnologia, fazendo com que o comportamento de Ravi piorasse ainda mais, por mimá-lo demais. E desde então, Lúcio tem lidado com uma tarefa muito difícil, a sua procura por babás que possam de fato acalmar o temperamento do filho para que ele possa trabalhar em segurança e sem interrupções.

[...]

Por volta das 15:00, prestes a iniciar sua reunião, Lúcio pega o telefone para dar uma checada em casa.

Mensagem para Fernanda…

Oi, Fernanda. Estou mandando mensagem para saber se está tudo certo por aí…

Oi, senhor Lúcio. O Ravi acabou de dormir, então está tudo tranquilo.

Que bom. Vai me dando notícias de vez em quando. Vou estar numa reunião agora, mas meu celular está ligado!

Pode deixar, senhor.

Nisso, eles param de trocar mensagem e Lúcio fica pensativo sobre tudo aquilo que a babá disse, pois seu filho Ravi não costuma dormir a tarde, então ele abre seu aplicativo de câmera espiã, e vê algo que nenhum pai gostaria de ver, a imagem na câmera mostra Fernanda dando um sonífero para o menino, misturado no leite. Lúcio fica enfurecido diante da cena, mas é pego de surpresa por Margaret, que aparece em sua sala pra lhe avisar que a sala de reuniões está pronta.
— Senhor Lúcio, vim informar que a sala de reuniões já está preparada. — diz Margaret com um pequeno sorriso.
Margaret era secretária de Lúcio desde quando ele começou a ganhar mais fama, ela tinha por volta de 30 anos, era branca, tinha os cabelos pretos com mechas de luzes puxadas para o platinado, um corpo escultural, mas era casada, então Lúcio sequer olhava pra ela.
— Obrigado, Margaret. — diz Lúcio tentando não transparecer sua raiva.
— O que aconteceu? O senhor está com um semblante… — pergunta Margaret.
Pelos anos que se conheciam, já tinham intimidade pra falar de assuntos fora do trabalho.
— Não é nada de mais, eu vou demitir uma babá hoje. Você acredita que ela teve a audácia de dar um sonífero pro meu filho? — disse ele, indignado, levando as mãos na nuca, e apertando-a.
— Meu deus, quanta crueldade com um menininho. — diz ela, levando a mão a boca.
— Eu sei que meu filho não é a criança mais quieta e comportada do mundo, mas dar sonífero pra ele passou dos limites.

Uma Babá Para RAVI Onde histórias criam vida. Descubra agora