As 3 Crises Sem Precedentes dos Goopianos

O Maior e Mais Importante Julgamento do Universo

            Há, em algum ponto do universo, uma raça de pequenos seres chamados goopianos. Eles vivem há milhares de anos-luz da Terra, onde habitam seres vivos feios e estranhos conhecidos como humanos, tidos por outras espécies inteligentes como fedorentos, metidos, irracionais e mais parecidos com pragas do que mamíferos. Mas isso não vem ao caso agora. Os goopianos vivem em um planetinha pequeno chamado Andrax 4.2. E, como seu nome sugere, os goopianos são pequenas gosmas verdes com um grande olho amarelo no centro da cabeça, normalmente adornada de pequenos tentáculos — que variam em quantidade e formas, e é o maior atrativo masculino da espécie.

            Agora, você deve estar pensando: como esses seres conseguiram sobreviver e até mesmo prosperar por milhões de anos? Bom, eu explico: acontece que os goopianos são muito inteligentes. Uma vez que não era uma espécie guerreira, começaram a construir armas de destruição em massa. Começaram com bombas, e isso é bem óbvio. Mas não faziam muito estrago, conseguiam destruir apenas um continente, no máximo dois, dependendo do tamanho. Então criaram bactérias inteligentes para causar todo tipo de doença em seus oponentes. Foi uma era gloriosa, por séculos os goopianos dizimaram planetas sem destruí-los, ficando com seus recursos. As doenças eram as mais variadas: tinha a diarreia crônica visceral, que fazia os infectados evacuarem seus próprios intestinos; a malária bubônica petrônia; a medulite aguda ceifadora, entre outras. Mas, com o tempo, doenças perderam a graça. Foi então que os goopianos criaram a bomba de gravidade, com poder suficiente para explodir um planeta inteiro. Em um segundo estava lá, no outro não estava mais. O problema foi quando essa arma, altamente destrutiva, perdeu a graça...

            — Então vamos começar o julgamento! — Gritou o juiz, fazendo sua voz soar por cima de todas as outras. Seu nome era Kunge III, o rei de toda Andrax 4.2, e também o juiz de todas as questões. Era proveniente da espécie Goopiano Real: flutuava, seu corpo era esférico, ainda que continuasse uma gosminha verde, mas seus tentáculos tinham o formato de uma coroa. — Aproxime-se, Cientista 7.

            O Cientista 7 — ele tinha um nome de batismo, mas não importava tanto agora — aproximou-se do rei, como ordenado. Ele havia criado um novo tipo de arma, e agora estava ali para o julgamento, bem como lhe fora solicitado assim que mostrou ao mundo a nova invenção. E que poder aquela belezinha tinha!

            — Descreva diante de todo júri sua invenção — Kunge III ordenou.

            — Senhor, sem querer faltar com o devido respeito, mas creio que isso seja irrelevante, uma vez que todos conhecem a procedência, forma, textura, cheiro e até mesmo, atrevo-me a dizer, o gosto de minha arma — respondeu.

            Aqui eu gostaria de deixar uma curiosidade: os goopianos não possuem boca. Quando desejam se alimentar, envolvem o alimento com o corpo e o dissolvem. Quando querem namorar... bom, melhor pular essa parte, certo? Quando falam, seu pequeno cérebro, capaz de feitos tão extraordinários, e normalmente invisível, se ilumina por detrás de seu único olho, o que dá um efeito muito interessante. Imagine uma sala escura repleta de goopianos discutindo, todos falando ao mesmo tempo. Coloque uma música agitada e terá a melhor festa de todas!

            — Não cabe a você decidir no lugar do rei e juiz! — Gritou, irritado, Kunge III, o magnânimo. — Agora fale.

            Cientista 7 suspirou — sim, eles suspiram.

            — Muito bem, senhor, como ordenado. Eu chamei a minha arma de Gerador Anti-M7, por ser um gerador de antimatéria. Até aí, ele não teria nada de novo ou especial que valeria esse julgamento — comentou prontamente. — O que vale ressaltar é a peculiaridade desta arma: ativada pela explosão de uma Bomba Destruidora de Planetas e Luas, — ou BDPL, a bomba citada anteriormente, aquela criada antes do Gerador Anti-M 7 — ela gera uma entropia tal que começa a absorver matéria do universo e liberá-la na forma de antimatéria na mesma velocidade. Estima-se que uma vez o gerador ligado, o universo seria inteiramente consumido e posteriormente destruído em questão de horas, no máximo um dia — concluiu.